Rodrygo é a ameaça ao sonhos de Liga dos Campeões do Manchester City

Rodrygo foi, por muito tempo, vítima da dependência do Real Madrid em sua ala esquerda. Segundo o The Athletic, 44% dos ataques da equipe são pela esquerda, com destaque para dupla Vinícius Júnior e Benzema. Tem sido uma estratégia impactante, suficiente para Vinicius marcar 20 gols e 20 assistências em todas as competições.

Mas, muitas vezes, sacrifica os interesses do ponta direita, tentando se contentar com apenas 30% das jogadas do Real Madrid. Seja Valverde ou Rodrygo, o selecionado dessa posição é considerado altruísta. Ele tem que fazer as corridas certas e, ocasionalmente, se expressar. Haverá algumas chances, mas no final, a bola vai predominantemente para o outro lado.

E sob esse sistema, tem sido difícil para Rodrygo se destacar. Uma contratação de muito dinheiro com enorme potencial como goleador e jogador criativo, seus números não estavam à altura de suas primeiras temporadas na equipe. Ele marcou apenas três vezes em La Liga nas duas primeiras temporadas, sem oportunidades e ocasionalmente desperdiçando a posse de bola.

Este ano, porém, ele assumiu o papel com mais eficiência. Rodrygo ainda tem menos posse de bola que o compatriota brasileiro na outra ponta, mas usa com mais inteligência. Sua tomada de decisão está mais apurada, enquanto sua precisão de passe está entre as melhores do mundo em sua posição.

"Não tenho mais muito o que fazer, só continuar fazendo as coisas boas que estou fazendo, continuar trabalhando a cada dia, continuar melhorando... Vejo que estou melhor a cada ano que passa, a cada temporada que estou evoluindo", disse Rodrygo à GOAL, em fevereiro.

Rodrygo, apesar de atuar no lado direito, se esforçou para se tornar quase intocável no time de Ancelotti, especialmente na Liga dos Campeões. Tudo começou no ano passado, quando ele conseguiu dois gols dramáticos nos minutos finais contra o City para ajudar a levar o Real Madrid à final.

Enquanto isso, na viagem para o Chelsea nesta temporada, o técnico italiano ajustou sua escalação para garantir a presença de Rodrygo. Ele colocou Valverde no meio-campo central e deu licença a Rodrygo para atuar na direita e se juntar a Benzema.

E o brasileiro prosperou, fazendo uma atuação memorável para despachar os Blues. Era fundamental que ele também aparecesse — Benzema, empatado sem gols, fez um de seus piores jogos da temporada.

Houve outras situações semelhantes também. Rodrygo foi escalado para o jogo de ida do confronto das oitavas de final com o Liverpool, dando uma assistência em Anfield em uma vitória, por 5 a 2, sobre os finalistas do ano anterior.

Ele também marcou gols em partidas contra o Atlético de Madrid e o Valencia, sendo este último a semifinal da Supercopa. Ele também não desaparece mais como antes. Rodrygo agora é um jogador que quer a bola, que pode ditar jogos com a mesma veracidade do brasileiro da outra ponta.

Rodrygo nunca deveria ser um artilheiro sozinho. Quando o adolescente, nascido em São Paulo, assinou um contrato com a Nike com apenas 12 anos, a imprensa não hesitou em apelidá-lo de 'o novo Neymar'. Mas ao contrário de Ney, Rodrygo gosta de assistências. Ele criou mais gols do que marcou em todas as temporadas desde 2018, um jogador conhecido por sua capacidade de drible individual e afinidade para se relacionar com os outros.

Esse é um curso que foi corrigido este ano. Enquanto Rodrygo ainda deu uma porção saudável de assistências - 11 em todas as competições pelo clube e pelo país - ele marcou 13 gols. O ala sempre foi um finalizador sólido, mas nesta temporada, ele simplesmente está colocando chutes a gol em um ritmo mais alto.

Em 2022/23, ele tem uma média de quase quatro tentativas de gol a cada 90 minutos, acima das duas no ano passado, de acordo com o FBref. Há, é claro, várias explicações para isso. Rodrygo tem estado mais em campo, enquanto Ancelotti está disposto a colocá-lo em posições mais centrais.

Independentemente de onde está sendo escalado para começar, Rodrygo é um jogador mais confiante. E com mais minutos nos próximos anos, ele deve acertar a rede com ainda mais regularidade.

Tudo isso veio com Rodrygo jogando fora de seu lugar regular. Como ele disse à GOAL, em fevereiro: "Com o 4-2-3-1, atrás de Karim é a posição que eu mais gosto e todo mundo sabe disso. Sempre falo sobre isso com o treinador. Claro, posso jogar em todas posições, mas é onde me sinto mais confortável na hora de jogar."

Mas é uma posição que Ancelotti raramente usa. Embora ele tenha brincado com um sistema 4-2-3-1 e, inerentemente, encoraje a liberdade posicional com a bola, Rodrygo raramente recebeu permissão para jogar com 10, que ele sente que é o mais impactante. É fácil imaginar, então, o que poderia acontecer se o Real Madrid realmente permitisse que ele jogasse no meio de forma mais consistente.

E pode ser uma opção real para o futuro. Com Benzema entrando no fim de sua carreira e não podendo mais jogar todas as partidas, Ancelotti talvez tenha mais licença para mexer em suas formações. Também existe a chance de que esta seja facilmente a última temporada do técnico no comando, dando a um novo técnico a oportunidade de reinterpretar o papel de Rodrygo.

Houve momentos em que faltou uma faísca criativa no Real Madrid nesta temporada, quando seu ataque se tornou muito marcado. Talvez a solução seja colocar Rodrygo no meio de forma mais permanente. Poderia oferecer algum equilíbrio ao meio-campo, que, às vezes, parecia inseguro defensivamente.

Independentemente disso, Rodrygo tem 22 anos e continua melhorando. Com mais dois anos em seu contrato atual, e presumivelmente, uma extensão mais longa em breve, isso será apenas o começo. As chances são de que ele só vai melhorar. E, por enquanto, nos próximos 10 dias, ele pode fazer a diferença ao derrotar o melhor time da Europa mais uma vez.