Gustavo Scarpa(C)Getty Images

Especialista financeiro avalia caso de Gustavo Scarpa e desaconselha criptomoedas

O escândalo protagonizado por Willian Bigode, Gustavo Scarpa e Mayke, que veio à tona durante a semana passada, virou os holofotes para uma discussão relevante no futebol: como os jogadores investem o patrimônio? A GOAL conversou com Marcelo Claudino, CEO e fundador da TopSoccer, empresa que gere investimentos de atletas, para falar sobre o assunto.

O especialista em finanças trabalha com 97 clientes, entre atletas, treinadores, ex-jogadores e empresas ligadas ao esporte. A lista é recheada de grandes nomes e ostenta atletas como os goleiros Rafael e Santos, o lateral direito Rodinei, o lateral esquerdo Renê, os zagueiros Fabrício Bruno, Maurício Lemos e Rodrigo Caio, os meio-campistas Willian Arão, Raphael Veiga (foto abaixo), Lucas Silva, Matheus Henrique e Mateus Vital e o atacante Alerrandro.

Raphael Veiga, do Palmeiras, nas quartas de final do Paulistão 2023Cesar Greco/SE Palmeiras

No bate-papo com a reportagem, Claudino revela que já teve que conversar com os atletas sobre investimentos em criptomoedas e suspeitas de pirâmide financeira — de acordo com o profissional, ele aconselha que seja aportado até 1% do patrimônio do atleta em criptomoedas.

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"Quando o cliente resolve investir em ativos digitais, a gente aconselha investir até 1% do patrimônio. É uma regra que a gente usa aqui. Por quê? O ser humano tem aversão à perda, mas ao mesmo tempo, uma disposição para o risco. É o que a gente chama de finanças comportamentais. A gente fica muito feliz quando acha R$ 10 na rua, mas fica muito triste quando perde R$ 10. Marcelo Claudino alerta ainda para as possíveis fraudes. No caso de Willian Bigode, Gustavo Scarpa e Mayke, foram oferecidos retornos entre 3% e 5%, o que ele considera algo elevado para o mundo financeiro.

"Num mercado regulado hoje, com pouco risco, a gente consegue ter um ganho razoável, porque nossa taxa básica de juros é de 13,75%. Geralmente, as pirâmides financeiras, as fraudes vão te oferecer ganho de 3%, 5% ao mês. Isso não existe em um mercado regulado. Não tem segredo, é diversificar patrimônio. As criptomoedas são muito voláteis, no ano passado, por exemplo, o Bitcoin caiu 75%, mas já havia subido muito em anos anteriores. A moeda digital não é lastreada em nenhum outro ativo", avaliou.

"Não existe segurança se esse sistema falhar. O grande problema do Bitcoin é essa variação que acontece na economia mundial. Isso atrapalha muito a rentabilidade do bitcoin, e o ativo fica muito volátil. A rentabilidade é muito difícil de se prever", completou.nde que o investimento é um processo gradual, que leva tempo", comentou em conversa com a GOAL.

"O caso das criptomoedas é um mercado que a gente não apoia, não reconhece como um mercado 100% estabelecido. Existem outros tipos de tecnologia também. Esse sistema prega a descentralização dos investimentos. O que é isso? Ter uma alternativa de investimento que não está sujeita a carga de impostos e não é afetada pela inflação. Então, com isso, você cria um sistema paralelo ao sistema financeiro tradicional. Isso facilita muito a ocorrência de fraudes e de lavagem de dinheiro. Já se avançou bastante na regulamentação da criptomoeda. O Brasil é um dos mais avançados quanto a isso, mas acontece que o próprio sistema facilita a ocorrência de fraude e lavagem de dinheiro. É um sistema não regulado pelas instituições", acrescentou.

Marcelo Claudino alerta ainda para as possíveis fraudes. No caso de Willian Bigode (foto abaixo), Gustavo Scarpa e Mayke, foram oferecidos retornos entre 3% e 5%, o que ele considera algo elevado para o mundo financeiro.

Willian Bigode Palmeiras Novorizontino Paulista 07042017Fabio Menotti/Ag Palmeiras/Divulgação

"Num mercado regulado hoje, com pouco risco, a gente consegue ter um ganho razoável, porque nossa taxa básica de juros é de 13,75%. Geralmente, as pirâmides financeiras, as fraudes vão te oferecer ganho de 3%, 5% ao mês. Isso não existe em um mercado regulado. Não tem segredo, é diversificar patrimônio. As criptomoedas são muito voláteis, no ano passado, por exemplo, o Bitcoin caiu 75%, mas já havia subido muito em anos anteriores. A moeda digital não é lastreada em nenhum outro ativo", avaliou.

"Não existe segurança se esse sistema falhar. O grande problema do Bitcoin é essa variação que acontece na economia mundial. Isso atrapalha muito a rentabilidade do Bitcoin, e o ativo fica muito volátil. A rentabilidade é muito difícil de se prever", completou.

Mas então qual a indicação da TopSoccer aos atletas para os investimentos? Marcelo Claudino explica que, no Brasil, não há muitos segredos: "Geralmente, como o Brasil ainda possibilita taxas de juros reais, acima da inflação, a gente não precisa ser tão agressivo quando a gente fizer o planejamento do atleta. O próprio tempo vai fazer com que o dinheiro se multiplique. A gente privilegia o investimento em renda fixa, empresas que têm alto grau de confiabilidade. A gente busca proteção na economia americana, com pequena parte do patrimônio investida no exterior em função do risco que a gente tem no Brasil".

"Os atletas e as celebridades são os principais alvos de fraudadores e de pessoas que operam pirâmides financeiras, porque eles têm popularidade, são pessoas públicas, e o atleta, ao falar do investimento, acaba endossando, tendo força e fala muito grande. A gente sabe que é comum a oferta do investimento em criptomoeda. A gente avalia, pesquisa as empresas, fala sobre os riscos e adverte os atletas. Felizmente, a maioria dos nossos atletas nunca esteve envolvida em pirâmides. Alguns atletas decidiram investir, mas felizmente não perderam muito dinheiro", concluiu.

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