Neymar PSG Marseille Ligue 1 13092020Getty

Neymar e o desabafo sobre racismo: 'temos que dar um basta, chega'

Neste último domingo (13), PSG e Olympique de Marselha protagonizaram mais um Le Classique, que terminou com vitória do único campeão europeu da França, quebrando um tabu de quase dez anos sem vencer o principal rival. Ao final da partida, porém, pouco se falou de bola, pois um assunto muito mais importante veio à tona: a luta contra o racismo.

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Durante o primeiro tempo, Neymar se envolveu uma confusão com o zagueiro espanhol Álvaro González, do Olympique, e o acusou de ter proferido ofensas racistas. O árbitro não pegou as palavras do jogador, o VAR não chamou ninguém para revisão e o jogo continuou. No segundo tempo, o craque, no meio de confusão generalizada, já nos acréscimos, aproveitou a oportunidade para dar um tapa na cabeça do jogador do rival.

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Assim, o VAR chamou a arbitragem e expulsou o atleta, o que só serviu para enfurecer Neymar. Ao término da partida, o craque foi às redes sociais dar seu posicionamento sobre o caso, com palavras duras e necessárias após mais um caso lamentável de racismo no esporte.

O brasileiro, que já foi questionado no passado por não se posicionar - mesmo que não seja obrigação do atleta de assumir posturas mais combativas -, aproveitou a sua plataforma para comentar sobre o caso, primeiro afirmando que seu único arrependimento foi "não ter dado na cara de Álvaro González" e criticando o VAR por não ter expulso o jogador.

Mas as declarações de Neymar não pararam por aí. O atleta divulgou uma mensagem pública onde explica ainda mais seu posicionamento sobre o caso, agora de cabeça mais fria, e se declarou antirracista. 

Confira!

“Ontem me revoltei. Fui punido com vermelho porque quis dar um cascudo em quem me ofendeu. Achei que não poderia sair sem fazer nada porque percebi que os responsáveis não fariam nada. Não percebiam ou ignoravam. Durante o jogo queria dar a resposta como sempre. Jogando futebol. Os fatos mostram que não consegui. Me revoltei...

No nosso esporte as agressões, insultos, palavrões são do jogo, da disputa. Não dá para ser carinhoso, entendo esse cara em parte. Faz parte do jogo. Mas o preconceito e intolerância são inaceitáveis.

Eu sou negro. Filho de negro, neto e bisneto de negro. Tenho orgulho e não me vejo diferente de ninguém. Ontem eu queria que os responsáveis pelo jogo (árbitro, auxiliares) se posicionassem de modo imparcial e entendessem que não cabe tal atitude preconceituosa.

Refletindo e vendo tanta manifestação quanto ao que ocorreu fico triste pelo sentimento de ódio que podemos provocar quando no calor do momento nos revoltamos.

Deveria ter ignorado? Não sei ainda... Hoje com a cabeça fria respondo que sim, mas oportunamente eu e meus companheiros pedimos ajuda aos árbitros. E fomos ignorados. Esse é o ponto!

Nós que estamos envolvidos no entretenimento precisamos refletir. Uma ação levou a uma reação e chegou onde chegou. Aceito minha punição porque deveria ter seguido no caminho da disputa limpa do futebol. Espero, por outro lado, que o ofensor também seja punido.

O racismo existe. Existe. Mas temos que dar um basta. Não cabe mais. Chega! O cara foi um tolo. Eu também fui, por me deixar ser atingido... Eu ainda hoje tenho o privilégio de me manter com a cabeça levantada. Mas todos nós precisamos refletir que nem todos os pretos e brancos podem estar na mesma condição. O dano do confronto pode ser desastroso para ambos os lados. Quer seja preto ou branco, não quero e não podemos misturar assuntos. Cor de pele não há escolha. Perante Deus somos todos iguais.

Agora... ontem perdi no jogo e me faltou sabedoria... Estar no centro dessa situação ou ignorar um ato racista não vai ajudar. Eu sei. Mas pacificar esse movimento “anti racismo” é obrigação nossa para que o menos privilegiado receba naturalmente sua defesa. Vamos nos encontrar novamente e vai ser do meu jeito. Jogando futebol... Fica na paz! Fica em paz! Você sabe o que falou... eu sei o que fiz. Mais amor ao mundo!"

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