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Invasão torcida Botafogo 2022Reprodução

Invasão do CT do Botafogo comprova: só o profissionalismo não cura maus hábitos

O Botafogo mudou: deixou de ser um clube associativo e se tornou um clube-empresa. Uma SAF. Como resultado, não convive mais com os problemas financeiros causados pela incompetência de seus dirigentes amadores – problemas estes que travaram e prejudicaram muito as últimas décadas do Alvinegro. Mas algumas coisas parecem não mudar no futebol: a truculência de torcedores é uma delas.

Na esteira dos péssimos resultados obtidos pelo Botafogo nas últimas cinco rodadas do Brasileirão 2022, que empurraram a equipe para a zona de rebaixamento, um grupo de torcedores organizados invadiu o CT improvisado que o elenco de futebol tem utilizado: hostilizaram e fizeram cobranças em tom de ameaça. No que isso mudou a situação do Botafogo? Em nada: o time segue com 12 pontos e dentro do Z4.

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Torcedor entrando dentro do espaço de trabalho de atletas profissionais para protestar é isso: não garante absolutamente nada, em nenhum clube e em nenhum lugar do mundo. Além de ser condenável por questões de segurança e de ética.

Tomemos como exemplo o próprio Botafogo, que muito antes de sonhar em saber quem era John Textor lidou com protestos de seus torcedores em julho de 2021, quando a campanha na Série B demonstrava um time em crise profunda.

Os uniformizados cercaram o estádio Nilton Santos na época, após empate por 3 a 3 com o Cruzeiro, e ganharam de brinde, dias depois, uma derrota contra o Brusque e outro revés contra o Goiás. Se posteriormente o Alvinegro protagonizou uma guinada épica para retornar à elite, isso em nada teve a ver com o protesto de parte da torcida naquele 12 de julho de 2021.

Em meio ao clima tenso vivido pelo Botafogo naqueles dias, o presidente alvinegro Durcesio Melo soltou, resignado, um “ninguém quer vir” ao ser questionado por que ainda não havia demitido o técnico da época, Marcelo Chamusca. Um retrato nítido de um clube sem futuro. Só que entre 2021 e 2022, a chegada da SAF sob o comando de John Textor e a Eagle Holdings mostrou que o Botafogo pode voltar a ser glorioso.

Quando o Botafogo mudou para a SAF, passou a ter expectativa de futuro e hoje pode competir no mercado de contratações. Tem as ferramentas básicas para contratar jogadores e melhorar sua estrutura, mas ainda vive um processo de transição – que, como todos, está sujeito a acertos e erros.

Em pouco menos de um ano, o Botafogo saiu do “ninguém quer vir” para se mostrar competitivo no mercado de transferências. Venceu a competição com o Corinthians pela contratação do técnico português Luís Castro, algo impensável até poucos anos atrás.

Se pode ser questionado por algumas escolhas na armação de seu time, o técnico Luís Castro acertou em cheio nas palavras que disse, mesmo que essa não fosse sua obrigação, aos uniformizados que atrapalharam o dia de trabalho dos jogadores do Botafogo agora em 2022.

“Ou vocês estão juntos conosco ou vamos ter mais dificuldades. Estamos com muitas dificuldades”, afirmou o português, que também citou as várias lesões de jogadores do atual elenco. Luís Castro tem apoio total de John Textor, que é quem toma as decisões agora no clube, e viu o clube repudiar as ações vistas em meio a esta crise de 2022.

"Jamais a violência pode ser nosso parceiro, jamais a violência pode estar de mãos dadas conosco", completou Castro, desta vez em posicionamento à Botafogo TV.

O que a invasão dos torcedores trouxe ao Botafogo de 2022? Eventualmente um pouco de dúvidas na hora de algum jogador, reforço em potencial, decidir se aceita ou não defender a camisa do Alvinegro.

Ainda que os resultados e desempenho deste time sejam péssimos, o caminho da esperança botafoguense em conseguir bons resultados passa por algumas pedras fundamentais: profissionalismo é uma delas, mas dentro do futebol não será isso que vai curar maus hábitos como invasão de torcedores.

Então a pergunta final acaba soando clichê, na falta de outra coisa: até quando?

"A polícia foi acionada e a equipe operacional está monitorando a situação para que sejam tomadas as providências cabíveis. O Clube aguarda medidas severas dos órgãos competentes. O futebol brasileiro não pode mais se sujeitar a este tipo de episódio, que tem sido recorrente em diversos clubes do país", posicionou-se, em nota, o Botafogo.

"Protestos são válidos e aceitos, mas desde que não extrapolem o ambiente de civilidade. Os torcedores têm todo direito de se manifestarem, mas atitudes como essa, com invasão e ameaças, prejudicam a equipe e os projetos que estão em curso", completou.

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