Em seu blog no UOL, a jornalista Alicia Klein publicou parte de uma matéria escrita pelo jornal suíço Der Bund, em 1989, sobre o julgamento. Alice cita ter checado, com fontes suíças, a autenticidade da matéria e fez a tradução abaixo.
"É 30 de julho de 1987, à tarde, um dia antes do último jogo da Philips Cup, entre Grêmio de Porto Alegre e Xamax Neuchâtel. A vítima está na cidade com um colega (ambos torcedores de futebol). Por acaso, eles encontram outro amigo, e por sugestão dele os três vão para o Bern Hotel Metropole, onde estão hospedados os jogadores da Philips Cup. Em frente ao hotel, eles encontram os quatro jogadores do Grêmio: Alexi Stival (Cuca), Eduardo Henrique Hamester, Henrique Arlindo Etges e Fernando Castoldi. A vítima e seus dois companheiros abordam os atletas sobre uma possível troca de camisa e eles concordam em efetuá-la no quarto de um jogador. Chegados a uma sala do segundo andar, conforme testemunhas, os jogadores desistem da pretendida troca de camisas. Em vez disso, eles começam a assediar a garota acintosamente. As duas testemunhas disseram que beijaram e "acariciaram" a menina e que ela tentou se defender dessas investidas. Os jovens que acompanhavam a menina foram, então, expulsos da sala - sem violência, mas de forma decisiva. Uma testemunha diz que viu pela última vez a menina sendo empurrada para a cama por um jogador. Depois que os dois colegas saem da sala, os jogadores trancam a porta por dentro. Indecisos sobre o que fazer, os dois jovens procuram ajuda na recepção e recorrem a um funcionário do hotel, sem sucesso. Após mais hesitação, saem para a rua e relatam o ocorrido a um transeunte. Sobem e batem na porta trancada do hotel, também sem sucesso. Pouco tempo depois (tudo dura cerca de meia hora), a menina sai do quarto do hotel, segundo seus companheiros, visivelmente atordoada.
Ela está vestindo uma camisa e um calção do Grêmio. Ela conta a seus companheiros apenas parte do que aconteceu na sala. Os jovens vão ao restaurante Löwen "tomar uma cerveja" e a garota se dirige para casa. Em seguida, ela vai com os pais à delegacia para registrar queixa. Os três jogadores de futebol, Alexi, Eduardo e Henrique, a forçaram a manter relações sexuais e atos semelhantes ao coito, diz a vítima. O quarto, Fernando, estava lá e ajudou os outros, auxiliando-os a despi-la. Esse atleta ajudou o colega a lhe tirar a calça e segurou suas pernas. Os quatro jogadores de futebol foram presos e interrogados na mesma noite.
Durante o primeiro interrogatório, eles negaram ter tocado na garota. No segundo interrogatório, ocorrido alguns dias depois, no entanto, eles confessaram a relação sexual, com exceção de Fernando. No entanto, eles afirmaram que nada havia acontecido contra a vontade da menina. A garota se divertira com tudo, segundo afirmaram. O que os levou a comentar que a garota "provavelmente não era normal". Nesse segundo depoimento, eles confessaram novamente a relação sexual, novamente com exceção de Fernando. O relatório forense mostrou vestígios de esperma dos dois jogadores, Alexi (Cuca) e Eduardo, no corpo da menina. Não foram encontrados vestígios de violência na vítima. Ela afirmou que ficou paralisada durante o incidente e, portanto, não gritou nem revidou. Um dia depois, após consulta com o médico que a atendeu, a garota compareceu por pouco tempo à final da Copa Philips, acompanhada do irmão, fato que gerou comentários depreciativos de várias pessoas. De acordo com o médico que trata dela, a menina vem sofrendo de graves transtornos mentais desde aquele incidente e, entre outras coisas, tentou suicídio na primavera passada."
A GOAL também conseguiu encontrar a matéria em questão em um site de arquivo de matérias feitas pela imprensa de diversas regiões da Suíça. O relato jornalístico está ilustrado na foto acima.