O Barcelona selou a contratação do atacante Ferran Torres, do Manchester City, por 55 milhões de euros, apesar de ter uma dívida de 1 bilhão de euros em suas finanças. Assim, muitos estão se perguntando como o clube pode se dar ao luxo de trazer um reforço de e peso em meio a essa situação. O atleta, inclusive, vem com multa recisória no mesmo valor da dívida que o Barça possui. Assim, algum clube pode pagar o que os cúles devem, caso queiram Ferran.
O acordo faz muito sentido para as partes envolvidas. Xavi quer qualidade no terço final; o Barça está desesperado por um jogador que possa marcar e ajudar no ataque, a fim de buscar uma vaga na Liga dos Campeões de 2022/23. E, no City, o jogador ainda não conseguiu se firmar desde que chegou, em 2020, vindo do Valencia, o que faz com que ele também se interesse pela ideia de ir ao Barça, voltando ao seu país natal.
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Pelo lado do City, Torres não deve fazer tanta falta, uma vez que o ataque da equipe inglesa é bem servido, ainda mais com Raheem Sterling voltando à boa forma. Vender Torres por quase o triplo do que pagou ao Valencia (23 milhões de euros) - considerando passe e bônus - não é má ideia para o time de Pep Guardiola.
Independentemente de todos os envolvidos estarem satisfeitos com o acordo, os números têm que fechar para que ele realmente aconteça.
O financiamento inicial para o acordo com a City não é um problema, porque Barcelona recebeu um empréstimo de meio bilhão de euros pelo banco de investimentos Goldman Sachs. No entanto, os problemas estão com as regras de fair play financeiro e limite de gastos da La Liga, que já foram superados em muito. Assim como o Barça teve que esperar até os últimos minutos da janela de julho para registrar Sergio Agüero, graças a Jordi Alba e Sergio Busquets receberem cortes de pagamento, o Torres não poderá jogar imediatamente sem mais medidas para reduzir os custos do clube.
A recente aposentadoria de Agüero e a decisão de sacrificar o segundo ano de seu contrato com o Barcelona deu algum espaço, com os culés podendo gastar o que economizam apenas na proporção de 1 para 4, uma vez que estão acima do limite de gastos da La Liga. Por exemplo, se o Barcelona tiver 100 milhões de euros disponíveis, só pode gastar 25 milhões em taxas de transferência e salários para novos jogadores.
O diretor esportivo Mateu Alemany teria negociado um salário baixo com o Torres durante os primeiros seis meses de seu contrato, valor que aumentaria ao longo do tempo, de forma a ajudar a minimizar os custos desta temporada. A taxa de transferência será amortizada pela duração de seu contrato, que também é a chave para outra parte do plano do clube.
Getty ImagesA questão mais urgente do Barça é renovar o contrato de Ousmane Dembele, uma vez que o atual se encerra ao final da atual temporada. A ideia é não apenas não o perder de graça, mas também que a parte restante de sua taxa de transferência possa ser paga durante os anos restantes de seu contrato. Isso criaria mais espaço para respirar e ajudaria a colocar a bola em movimento para conseguir o registro do Torres.
O Barcelona também pode pedir a Dembele para mudar sua estrutura de pagamento de salário para deixar o clube trazer Torres. É do interesse de todos no clube, inclusive dos jogadores, que o elenco seja reforçado no ataque, o que ajudaria os culés a cumprirem os objetivos da temporada.
Sergi Roberto é outro jogador com um contrato perto do fim e que pode negociar um novo acordo que minimize o que lhe é devido a curto prazo.
O mais importante de tudo, porém, é se desfazer de jogadores indesejados. Nas últimas semanas, Philippe Coutinho foi deixado no banco e viu jogadores como Riqui Puig e Ferran Jutgla passarem à sua frente. Trata-se de uma mensagem de Xavi, dizendo que o tempo do brasileiro acabou, e se o Barcelona pudesse vendê-lo, ou até mesmo emprestá-lo para tirar seu salário dos livros para esta temporada, seria uma grande ajuda.
Getty ImagesDa mesma forma, Samuel Umtiti é outro jogador que não é necessário, assim como o goleiro reserva Neto. Jovens também devem ser procurados na janela de junho, apesar de Joan Laporta não se interessar em vender nomes como Frenkie de Jong e Sergino Dest, além de Ansu Fati, Gavi, Pedri e Nico Gonzalez.
Além da dependência da equipe, eles também carregam as esperanças dos torcedores. O acordo com a Torres também vai elevar o moral da torcida.
Embora alguns vejam a operação como uma extravagância para um clube que não pode arcar com ela, é também um sinal de que o Barcelona não está morto - algo que os patrocinadores e investidores potenciais vão gostar.
A derrota do Atlético de Madrid para o Granada, na quarta-feira (22), deixou o Barça a apenas dois pontos da zona de classificação para a Liga dos Campeões, apesar de seu péssimo início de temporada. Isso significa que investimentos imediatos podem agora ajudar a garantir a saúde financeira do clube a médio prazo.
Deixar as quatro primeiras colocações da Liga escaparem não é algo que os livros de contas do Barcelona possam suportar, ainda mais depois de seu tropeço na Champions, e Torres pode ajudar a evitar outra crise.




