Antes de mais nada, é importante contextualizar o uso da palavra “pior”. Dizer que o Palmeiras pode fazer a sua pior temporada sob o comando de Abel não quer dizer que o Palmeiras tenha feito uma temporada ruim. Os palestrinos conseguiram o bicampeonato estadual, com vitória de virada sobre um surpreendente Água Santa, e também levantaram a Supercopa do Brasil com vitória por 4 a 3 sobre o Flamengo. Ou seja, conseguiram aumentar o número de taças a serem exibidas no Allianz Parque.
Ser eliminado nos pênaltis, dentro de casa, em semifinal de Libertadores machuca qualquer torcedor, claro, mas reflete uma boa campanha. Apesar de o Palmeiras ser o clube brasileiro com mais finais de Libertadores disputadas, é difícil conseguir disputar uma final de Libertadores. E no Campeonato Brasileiro, os alviverdes ainda brigam pelo título.
Desde que Abel Ferreira chegou ao Palmeiras, em novembro de 2020, o clube tem conseguido conquistar ao menos um grande título por temporada. Logo em sua primeira campanha, vieram a Libertadores e a Copa do Brasil. Em 2021, uma nova Libertadores foi conquistada. Em 2022, foi o Campeonato Brasileiro. Quem não ficaria mal-acostumado?
O histórico de grandes feitos, que alçou o português ao status de um dos maiores técnicos na história palmeirense, traz consigo um efeito colateral experimentado apenas pelos gigantes: Abel Ferreira virou refém do próprio sucesso, como se vencer tanto tenha sido tarefa fácil ou rotina garantida.
"É um orgulho muito grande ser o treinador desta equipe. Nós não passamos e vamos ser vítimas do nosso próprio sucesso, quando elevas o sarrafo, o nível, e depois não consegues entregar o que já entregaste. Eu entendo”, disse Abel logo após a eliminação para o Boca Júniors.