Uma carreira média no futebol profissional afeta até mesmo o jogador mais apto e mais bem preparado com o passar dos anos, o que significa que, aos 35 anos ou antes, a maioria dos futebolistas já está considerando quando e como finalmente pendurar as chuteiras.
Não Andrés D'Alessandro.
Futebol ao vivo ou quando quiser? Clique aqui e teste o DAZN grátis por um mês!
O ídolo do Internacional com passagens por River Plate, Wolfsburg, Real Zaragoza, Portsmouth e seleção argentina completou 40 anos no dia 15 de abril, uma marca que a maioria dos atletas completam já nos confortos de suas aposentadorias.
D'Ale, por outro lado, continua a testar os limites de seu corpo com o gigante uruguaio Nacional, seu sétimo clube da carreira que construiu dos dois lados do Atlêntico, com muito sucesso tanto a nível de clubes quanto da seleção.
Ele pode ter até mesmo mais de 700 jogos como profissional, mas o meia está feliz por continuar a jogar com o mesmo comprometimento e entusiasmo que ele mostrava antes.
"Minha carreira já completou 21 anos", conta D'Alessandro à Goal pouco depois do Nacional vencer o Wanderers na semana passada para pular à frente do Peñarol no topo da Primera División, com o argentino atuando os últimos 30 minutos.
"Para ser honesto, nunca imaginei jogar futebol por tanto tempo, mas agora eu tenho a oportunidade de jogar aos em um clube gigante da América do Sul, um dos mais bem sucedidos, o Nacional, é uma coisa que eu não esperava acontecer".
"Eu sempre amei futebol, eu nasci com uma bola debaixo dos meus braços, como me falam, minha família ama isso, eles me levavam para os jogos e me passaram este amor por jogar futebol".
"Nunca soube se conseguiria ser profissional ou apenas jogar como amador, mas eu nunca deixaria de jogar futebol. Eu sempre me esforcei ao máximo para jogar, desde meus quatro ou cinco anos".
"Eu diria que jogadores de futebol são privilegiados porque eles trabalham com o que mais amam e, além disso, são pagos para isso! É um trabalho brilhante".
Um veterano de dois dos maiores clássicos sul-americanos, River Plate x Boca Juniors e o Gre-nal , ele está conhecendo também a rivalidade entre Nacional e Peñarol, que divide Montevidéu em dois, mesmo que a Covid-19 tenha tirado um pouco do famoso fervor
"Um superclássico sempre é enorme, seja River e Boca ou Inter e Grêmio. Agora, nós teremos a Copa Sul-Americana [quando Nacional e Peñarol se encontrarão nas oitavas de final] e no domingo [4 de julho] pela liga em casa, teremos três clássicos seguidos. Montevideo vai parar, o Uruguai vai parar", ele explica.
"Até agora não teremos torcedores [nos clássicos], é uma vergonha mas nós entendemos, como os outros, os tempos que estamos vivendo. Esperamos que as coisas melhorem logo porque futebol sem torcida é como um teatro sem audiência para o ator".
D'Alessandro apareceu no River Plate como um adolescente no começo do século 21. Ainda em 2002 já tinha dois títulos argentinos e sua primeira convocação para a seleção, oportunidade lhe dada pelo então treinador da AFA Marcelo Bielsa em um amistoso pré-Copa do Mundo para um amistoso contra o México.
Os 10 anos entre 1995 e 2005, imediatamente após a aposentadoria de Diego Maradona, viu emergir vários talentos na posição de camisa 10. Assim como D'Alessandro, River viu surgir Ariel Ortega, Pablo Aimar e Marcelo Gallardo, enquanto que o Boca produziu o craque Juan Roman Riquelme. Todos estes jogadores sofreram em um determinado ponto a inevitável comparação de "novo Maradona".
"Seja lá quem falava isso, cometia um erro enorme. Maradona é único, nunca haverá outro jogador como ele. Não tenho dúvidas disso. Nós ainda falamos dele com verbos no presente pois ainda não caiu a ficha de que ele se foi".
"Sempre quando um bom jogador aparece, surgem tais comparações pois ele é o maior ídolo do futebol argentino. Agora tem Leo [Messi] e ele deve chegar lá, algumas pessoas acreditam que ele já está lá".
A admiração que D'Alessandro tem por Messi, com quem dividiu alguns momentos na seleção, é clara, e o veterano acredita que o compatriota pode ter muitos anos pela frente.
"Ele é um dos maiores jogadores da história, não tenho dúvidas disso. Eu convivi com Leo por um tempo. Eu estava quando ele estreou contra a Hungria em 2005, estive com ele quando mais novo, mas já era possível ver do que ele era possível. Você via em treinos, jogos. Não estou falando nenhuma novidade aqui, mas a gente via tudo que ele ainda está fazendo, ele demonstrava todos os dias".
Sem um título há mais de 20 anos, D'Ale acredita que o jejum da seleção argentina só será quebrado quando se tirar um pouco da pressão das costas do camisa 10.
"É importante que não dependam sempre de Leo. É vital que outros jogadores assumam o protagonismo e dêem a ele um descanso, para que ele possa ser melhor utilizado quando for necessário e quando o time precisar dele, e assim ele poderá vencer partidas".
O futuro para a Argentina quando Leo aposentar parece ainda incerto. A fonte que produzia grandes jogadores parece que secou após a aparição de Messi, um fato que não escapa da atenção de D'Alessandro.
"É verdade, são menos agora. Eu nào consigo explicar, ou talvez eu possa, nós paramos de trabalhar como fazíamos nos clubes, com as categorias de base. Eu acho que a Argentina seguirá a produzir grandes jogadores porque é um país rico nesta área, eu sempre penso que o camisa 10 estará lá, não quero que desapareça".
O veterano do Nacional não vê razão alguma para que Messi, que celebrou seu 34º aniversário na semana passada, não siga seus passos e continue jogando até a próxima década.
"Eu acho que ele pode [jogar até os 40]", D'Ale confirma. "Para ser o melhor do mundo, você tem que, antes de tudo, ter uma mentalidade diferente dos demais, e ele tem, ele mostrou isso, não apenas como jogador, mas como pessoa também".
"Eu acho que se ele quiser, ele pode fazer isso. Estes jogadores encerram a carreira quando ficam cansados. Você provavelmente terá um problema ou outro porque os anos te pegam, mas ele é um jogador que sempre quer vencer, busca um novo recorde e quebra seus melhores números".
"Eu acho que Leo pode seguir jogando até quando ele quiser, não tenho dúvidas disso".
