Quando justificou a inclusão de Philippe Coutinho em sua mais recente convocação, Tite deu ainda mais munição aos que criticam sua insistência pelo jogador – há tempos em fase ruim no Barcelona – ao dizer que o meia estava “retomando o melhor nível”. Isso porque Coutinho não estava, até aquele momento, retomando seu melhor nível. Mas a excelente estreia pelo Aston Villa, para onde foi emprestado, dá esperanças de que isso ainda é possível.
Philippe Coutinho viu do banco de reservas o Manchester United abrir 2 a 0, duas vezes com Bruno Fernandes, dentro do Villa Park, mas mudou o rumo do jogo quando entrou em campo, na metade final do segundo tempo: deu a assistência para Jacob Ramsey diminuir e, pouco depois, ele próprio estufou as redes de David De Gea para garantir ao menos um pontinho ao time treinado por Steven Gerrard. O placar final foi um empate por 2 a 2, mas com sabor de vitória para o jogador brasileiro e seus novos torcedores, assim como para o próprio Tite.
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Coutinho, vale destacar, estava longe de retomar seu melhor nível quando Tite proferiu a frase. Segundo dados da Opta Sports levantados pela GOAL, as médias de gols por 90 minutos excluindo os de pênalti (0.15) e de assistências (nenhuma) estão entre as piores da carreira do jogador desde sua chegada ao futebol europeu. Mas se o futebol costuma escrever alegorias comparáveis às da vida cotidiana, uma das mais constantes é de que é sempre possível começar a escrever uma nova história.
Foi apenas uma partida, mas a excelente estreia de Philippe Coutinho pelo Aston Villa acabou dando a impressão de que o criticado jogador pode, enfim, retomar o seu melhor nível. Capacidade técnica, todos sabemos que ele tem.
Coutinho nunca conseguiu entregar o que se esperava dele quando a expectativa era a mais alta. Chegou como candidato a estrela jovem na Inter de Milão, em 2010, e não deu certo na Itália. Em 2018 foi contratado pelo Barcelona sendo o mais caro da história dos catalães mas fracassou. É óbvio que Philippe não é o único culpado nessas histórias – a Inter entrava em um período de jejum enquanto a crise na qual o Barça se meteu é conhecida por qualquer fã de futebol.
Foi quando a expectativa sobre sua carreira era mais baixa que Philippe Coutinho mais conseguiu ser decisivo.
No Bayern alternou momentos, não foi titularíssimo, mas ajudou o clube alemão a conquistar o segundo Triplete (Bundesliga + Copa da Alemanha + Champions League) de sua história. Coutinho chegou a Munique, emprestado, já com a moral baixa por não ter conseguido ser o que se esperava no Barcelona. O empréstimo ao Espanyol foi ainda no início de carreira, em meio às dificuldades na Inter, e quando chegou ao Liverpool, em 2013, os Reds não eram a potência que haviam sido anos antes e que passaram a ser novamente em temporadas mais recentes.
A expectativa atual sobre Coutinho está longe de ser das mais altas, e até por isso a escolha pelo Aston Villa parece ser um acerto. É um clube grande e de tradição, mas carente de conquistas nas últimas décadas cujo objetivo é beliscar alguma vaga em competição europeia. Acima de tudo, um clube que nos últimos anos deu boas mostras de ser bem-organizado.
Tendo Steven Gerrard, ex-companheiro dos tempos de Liverpool, como treinador, Coutinho mostrou que pode ser decisivo novamente. Foi apenas um jogo, o seu primeiro pelo Villa. Mas já serviu para ajudar Tite a encontrar argumentos para bancar sua convocação. Contra o Manchester United, Philippe Coutinho ajudou seu time, seus treinadores e a si próprio.
Mas esta história está longe de ser definida.
