Não é difícil perceber quão jovem é Caden Clark: basta perguntar sobre o que o jovem pensa sobre futebol.
Você vai receber respostas sem nenhum filtro, mas com muita energia. Ele fala sobre movimentação ofensivas, belas assistências, golaços e lindos dribles, justamente os lances que o fizeram se destacar no final da última temporada da MLS.
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O jovem até começa a comer algumas palavras enquanto descreve o que gosta de fazer em campo e como planeja atuar.
Mesmo assim, não existe nada infantil sobre o jogo da estrela de 17 anos do New York Red Bulls. Não existe nenhum movimento que não seja completamente calculado.
Existe sim, porém, uma certa determinação, uma mentalidade que já o diferenciou de outros jovens promissores na MLS.
Essa mentalidade ficou clara quando ele decidiu o jogo em sua estreia no futebol profissional. Ficou evidente quando marcou, de novo, quatro dias depois, diante do Toronto FC, e certamente estava presente quando marcou o único gol do Red Bulls na Copa da MLS, contra o eventual campeão, o Columbus Crew.
Pergunte para Clark quem ele é como um jogador e ele será rápido para te responder.
"É uma resposta fácil para mim," ele conta para a Goal. "Eu acho que é muito simples, mas algo que vale muito. Eu sou f***. Eu quero ser f*** no campo de ataque. Eu só quero atacar o tempo todo."
"Eu fico empolgado falando sobre isso, pois eu sei que sou bom o suficiente. É simplesmente minha mentalidade, eu sei do que sou capaz. É ser implacável no campo de ataque. Partir pra cima. A pior coisa que pode acontecer é você perder a bola, e nós Red Bulls pressionamos o adversário. É onde nós queremos estar."
Clark só atuou em oito jogos na MLS, tendo sido promovido da base do Red Bulls após longa novela envolvendo o Minnesota United. Mesmo assim, seu instinto matador já está bem claro.
Seu primeiro gol foi um lindo voleio dentro da área, com Clark marcando no seu primeiro dia nos profissionais, na data da assinatura de seu contrato.
Quatro dias depois, marcou um gol ainda mais bonito: um míssil, de longa distância, no ângulo, provando que sabia muito o que fazer com a bola.
E então veio o gol nos play-offs, em que Clark marcou contra o Columbus Crew no maior jogo de sua carreira até então.
"Foi muito legal tudo que aconteceu," ele completa. "Dennis Hamlett, nosso diretor de futebol, quando eu assinei, antes do voo para Atlanta, brincou, 'Você vai ser titular amanhã, sabe o planejamento tático, então quero quer marque o gol da vitória'. Ironicamente, foi isso que aconteceu."
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"Nada mudou muito depois disso. Eu não mudei meu estilo de jogo. É claro, aumentou minha confiança. Eu acho que eu não marcaria contra o Toronto no jogo seguinte se não tivesse feito o gol na estreia. Eu acho que coisas pequenas mudaram, mas eu, como jogador, sou o mesmo."
E são esses momentos que o colocam no radar dos maiores clubes da Europa. Clark deve se transferir ao RB Leipzig quando completar 18 anos em 2022, seguindo os passos de Tyler Adams em começar em Nova Iorque e se transferir à Alemanha.
Foi exatamente uma das razões pela qual ele escolheu o Red Bulls, um clube conhecido por desenvolver alguns dos maiores talentos produzidos pela MLS na última década.
Mas o caminho de Clark até a MLS não foi tão simples: foi um caminho que ele nunca imaginava percorrer.
O meio-campista cresceu em Minnesota, um estado que estava longe de ser conhecido pela sua afeição ao futebol até a introdução do Minnesota United a alguns anos.
Mais talentoso que seus companheiros desde cedo, Clark normalmente jogava com garotos mais velhos, iniciando sua carreira no sub-13 quando tinha nove anos. Eventualmente, assinou para jogar pela base do Minnesota Thunder, onde permaneceu por boa parte de sua jovem carreira.
Enquanto jogava com meninos mais velhos, Clark aprendeu várias duras lições. Como era menor e mais fraco fisicamente que a maioria dos atletas que enfrentava, não conseguia batê-los com velocidade ou força. Assim, tinha que usar sua habilidade para ganhar dos adversários.
E foi nesses momentos que começou a se desenvolver como um armador. O jovem idolatra Kevin De Bruyne e Bruno Fernandes, dois jogadores que ganham das defesas não só com seus pés, mas com sua inteligência. Eles sempre fazem a jogada simples, ele diz, mas fazem tudo parecer difícil.
