Neymar no PSG foi dos maiores fracassos na história do futebol

A começar por toda a expectativa gerada por sua contratação, é claro. Neymar chegou ao PSG no meio de 2017 com o peso de ter aniquilado o recorde de transferência mais cara de todos os tempos no futebol. Foram investidos, apenas no momento de sua chegada, 222 milhões de euros. Neymar escolheu o PSG por um motivo simples: sair da sombra de Lionel Messi no Barcelona para, eventualmente, dar um título de Champions League aos parisienses e, como consequência, ser coroado como melhor jogador do mundo.

O título de Champions League não veio, apesar de ter batido na trave em 2020, e Neymar só deu passos atrás no objetivo de ser reconhecido como o melhor jogador do mundo. De 2017 até esta metade de 2023, o PSG acumulou eliminações muitas vezes constrangedoras e o brasileiro, camisa 10, jamais voltou a ser incluído em algum Top 3 final de Bola de Ouro ou FIFA The Best. Apesar do Batman ser o herói favorito de Neymar, uma frase que resume bem a sua história no Parque dos Príncipes vem dos quadrinhos do Homem-Aranha: com grandes poderes, vem grandes responsabilidades. E quando estas responsabilidades não são atingidas, o fracasso torna-se inevitável.

Vale destacar que Neymar não fracassou no PSG sozinho. O Paris Saint-Germain fracassou muito mais. O seu projeto esportivo, cujo sucesso nacional era mera obrigatoriedade, já não estava dando certo antes da chegada do astro brasileiro e seguiu sem entregar o esperado durante sua estadia. E estamos falando de um time que, em determinado momento, contou com um trio de ataque formado por Neymar, Mbappé e Messi. O sucesso aconteceu apenas nos games de FIFA nos mais diversos consoles. O que não consola a torcida parisiense, que inclusive vaiou Ney e Messi na temporada passada.

O fracasso dividido entre Neymar e PSG também foi ilustrado nas muitas lesões sofridas pelo brasileiro. Os dribles dados longe da área adversária – onde adversários sentem mais medo de fazer uma falta – explicam parte das lesões sofridas por Ney, que insistiu por tempo demais em tais jogadas. Mas também é verdade que a liga francesa poderia ter coibido a intensidade das divididas.

Por causa de lesões, Neymar só conseguiu estar bem fisicamente em duas campanhas de mata-mata na Champions League. Na primeira, em 2019/20, ajudou a conduzir o time à final e ao vice-campeonato. Na segunda, um ano depois, foi eliminado nas semis para o Manchester City. Ou seja: quando esteve inteiro, o brasileiro conseguia bons resultados... mas o problema é que ele quase nunca estava apto para jogar. E justamente na parte mais importante das campanhas europeias.

Mas se as lesões servem como atenuante, as polêmicas colecionadas foram desnecessárias. Neymar chegou ao PSG protagonizando brigas infantis, disputando com Edinson Cavani quem deveria ser o batedor de faltas e pênaltis na equipe; agrediu um torcedor adversário após final perdida de copa... a lista é grande.

Quando Neymar chegou ao PSG, em 2017, um texto aqui da GOAL listou uma espécie de cinco missões obrigatórias de Neymar no clube. E o brasileiro completou duas. As mais fáceis: ajudar o Paris a ultrapassar Saint-Etienne e Olympique de Marseille como maior campeão da Ligue 1, além de ter ultrapassado Raí como brasileiro com mais gols marcados pelo clube (118 gols contra 72).

Neymar não conseguiu desbancar Ibrahimovic como máximo goleador na história do PSG e ainda viu Edinson Cavani e Mbappé, seus contemporâneos no Parque dos Príncipes, alcançarem tal objetivo. E se talvez possa ser mais conhecido pelas assistências do que pela veia goleadora, também não conseguiu desbancar o recorde imposto por Ángel Di María, de 18 assistências em uma temporada de Campeonato Francês – o melhor número de Ney foi 13, em sua campanha de estreia.

É claro que houve momentos de brilhantismo e encanto, mas eles não foram constantes. Neymar esteve perto de alcançar o seu objetivo em 2020, mas a realidade é que o saldo de sua passagem pelo PSG fica longe de toda a expectativa que foi gerada. Eden Hazard no Real Madrid certamente foi o maior fracasso de uma grande contratação em um grande clube. E há outros exemplos: a história de Neymar no PSG é um destes exemplos.