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Por que o Flamengo sofre tantos gols com Domènec Torrent?

A produção ofensiva do Flamengo de Doménec Torrent é digna de elogios. Mesmo com desfalques, o Rubro-Negro vem contando principalmente com um Pedro inspiradíssimo para balançar as redes e garantir vitórias e resultados importantes. Ainda assim, o trabalho do treinador continua sendo questionado em um ponto importante: a solidez defensiva.

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Mesmo em partidas onde o time vai bem, vence e até goleia - como aconteceu diante do Corinthians -, dificilmente passa os 90 minutos sem sofrer gols. Foram dois nesta quarta-feira (4) contra o Athletico, quatro diante do São Paulo na última rodada do Brasileirão, dois no confronto direto com o Internacional... isso, é claro, ainda contando com o trabalho de Hugo Souza, jovem goleiro que já vai se colocando entre os melhores do Brasileirão por suas atuações recentes.

Nos últimos dez jogos do Flamengo em 2020, por sinal, ainda que a equipe tenha marcado 23 vezes, só ficou sem levar gols em duas ocasiões - diante do Sport e do Athletico-PR, quando Hugo pegou um pênalti nos minutos finais.

Mas como é que saíram esses gols todos? Onde é que estão os problemas defensivos do Flamengo? Para facilitar a compreensão, analisamos todos os gols sofridos pelo Flamengo desde a goleada diante do Independiente del Valle.

Como foram os gols sofridos pelo Flamengo nos últimos jogos?

Luciano e Gustavo Henrique Flamengo São Paulo Brasileirão Série A 01112020São Paulo/Divulgação
  • Jogadas construídas pelo meio da defesa - 6 (Caicedo, Del Valle; Torres, Del Valle; Martínez, Barcelona-EQU, Téo Gutiérrez, Junior Barranquilla; Luciano, São Paulo e Bissoli, Athletico)
  • Jogadas construídas pelo lado direito da defesa - 5 (Sánchez, Del Valle; Vinícius Lopes, Goiás; Claudinho, RB Bragantino; Tchê Tchê, São Paulo e Brenner, São Paulo)
  • Finalizações de longa distância - 4 (Preciado, Del Valle; B. Caicedo, Del Valle; Patrick de Paula, Palmeiras e Erick, Athletico-PR)
  • Bola aérea - 2 (Kayzer, Athletico-PR e Gil, Corinthians)
  • Erros na saída de bola - 2 (Abel Hernández, Internacional e Thiago Galhardo, Internacional)
  • Jogadas construídas pelo lado esquerdo da defesa - 1 (Talles Magno, Vasco) 
  • Pênaltis - 1 (Reinaldo, São Paulo)

Destacam-se nestes números a facilidade das equipes em invadirem a área pelo meio ou pelo lado direito da defesa do Flamengo, nas costas ou dobrando sobre Isla. Enquanto a equipe vem tendo um excelente aproveitamento em bolas aéreas, não consegue impedir que times cheguem com perigo quando resolvem atacar pelas laterais, especialmente pelo lado direito.

O alto número de gols após finalizações de longa distância também é um problema - mesmo que caiba ressaltar que o lance de Patrick de Paula aconteceu em um desvio que matou Hugo, no meio do caminho, e o gol de Erick, após uma retomada do Athletico no perde-pressiona.

Citando apenas dados, entretanto, fica difícil de visualizar os problemas. O gol de Tchê Tchê, do São Paulo, pode ter surgido em um cruzamento de Gabriel Sara, nas costas de Isla, mas só aconteceu em uma falha de marcação do lado esquerdo, que deixou o lateral/meia do São Paulo chegar sozinho, dentro da área, para finalizar. Do mesmo jeito, várias das situações de jogadas construídas pelo meio da defesa se originam à partir de contra-ataques, com os zagueiros correndo para voltar e deixando espaços para serem explorados.

Onde é que estão os problemas defensivos do Flamengo?

Hugo Souza Flamengo Goiás Brasileirão 13102020CR Flamengo

Analisando os dados dos últimos jogos, bem como algumas análises, é possível pintar um panorama mais completo dos problemas defensivos do Flamengo.

Para começar, a defesa que deu muito certo com Jorge Jesus em 2019 sofreu duas grandes perdas: Pablo Marí e Rafinha. O primeiro se notabilizou justamente pela capacidade de defender em linha alta, enquanto o segundo dava espaços, mas não costumava falhar individualmente jogando em linha de quatro.

Excluindo alguns casos isolados, é notável que uma das principais falhas defensivas do Flamengo se origina no lado direito, justamente no setor de Isla. O chileno vai muito bem ofensivamente, mas avança até a linha de fundo e costuma dar espaços atrás. O São Paulo, por exemplo, fez dois gols justamente jogando nas costas do lateral direito do clube - e é claro, contando com erros diretos de Gustavo Henrique.

Como o time não consegue pressionar com a mesma intensidade dos melhores momentos da era Jesus, acaba dando mais facilidade para equipes criarem oportunidades de perigo. Goiás, RB Bragantino e São Paulo, por exemplo, aproveitaram muito bem a superioridade numérica em vários setores do campo para sobrecarregarem o sistema defensivo do Flamengo e forçarem erros da defesa, jogando sem tanto suporte dos meio-campistas e atacantes.

O belo gol de Claudinho evidencia isso: em menos de sete segundos após o começo da segunda etapa, o RB Bragantino conseguiu encontrar Ytalo com espaço pelo lado direito. O atacante atraiu a marcação dos zagueiros e rolou para Claudinho, entrando no buraco deixado pela movimentação do centroavante.

Quando a defesa está bem postada, até consegue impedir o avanço dos adversários. O problema é que a pressão ofensiva vem deixando buracos e as linhas altas do Flamengo, tão elogiadas com Pablo Marí no ano passado, não estão tão bem postadas. Constantemente, os zagueiros tem que "correr para trás", sem conseguir roubar a bola antes que os rivais cheguem à área.

Sem Rodrigo Caio, grande destaque em 2019, o time também vem sofrendo com erros individuais (potencializados pela fragilidade defensiva do esquema tático de Doménec Torrent). O Rubro-Negro é o time que, no Brasileirão, mais sofreu gols a partir de erros individuais. Sem uma solidez, os erros ficam mais frequentes e mortais - basta uma movimentação errada ou um corte menos certeiro para que Hugo Souza (ou Diego Alves) sofra perigo.

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