Por que o melhor Chelsea com Mauricio Pochettino só deve aparecer na próxima temporada

As dificuldades com lesões do Chelsea nesta temporada foram bem claras. Os Blues são um dos muitos clubes que enfrentaram uma crise de lesões sem precedentes, um possível efeito colateral da Copa do Mundo de 2022 no meio da temporada - e Pochettino teve que lidar com as consequências. Com já quase seis meses na temporada, o técnico argentino ainda não teve à disposição sua formação mais forte possível.

A chegada de Christopher Nkunku no meio do ano - em quem foi depositada muita responsabilidade quando o Chelsea pagou £52 milhões antes de optar por não contratar um atacante renomado - efetivamente perdeu metade da temporada, enquanto Romeo Lavia teve apenas uma única aparição de 32 minutos, intercalada por dois problemas de lesão.

Os importantes defensores Reece James, Wesley Fofana e Marc Cucurella também são ausências de longo prazo. Ben Chilwell acaba de retornar de uma contusão na coxa. Malo Gusto também teve problemas recentes.

A interminável lista de lesões contribuiu para o contínuo estado de instabilidade nos bastidores. Os recém-nomeados diretores naturalmente buscaram reestruturar o elenco ao final da desastrosa campanha de 2022/23. Eles concluíram a impiedosa reformulação com a saída de cerca de 21 jogadores, enquanto registraram um recorde mundial de £450 milhões (aproximadamente R$ 3,17 bilhões) gastas em 11 novas contratações - elevando os gastos do clube sob a gestão de Boehly-Clearlake para além de £1 bilhão (aproximadamente R$ 7,06 bilhões).

Os £200 milhões (cerca de R$ 1,41 bilhão) arrecadados com as vendas de jogadores serão inestimáveis na luta para cumprir as regras do Fair Play Financeiro (FFP), mas há a sensação de que Pochettino foi deixado por si só para juntar essas peças, começando o trabalho tarde demais para contribuir para a estratégia de transferências liderada por Laurence Stewart e Paul Winstanley.

Com a crise de lesões tornando a transição do time lenta, a poeira está apenas começando a baixar enquanto o elenco renovado começa a se formar.

E apesar de todas as chegadas e saídas, ainda há uma sensação de que falta algo. O Chelsea está carente de um goleador renomado para liderar seu ataque e há uma preocupante falta de profundidade de elenco no meio-campo, além dos titulares Conor Gallagher, Enzo Fernández e Moises Caicedo.

Quando todos estão à disposição, a defesa está bem servida, mas o gol tem sido um problema desde que Thibaut Courtois saiu para o Real Madrid, em 2018, sem que Kepa Arrizabalaga ou Robert Sánchez se mostrem como solução de longo prazo. Enquanto isso, Djordje Petrovic ainda não provou sua capacidade no mais alto nível.

Para que o elenco do Chelsea seja considerado completo, talvez falte mais três contratações pontuais.

Diante dessas adversidades, Pochettino até que extraiu algumas boas performances de seus jogadores. Embora pudessem certamente ser mais eficazes na finalização, os Blues superaram a timidez coletiva diante do gol, e há sinais iniciais de que o treinador está imprimindo sua filosofia de futebol em seus atletas.

O Chelsea realmente carecia de qualquer tipo de identidade ao longo da horrenda temporada de 2022/23, mas a ideia de jogo ofensiva, baseada na posse de bola do treinador tem sido intermitente. Cole Palmer foi quem emergiu como peça transformadora no ataque do Chelsea.

No entanto, essa melhoria geral tem sido intercalada com algumas performances bem ruins, reminiscentes da temporada anterior. Há um longo caminho a percorrer antes de vermos esta equipe consistentemente no seu melhor.

De fato, o próprio treinador não tem ilusões sobre a tarefa em mãos, e ele é o primeiro a reconhecer que a primeira metade da temporada não foi suficientemente boa pelos elevados padrões do Chelsea na era moderna - mas ele é firme ao afirmar que as lesões são um fator importante.

"Estamos muito longe [do nosso objetivo]", disse recentemente. "Nosso objetivo era estar no topo, mesmo que ninguém acreditasse em nós. Mas, nas circunstâncias, estamos lutando por coisas diferentes. Somos o Chelsea, nossa história exige que estejamos no topo", iniciou.

"No momento, sendo realista, precisamos aumentar a forma como competimos se quisermos vencer mais jogos. Precisamos competir mais. Acho que o desempenho desde o início da temporada não foi ruim. Podemos dizer que é muito bom. Mas, em termos de competição, estamos na parte inferior. É por isso que não estamos em uma posição melhor na tabela", seguiu.

Concluiu: "No futebol, você precisa ter o conhecimento, a qualidade, a estrutura. Mas, em algum momento no futebol, em 90 minutos, você precisa competir. Você precisa mostrar na maneira como joga futebol. Precisamos melhorar nisso, e isso envolve ter todos os jogadores [em forma], tendo tempo com eles juntos".

Pochettino está ciente de que teve um começo difícil em seu breve tempo no comando do Stamford Bridge, mas um dos aspectos mais encorajadores de sua passagem tem sido sua honestidade e determinação evidente em fazer sucesso em seu reinado.

Graham Potter teve dificuldades para conquistar a simpatia da torcida do Chelsea em sua breve e infeliz gestão, e grande parte disso devido à aparente falta de garra e intensidade. Seu sucessor parece estar encontrando o equilíbrio certo e está claramente investido no projeto. Do ponto de vista dele, o sucesso é apenas "uma questão de tempo".

"Estamos sofrendo após cinco, seis meses, mas isso é um desafio", disse em dezembro. "Acho que é uma coisa muito boa para nós, mesmo que eu esteja muito chateado. Eu me sinto realmente mal porque queremos estar em uma posição diferente, mas esse é o desafio do qual nunca vamos desistir. Vamos lutar".

"O desafio é enorme, mas eu realmente acredito que podemos ter sucesso, é apenas uma questão de tempo. Claro, isso é a coisa mais difícil no futebol, continuar a acreditar quando você não obtém os resultados que deseja. Vamos ter sucesso com certeza, vocês verão".

"Talvez hoje você possa dizer 'esse cara é louco', mas eu não sou louco. Eu sei o que estou fazendo", concluiu.