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Messi durante Brasil x Argentina no Mineirão

Noite no Mineirão é a síntese do dilema entre Messi e Argentina

Quatro Copas do Mundo e (agora) cinco Copas Américas depois, a noite de Messi diante do Brasil, no Mineirão, se mostrou perfeita para retroalimentar o dilema entre o camisa 10 e a seleção argentina. Protagonista de uma nova derrota decisiva, o maior craque de sua geração é mais culpado ou vítima diante de um time que não ganha nada há tanto tempo?

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Um tanto dos dois, vão dizer, entre os cansados por esperar ver um Messi no nível semanal da Catalunha e os resignados que acham que ele até tem seus momentos, mas o coletivo é que nunca ajuda.

Sigo dividido a cada lance, a cada declaração. E a queda para o Brasil nesta semifinal de Copa América não resolve, pelo contrário: aumenta a aflição diante do tema.

Porque é claro que Messi pode mais. Um cara que resolve tantos jogos por seu clube em jogadas individuais deveria, vez ou outra, dar seu jeito de arrumá-las também pela seleção nas semifinais e finais. Alguém que sempre se vira para limpar os defensores e finalizar visitando um Real Madrid, por exemplo, deixa o jogo passar contra um Paraguai em qualquer campo neutro.

Tamanha capacidade criativa em Barcelona reduzidas a um jogador "normal" na Argentina, que tem jornadas de alto nível, claro, mas se acostumou às atuações medíocres. Um só gol, e de pênalti, numa Copa América que não tem dos maiores níveis técnicos.

Mas também é óbvio que no futebol de hoje não é tão simples botar a bola debaixo do braço e decidir sozinho. E aí a Argentina nem monta um time sólido no longo prazo, para que ao menos seu craque encontre um onze bem organizado e seguro, nem consegue tirar o melhor de nomes de destaque no futebol europeu.

Messi Brasil Argentina Copa America 02072019Getty

Scaloni é o oitavo técnico depois de Pekerman, que dirigiu a seleção em 2006, o quarto desde Sabella, comandante do vice em 2014. Se Messi não é aquele Messi, são raras as vezes em que os coadjuvantes ajudaram com destaque de valer lembrança. Na Copa América, a atuação do experiente Di Maria, por exemplo, foi no máximo discreta, quando não constrangedora.

No meio desse caminho, um fato, o de que Messi não dá conta de ser o líder técnico da seleção. Sabe aquela história de que zagueiro bom consagra o companheiro ao lado? Com Messi é o oposto. Ao invés da turma crescer sob influência do 10, parece diminuir. Jogar com Messi não é um prazer, é uma agonia. E aí voltamos ao dilema: Messi é vítima ou culpado por não ter tido o melhor de Higuaín ou de Aguero à sua frente? Ou, numa seleção cheia de novatos como a atual, ele não se aproveita do ar fresco por culpa própria ou não há milagre sob um time confuso e sem identidade?

A noite no Mineirão brincou com essas perguntas o tempo todo, como costuma ser. Messi, tal qual nas quatro finais que disputou com a seleção principal (uma derrota por 3 a 0, outra por 1 a 0 e dois empates em 0 a 0), passou mais um jogo gigante sem marcar nem ajudar o time a balançar as redes. Ao mesmo tempo, veja só, é dele a bola na trave seguida de cruzamento que atravessa a linha esperando um pé, ou mesmo a rapidez do passe que poderia ter rendido um pênalti de Daniel Alves sonegado pela arbitragem.

De um lado, o Messi que quer muito, irritado com o gramado, com a arbitragem e com o VAR, vivendo a Copa América intensamente, com a família na arquibancada e suportando as perguntas na zona mista depois de nove campeonatos seguidos como titular do time. De outro, o jogador passivo, como se condenado à derrota frustrante após o hino nacional, geralmente sem gol, que chega quase todo mês de julho, terminando as transmissões da TV sempre sob a mesma cena, desolado, sem respostas.

Enfim, o Messi e a seleção argentina não acertando, mas prolongando o impasse. Inseparáveis estranhos, repetindo a mesma ambiguidade e já com nova Copa a jogar daqui a pouco, em casa, a começar em menos de um ano. Mais uma vez vão falar de redenção, mas se tivesse de apostar seria outra noite dessas, em que o camisa 10 com o peso do mundo nas costas e o resto dos de azul e branco seguirão discutindo a relação e dividindo as impressões de quem assiste a esse casamento esquisito, sem fácil solução à vista.

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