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2019_6_18_neymar(C)Getty Images

Presidente do Barcelona nunca quis Neymar: a história de uma grande mentira

Ruben Uria BlogGoal

Direto ao ponto: em novembro de 2018, a Goal publicou que Neymar já sabia qual rota ele deveria percorrer para voltar ao Barcelona. Apesar das risadas de outros jornalistas - que na janela de transferências tiveram que entrar no mesmo barco - e apesar de a diretoria catalã negar, em público e em privado, nada era mais verdadeiro que a volta do brasileiro sempre esteve em cima da mesa.

Assim que março chegou, Josep Bartomeu, presidente do Barcelona optou por assinar com Antoine Griezmann, que havia rejeitado o Barça cerca de um ano atrás, gravando isso em um documentário transmitido em escala mundial. Mas embora o presidente tenha recebido o “sim, eu quero” do francês, ele sofreu um duro golpe; Anfield. Em junho, fechou de vez com Griezmann e sabendo, em primeira mão, que alguns jogadores não estavam felizes com essa contratação, a diretoria encontrou outro problema: Neymar passou o dia conversando com seus ex-companheiros pedindo para voltar, pois havia cometido um erro e queria sair de Paris.

E não foi um blefe. Assim, Bartomeu prometeu sua palavra ao vestiário e, falando da boca pra fora, prometeu aos pesos pesados do elenco que faria o possível para o retorno de Neymar. Ele não queria perder o grupo e apostou em dizer o que eles queriam escutar. O mar não estava para peixes.

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Bartomeu, sabendo que havia entrado em um poço sem fundo, se esforçou para construir uma nova história. Teria que fazer os envolvidos se sentirem confortáveis. E para isso contou com a ajuda do jornalismo, sempre ansioso para vender histórias e ilusões no mercado. Em Barcelona, dizia-se que Neymar chegaria porque Bartomeu havia tomado as rédeas da negociação. E em Madrid, foi dito que Messi, que sempre é colocado como um pequeno ditador pela imprensa da capital espanhola, exigiu Neymar e que o presidente faria o que Leo pediu. E assim começou o teatro.

Em um nível moral e ético, era necessário mostrar que o Barça desejava assinar com o jogador que havia deixado e processado o clube e dado risada dos diretores. Sem um apelo e anseio dos torcedores, sem necessidade esportiva e sem economia o suficiente, Bartomeu pediu ao vestiário, no meio da turnê de pré-temporada, que ficassem calmos porque eles contratariam Neymar, que foi chamado pelo próprio presidente de jogador “muito pior” que Dembélé. Ele precisava manter os jogadores convencidos e, sabendo que a contratação não aconteceria, ele tinha que mentir até quando falava a verdade.

Mestre na arte de mudar tudo para que nada mude, Bartomeu produziu um show digno de televisão para não irritar os jogadores. Por isso, disse à imprensa que o PSG não queria negociar. Ele mediu todos os seus passos e televisionou a negociação. As constantes viagens de seus colaboradores para “assinar” com Neymar faziam parte desse show. A primeira proposta oficial só aconteceu em 27 de agosto, quase 60 dias depois de poder fazê-la. E nesse período inventou diversas ofertas “com dinheiro de pinga”.

Bartomeu começou a fazer ofertas sem envolver dinheiro. Chegou até a colocar sete jogadores à disposição do PSG, uma postura que não agradou ninguém. Ele enviou a Paris um diretor que voltou dizendo que o acordo estava muito próximo, mas que não podia explicar por que não se demitiu se tinha a negociação nas mãos e deixou escapar. Isso fez com que o Barça esticasse a mentira, impedindo assim que o Real Madrid ganhasse força como um concorrente. Enganado, Neymar cumpriu todo um roteiro de mentira: dizendo não ao Real, pressionando o PSG, dizendo que oferecia até mesmo dinheiro do próprio bolso e que diminuiria seu salário para sair da França. Essa foi, com certeza, uma das maiores novelas midiáticas da história do Barcelona. E fica claro que Messi manda e desmanda no time com um pequeno ditador.

A verdade não é triste. Bartomeu nunca quis Neymar e tudo foi muito bem orquestrado e simulado, um teatro para que os jogadores não o acusassem de nem ao menos tentar. Mas tudo tem sua consequência e essa para o Barcelona tem proporções imprevisíveis. De um lado, um presidente que carrega improvisos e promessas quebradas. Do outro lado, um vestiário ferido e cansado de meias verdades. Com alguns jogadores colocados à disposição no mercado, com outros jogadores usados como moeda de troca e com outro jogadores para quem foi prometido algo que nunca foi cumprido. O teatro deixa vencedores e vencidos, e um aspecto de terra arrasada. Se os resultados não vierem, tudo vai ficar ainda pior. Quem avisa amigo é.

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