A primeira metade da história da semifinal da Champions League entre Paris Saint-Germain e Manchester City teve dois tempos distintos: no primeiro, os franceses, donos da casa, foram superiores e saíram na frente com gol de cabeça anotado por Marquinhos; no segundo os ingleses melhoraram, foram superiores e conseguiram a virada por 2 a 1 que lhes dá vantagem no sonho de alcançarem a grande final.
Um fator que pode explicar a história da reação do Manchester City está no meio-campo. Se nos primeiros 45 minutos iniciais a equipe treinada por Pep Guardiola pareceu estar mais espaçada que o habitual, concedendo demasiado espaço para a construção de jogadas dos parisienses, este caminho foi fechado depois do intervalo. Como consequência, as três principais individualidades do PSG – Neymar, Mbappé e Di María – caíram de desempenho.
O PSG abriu o placar em jogada de bola parada, com Marquinhos subindo no alto para concluir o escanteio cobrado por Di María, e depois flertou com o segundo gol. Neymar e Di María especialmente, mas também Mbappé, levavam perigo através de dribles e toques que faziam a diferença no entorno da área inglesa - embora não tenham resultado em redes sendo balançadas. No mecanismo de levar a bola até os três atacantes, o meio-campo do PSG foi destaque no primeiro tempo. Gueye, Paredes e Verratti conseguiam dar ritmo à transição para o ataque, também ajudando na construção e entregando bolas mais fáceis para Neymar e Di María criarem oportunidades. Este cenário mudou completamente no segundo tempo.
O Manchester City voltou para os 45 minutos finais mais compacto e pressionando muito o PSG nas poucas vezes em que ficavam sem a bola. Desta forma, anularam o meio-campo parisiense e obrigaram Neymar, Di María e Mbappé a voltarem para buscar a bola na defesa parisiense. O volume dos toques de Verratti, Paredes e Gueye caiu por mais que o triplo (segundo números da Opta Sports, eles somaram 145 toques na primeira etapa e apenas 40 na segunda). Mais afastados do ataque, e com dificuldades para construírem, o desempenho da trinca de ataque parisiense caiu.
Opta SportsMapa de calor combinado de Neymar, Mbappé e Di María no 1º tempo... e no 2º tempo (Imagem: Opta)
Com o domínio do jogo, contudo, o Manchester City sentiu falta de um atacante para transformar a superioridade em gols. Coube ao fator “sorte”, então, agraciá-los: De Bruyne tentou um cruzamento e Keylor Navas aceitou, e depois Mahrez contou com falha na barreira do PSG para converter sua cobrança de falta em gol. Para piorar o cenário do meio-campo parisiense, Gueye ainda foi expulso no segundo tempo.
"Nós mudamos a forma como pressionávamos, fomos mais agressivos", disse o técnico Pep Guardiola após a importante vitória obtida no jogo de ida. "Achamos os gols e poderíamos ainda ter marcado outro, mas eu estou satisfeito com nossa performance. Ainda temos 90 minutos para vencê-los, e contra um time como o PSG tudo pode acontecer", avaliou o comandante.
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A história do confronto está longe do fim. O Manchester City é seguro como time e voltou a mostrar a sua maturidade dentro do Parque dos Príncipes... mas não é todo dia que se consegue parar Neymar, Mbappé e Di María. Destaque da equipe inglesa, Kevin De Bruyne deixou isso bem explícito em sua entrevista pós jogo.
“Nós mudamos a nossa (forma de) pressão e melhoramos muito. E aí o segundo tempo foi muito, muito melhor (...) Ainda tem mais um jogo a ser disputado e precisamos nos concentrar nisso. Sabemos que vamos sofrer em alguns momentos, sabemos o quão bons eles são. Mas sabemos que temos qualidade para jogar bem na segunda partida”, disse para o BT Sport.




