A notícia de que Lionel Messi pediu para deixar o Barcelona não chegou a surpreender quem já vinha acompanhando o noticiário do clube catalão nesta última temporada, marcada invariavelmente pela derrota por 8 a 2 para o Bayern de Munique, na Champions League. Isso não quer dizer que não seja algo chocante.
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E se Messi de fato sair do único clube que defendeu profissionalmente em vida, o roteiro deste caso terá como justificativa a revolta do argentino com a grande sucessão de erros que foram sendo tomados sob a presidência de Josep Maria Bartomeu. Aos 33 anos, o camisa 10 segue mostrando em campo o seu nível de excelência e quer voltar a levantar uma Champions League – coisa que não faz desde 2015.
Seja qual for o destino de Messi caso realmente deixe o Camp Nou, a sua saída será dramática como talvez jamais tenha acontecido se fizermos uma comparação com os maiores ídolos na história do Barça. Relembre, abaixo, como foi que os craques mais espetaculares na história do clube catalão se despediram.
Lazlo Kubala (1951-1961)
Estátua de Kubala na frente do Camp Nou, o estádio que ele "ajudou" a construir
O craque húngaro foi o primeiro grande astro a vestir a camisa barcelonista e passou a levar um número tão grande de pessoas ao antigo estádio de Les Corts, que o Barcelona resolveu construir o Camp Nou – onde ainda joga. Em seus últimos anos, Kubala deixou de ser o craque espetacular que havia sido: brigava com a falta de forma, com as lesões e com a regularidade.
Quando a temporada 1960-61 chegou ao final de forma trágica, com derrota para o Benfica na final da Copa dos Campeões da Europa, seu contrato não foi renovado. Entretanto, o húngaro ganhou um jogo de despedida e decidiu se aposentar. Anos depois, ainda vestiria rapidamente as camisas do Espanyol e seria jogador-treinador no Zurique, da Suíça, e no futebol norte-americano.
Johan Cruyff (1973-1978)
Getty Images (Foto: Getty Images)
Sucessor de Kubala como astro internacional do Barça, mas muito mais do que isso, Cruyff reconquistou a autoestima perdida dos baugranas nos anos 70, mas suas últimas temporadas ficaram marcadas por certa irregularidade. Tinha poder na cidade, no elenco e até mesmo nas tomadas de decisão no clube, mas conquistou apenas dois títulos como jogador: o Campeonato Espanhol de 1973-74, em sua primeira campanha, e a Copa do Rei em 1977-78, em sua última.
No mesmo 1978 em que decidiu não jogar a Copa do Mundo pela Holanda, Cruyff dizia estar desiludido do futebol e, em meio também a algumas brigas dentro da estrutura barcelonista, anunciou sua aposentadoria do futebol. Problemas financeiros o fizeram repensar tal posição, e o holandês voltou aos campos em 1979, nos Estados Unidos, e só voltaria ao Camp Nou para escrever história como treinador.
Pep Guardiola (1990-2001)
Getty (Foto: Getty Images)
No Barcelona que pela primeira vez conquistou a Champions League, em 1992, a grande figura era a de Cruyff na beira do campo, como treinador. E o seu grande representante dentro das quatro linhas era Pep Guardiola. O habilidoso meio-campista, que assim como o mestre faria mais sucesso como treinador do próprio Barcelona, deixou o clube sem mágoas, em 2001, para se aventurar na Itália – onde jogou por Brescia e Roma.
Ronald Koeman (1989-1995)
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Pilar como defensor e demonstrando uma incrível vocação para balançar as redes, o autor do gol que garantiu a primeira Champions League do Barcelona deixou o clube já veterano, em 1995, para retornar à sua Holanda, onde ainda jogou mais dois anos com o Feyenoord. Retornou ao Barcelona, anos depois, como auxiliar-técnico de Louis van Gaal e, atualmente, acabou de assumir o comando da equipe para a temporada 2020-21 (o que deve se provar um desafio e tanto, especialmente com a possibilidade de não ter Messi).
Ronaldinho Gaúcho (2003-2008)
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O protagonista que relançou, com dribles encantadores e jogadas espetaculares, o Barcelona ao protagonismo. Ronaldinho foi o craque que reconduziu o Barça à conquista de uma Champions League, em 2006, mas depois de atingir o auge seu nível foi caindo na mesma medida em que as polêmicas – especialmente extracampo – foram aumentando. Quando Pep Guardiola assumiu o comando técnico, em 2008, um de seus pedidos foi para negociar R10, que foi para o Milan sem conseguir repetir o brilho de antes.
Xavi (1998-2015)
Getty (Foto: Getty Images)
Pense em uma despedida perfeita, que o nome de Xavi virá à mente. Em sua última campanha, o meio-campista, que já havia conquistado tudo o que era possível com o Barça, ainda participou ativamente da temporada 2014-15, que marcou a Tríplice Coroa europeia do clube (La Liga + Copa do Rei + Champions League). Já veterano, o espanhol rumou para o futebol do Qatar e hoje é treinador.
Iniesta (2002-2018)
Getty Images (Foto: Getty Images)
Um dos maiores meio-campistas da história, Iniesta também deixou o Barcelona sem grandes mágoas, sendo homenageado, e na reta final de sua carreira. Após conquistar tudo, aceitou uma proposta para defender o Vissel Kobe, do Japão.
E Messi? Ainda é difícil imaginar um Barcelona sem o argentino, que já se colocou na história como maior craque da instituição blaugrana. Se de fato isso acontecer, a tendência é que seja a despedida mais traumática na história do Barça.

