O recado já havia sido dado antes de o Atlético Mineiro, aquele Galo campeão da Libertadores com Ronaldinho Gaúcho, perder para o Raja Casablanca na semifinal do Mundial de Clubes de 2013. Três anos antes, o Internacional fora o primeiro sul-americano a não conseguir chegar à final do torneio realizado pela Fifa, ao perder para os congoleses do Mazembe. Zoeiras clubísticas à parte, já era um indício de que a tão alardeada “obrigação” de ver um brasileiro na decisão contra o europeu não passava de uma arrogância alimentada por uma realidade que já está no passado.
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O último sul-americano a ser campeão mundial foi um brasileiro, o Corinthians de 2012. Em 2013 o campeão foi o Bayern de Munique, que bateu o Raja Casablanca por 2 a 0 na final, e até os alemães voltarem a levantar o caneco, agora na temporada 2020 (/21), esta noção de que os sul-americanos estão mais perto dos “outros” do que dos europeus ganhou ainda mais força – em 2016 o Kashima Antlers fez a final com o Real Madrid após eliminar o Atlético Nacional, da Colômbia, e em 2017 o Al Ain passou pelo River Plate de Marcelo Gallardo antes de também perder para os espanhóis.
O futebol brasileiro desta vez testemunhou a derrota do Palmeiras para os mexicanos do Tigres na semifinal, antes do revés para o Al Ahly, do Egito, dar aos alviverdes o carimbo de pior campanha sul-americana no torneio organizado pela Fifa. Entre aquele título do Bayern em 2013, um ano após a vitória corintiana sobre o Chelsea, até este novo triunfo dos alemães sobre o Tigres, apenas um prêmio de consolação em relação aos brasileiros: a presença, sempre, de algum jogador tupiniquim na equipe – europeia – campeã.
Getty ImagesRafinha e Dante, em 2013 (Foto: Getty Images)
O Bayern de 2013 teve dois brasileiros: Dante e Rafinha. Ambos foram titulares na final e o defensor central inclusive fez um gol.
Em 2014 o Real Madrid teve Marcelo; em 2016 teve o lateral-esquerdo e Casemiro (Danilo foi reserva não utilizado); em 2017, Marcelo e Casemiro novamente; em 2018, a dupla seguiu presente, com a adição de Vinícius Júnior – que entrou nos minutos finais contra o Al Ain.
O título do Barcelona em 2015, sobre o River Plate, teve duas assistências de Neymar nos 3 a 0 em que Daniel Alves também foi titular – Douglas e Adriano ficaram no banco. Em 2019 o Liverpool bateu o Flamengo por 1 a 0 com gol de Roberto Firmino e Alisson sob as traves. Neste Bayern da temporada 2020-21, o brasuca foi Douglas Costa – reserva no time treinado por Hansi Flick.
Evidente que não chega a ser novidade, uma vez que o Brasil é o maior exportador mundial de jogadores de futebol e, provavelmente, o melhor – são muito jogadores bons. Mas não deixa de ser uma curiosidade que, dentre muitas coisas, também ajudam a refletir este momento atual do futebol.


