Muitas jogadoras tem Marta como ídola.
Giovana Queiroz, porém, também a tem como companheira, e após receber a sua primeira convocação para a seleção brasileira, como colega de quarto.
"Na lista, nós temos Marta e Giovana Queiroz. Uma jogadora famosa e experiente, e do outro lado, o futuro do time," comentou a treinador da seleção, Pia Sundhage, em outubro, na primeira convocação de Gio, ainda uma adolescente."
"Estou empolgada, ela é um grande jogadora, atua por um time do tamanho do Barcelona e vai poder aprender na seleção. É uma grande oportunidade poder jogar com alguém como Marta."
Nove meses depois e Gio é a segunda jogadora mais jovem a atuar no torneio feminino das Olimpíadas de Tóquio. 25 anos mais nova, inclusive, que Formiga, sua companheira na seleção e atleta mais velha convocada.
É o caminho dos sonhos para a atacante, que comemorou seus 18 anos neste último mês de junho. Mas não era o único caminho que a jogadora poderia ter tomado.
Nascida no Brazil, Gio se mudou para os Estados Unidos com quatro anos, e para a Espanha com 11.
Lá, atuaria pelas categorias de base do Atlético de Madrid, treinada pela capitã dos profissionais, Amanda Sampedro, antes de estrear pelo Madrid CFF.
Assim, Gio foi ganhando fama e expectativa, ao passo que recebeu três propostas muito atrativa para o futebol de seleções.
Gio teve um gostinho de cada uma das seleções - vencendo um torneio de base com os Estados Unidos em 2019, marcando um hat-trick contra eles alguns meses depois com a Espanha e marcando pela seleção brasileira sub-17 em um amistoso com a Áustria.
No final, escolheu representar o país onde nasceu, e desde então, vem repetidamente utilizando a palavra "sonho", seja como referência à escolha pela seleção brasileira, por jogar com Marta, uma de suas maiores heroínas - seu outro grande ídolo é Lionel Messi. Segundo ela, o craque "deveria também ser brasileiro", como brincou em entrevista ao Marca.
"No Brasil, me mostraram que realmente confiam em mim, e isso é muito importante para uma jogadora," explicou.
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Já existem muitas expectativas ao redor de Gio por algum tempo - tendo feito sua estreia como profissional com 15 anos em Madri, isso não é um choque para ninguém.
Ela deixou o clube para assinar com o Barcelona na última janela, com os catalães até mesmo chegando a pagar por sua contratação. Enquanto transferências já costumam ser comuns no futebol feminino hoje em dia, especialmente na Espanha, é mais um indicador de seu nível de talento.
Não foi, porém, a primeira temporada dos sonhos na Catalunha para a jovem: Gio não conseguiu atuar com regularidade pelo time principal.
Após sofrer com lesões no início da temporada, passou a maior parte do tempo no time B, atuando pela segunda divisão espanhola e se adapatando ao estilo de jogo do Barcelona.
Atuando tanto como ponta, tanto como atacante central, aparenta ser mais criativa pelos lados de campo. De qualquer jeito, terminou muito bem a temporada e foi convocado para as Olimpíadas com méritos.
“No final, começou a jogar mais e em um nível melhor, mas no começo, atuou muito pouco," conta Xavi de la Ossa, que cobre futebol feminino na Catalunha, para a Goal. "Gio é uma jogadora muito veloz e ganhou muita força física. Tem muita habilidade com a bola nos pés e é inteligente ao extremo."
"Acho que esse ano foi muito bom para ela aprender o estilo de jogo do Barcelona. Na próxima temporada, se ficar, deve subir aos profissionais e jogar regularmente. Já aprendeu tudo que poderia aprender, o nosso estilo de jogo, agora é a hora de mostrar para Jonatan Giraldez, o técnico do time de cima, de que está pronta."
"É muito difícil jogar pelo time B de um clube como Barcelona, existe muito talento. O nível de competição só sobe ano a ano. Não é fácil para jogadoras como a Gio, mas se você quer chegar ao topo, precisa estar pronta para situações assim."
Passando suas férias em ambiente ultracompetitivo, junto de algumas das maiores jogadoras da história do esporte deve preparar Gio para tal desafio.
"Você pode imaginar ter Formiga e Giovana no mesmo time ao mesmo tempo trocando passes?" Sundhage afirmou em um entrevista coletiva em 2020, empolgada com a experiência que a jovem vai adquirir atuando pela seleção brasileira.
"É algo muito legal para mim. Mostra o futuro do Brasil e tudo que alcançamos até hoje."