Esse é o tipo de jogador que Clark quer ser: não é só ser o cara do passe para abrir uma defesa, mas o tipo de atleta que visualiza esse passe muito antes de receber a bola nos pés.
"Foi um bom treino jogar com garotos mais velhos e mais fortes," ele diz. "Me ensinou a jogar um tipo de jogo diferente, sem ser tão físico, pois eu não conseguia disputar com eles, eu tinha 12 anos e eles, 14. Era uma grande diferença, em um período importante de crescimento."
"Então eu percebi: se eu não ganho na velocidade e na força, preciso de outros atributos, preciso ser mais inteligente que o resto dos jogadores."
Eventualmente, chegou a um ponto em que Clark sabia que era a hora de planejar sua carreira profissional, e sentou com seu pai para avaliar suas opções. Treinou no FC Dallas, mas não era um bom encaixe, explica, e ambos os lados decidiram não proceder com a contratação.
"Nenhuma mágoa com o FC Dallas," relembra. "Mas eles estavam rondando a área, tocando a bola no meio de campo, e não sabiam como atacar os espaços. Eu pensei: 'meu Deus, o que diabos é isso?'. Eu falei com Luchi [treinador] e depois que ele me explicou que não me encaixaria muito bem no time, respondi que não fiquei chateado."
Seu próximo passo? A escolinha do Barcelona no Arizona, que o ofereceu a oportunidade de treinar em La Masia. A viagem para a Espanha na verdade seviu para impossibilitar Clark de participar de alguns treinos com a seleção americana de base, mas ajudou a abrir seus olhos para o que ele precisava fazer para brilhar na Europa.
E esse caminho, no momento, não incluía a MLS. Clark sabia que assinar com um time da MLS provavelmente limitaria suas oportunidades na Europa quando completasse 18 anos. Assinar um contrato com uma equipe americana faria com que qualquer europeu interessado tivesse dificuldades para o contratar quando a oportunidade surgisse.
Mas então, o Red Bulls apareceu: um time que não só pretendia desenvolver Clark, mas o vender quando chegasse a hora.
"Eu tinha 16 anos e estava pensando: vou esperar para jogar na Europa aos 18 anos, enquanto isso posso jogar na USL." relembrou. "Mas será que iria me desenolver na USL até completar 18 anos? Provavelmente eu ficaria um tempo no Phoenix Rising para ir ao Barça quando completasse 18 anos. Mas eu não achei que essa seria a melhor situação para mim."
"Eu observei tudo que a Red Bull poderia me oferecer, comparei com outros times da MLS que eu estava avaliando e essa foi a melhor proposta, em todos os aspectos. Aí eu tomei a decisão. Se eu não fosse para a MLS, ficaria sem evoluir, sem treinar com profissionais, por dois anos. Eu precisava competir no mais alto nível possível."
Logo, Clark deve tomar o próximo passo. Ele já está no radar da seleção americana, mesmo sem tantas aparições nas seleções da base. Fez parte dos pré-selecionados para a seleção olímpica que não conseguiu a classificação para as Olímpiadas, e mesmo sem fazer parte da lista final, espera receber novas oportunidades de atuar na seleção nos próximos anos.
Fará 18 anos em maio de 2022 e certamente terá o futebol europeu como destino, se tornando o próximo em uma longa lista de jovem estrelas a ganharem espaço nos times da Red Bull.
Talvez siga os passos de Erling Haaland, Sadio Mané ou Timo Werner utilizando o Red Bull como um trampolim para ser negociado com um dos maiores times do mundo. Mas, não importa onde, Clark está pronto para mostrar o que é capaz de fazer com a bola nos pés.
"Eu não sou o cara mais físico do mundo, mas sou capaz de usar meus outros atributos para preencher essa lacuna," explica. "Eu não quero ter que dividir mil bolas. Eu sou o tipo de jogador que preenche os espaços e encontra meus companheiros, com lançamentos, tabelas, dribles... isso abre uma defesa."
"Eu quero que os adversários me pressionem em certas situações, e aí o resto do jogo estará aberto. Isso é o que eu sei fazer: jogadas rápidas que desnorteiam os adversários. Eu gosto disso: abrir defesas. Eu gosto de achar espaços, dar bons passes, aproveitar as lacunas no meio da defesa. Se eu não receber a bola, tudo bem, estou abrindo espaço para meu companheiro."
"Eu gosto desse tipo de futebol e eu sei que sou capaz de ter sucesso nele."
