Luis Enrique Selección EspañaGetty Images

Espanha de Luis Enrique encantou pela evolução, e não revolução

Header Tauan Ambrosio

Quando a Espanha foi eliminada pela Rússia, nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2018, o foco principal das críticas foi direcionado ao estilo de jogo. Os mais de mil passes (foram 1115, recorde absoluto no torneio) não decidiram no empate por 1 a 1 que levou a classificação para os pênaltis. Longe disso.

Mais artigos abaixo

O jogo de troca constante de passes e valorização da posse de bola até encontrar a melhor oportunidade para a finalização, que ajudou os espanhóis nas conquistas de duas Eurocopas e um Mundial, foi apontado como um dos maiores culpados da queda. Afinal de contas, era realmente muito chato ver o time girar entre si a esfera sem conseguir encontrar uma forma de finalizar as suas jogadas.

Bater na ideia do jogo focado na posse de bola ficou mais fácil depois que a França sagrou-se campeã justamente com um futebol mais defensivo, aproveitando os contra-ataques. O 'reativo' é a tendência atual, e isso é um fato. Mas não quer dizer que outros estilos não possam dar certo. Os dois primeiros jogos da Espanha comandada agora por Luis Enrique deixaram isso claro.

O treinador asturiano chegou para a vaga de Fernando Hierro, que por sua vez ocupou interinamente o lugar de Julen Lopetegui, demitido dias antes da estreia na Copa. Atual técnico do Real Madrid (no acerto que motivou a sua saída da seleção nacional), Lopetegui já vinha ajustando o estilo de jogo espanhol: mantendo a característica que tanto havia dado certo, mas também deixando o time mais direto. Após a sua saída, o que se viu nos gramados da Rússia foram atletas extremamente habilidosos perdidos pela falta de comando. Foi o que decretou, em última instância, a eliminação.

Isco Alarcon España Croacia Spain Croatia UEFA Nations League 11092018Em dois jogos, foram 8 gols marcados e apenas um sofrido (Foto: Getty Images)

Isso não quer dizer que o modelo espanhol não precisasse de uma evolução. Por isso a escolha de Luis Enrique foi um grande acerto (como já havíamos dito aqui!). Quando chegou ao Barcelona, em 2014, o asturiano não precisava fazer uma revolução na equipe catalã. Mas a fez evoluir e entrou para a história vitoriosa do clube especialmente em seu primeiro ano, quando conquistou a Tríplice Coroa europeia (Champions League + Copa nacional + campeonato nacional).

Na seleção espanhola, a missão era a mesma: evolução, não revolução. Afinal de contas, além de serem extremamente habilidosos, os jogadores conhecem e sentem-se confortáveis com a bola nos pés. A característica do grupo dita a melhor forma de se construir uma equipe, mas Luis Enrique precisava (e seguirá precisando) de resultados. Eles vieram contra duas equipes que tiveram destaque na Copa do Mundo.

Contra a Inglaterra, em Wembley, a vitória por 2 a 1 veio com as mesmas 11 finalizações dos britânicos e posse de bola de 54.8% (631 passes distribuídos). Na goleada de 6 a 0 sobre a Croácia, vice-campeã do Mundo, foram 16 finalizações entre 832 passes e 70.6% do tempo com a esfera nos pés. É por isso que a Espanha de Luis Enrique encantou logo de cara nos jogos da UEFA Nations League: usou o melhor de sua característica, agradou e venceu. Respeitando o que tem de melhor, mas sem deixar de olhar para a frente.

Publicidade