Jogar em sua casa não tem sido, em 2022, uma missão fácil para o Botafogo no Campeonato Brasileiro. Dono de uma das melhores campanhas entre os visitantes, o Alvinegro é, por outro lado, um dos piores mandantes do torneio. Sua última vitória em casa havia sido há mais de um mês, contra o Coritiba. Mas contra o Red Bull Bragantino, em duelo válido pela 34ª rodada do Brasileirão, a equipe treinada por Luís Castro não quis saber do retrospecto ruim.
A difícil vitória por 2 a 1 trouxe consigo três pontos importantíssimos no sonho de conseguir uma vaga dentro de um G8 que pode levar à pré-Libertadores, mas valeu muito mais se pensarmos no ganho de confiança que poderá ser tirado do resultado. Além de enfim ter conseguido vencer em seus domínios, e do sonho vivo de poder disputar a próxima Libertadores, os grandes protagonistas alvinegros contra o Bragantino precisavam dos bons momentos que viveram no gramado do Nilton Santos.
O primeiro gol da noite foi marcado por Gabriel Pires, que aproveitou o bate-rebate dentro da área após Tiquinho Soares quase marcar um belo gol para estufar as redes. A comemoração foi triplamente em tom de desabafo: por ser uma resposta às críticas, por premiar o esforço feito para encontrar o seu melhor preparo físico, e por ele próprio ser um torcedor botafoguense marcando pela primeira vez com a camisa do clube de coração. Gabriel teve boa atuação, talvez a sua melhor pelo Alvinegro até aqui.
Quando o Red Bull Bragantino empatou, já no segundo tempo, com Luan Cândido, a sina de maus resultados em casa parecia destinada a seguir. Foi quando, aos 25 minutos, Tchê Tchê apareceu dentro da área de surpresa para fazer o gol da vitória. O tento, também o primeiro do camisa 6 pelo Botafogo, premia a sua subida de produção neste segundo turno – quando passou a ser um farol no setor em que atua.
Botafogo
Botafogo“Já sabíamos que o trabalho do Gabriel e do Tchê seria enorme”, explicou Luís Castro ao comentar sobre o papel da dupla em um 4-4-2 que surpreendeu o técnico Maurício Barbieri do outro lado. “De equilibrar a equipe defensivamente e aparecer em zonas de finalização. Foi um trabalho tão grande que eles fizeram, que os dois fizeram os gols. Nós queríamos isso mesmo: não limitar os nossos volantes de aparecerem na área”.
A jogada do segundo gol botafoguense também gera sentimentos felizes sobre Patrick de Paula, a contratação mais cara, em valores absolutos, da história do clube. O ex-palmeirense não vinha sendo relacionado, mas fez uma boa partida no empate contra o Fluminense, na rodada passada, e agora saindo do banco de reservas ajudou o Botafogo a se recolocar no jogo após um período de baixa contra o Bragantino. Foi Patrick, com um belo lançamento, quem iniciou a jogada que terminou no gol de Tchê Tchê.
Botafogo“O Patrick não equilibrou só a equipe. Ele libertou o Gabriel (Pires) e o Tchê mais pra frente. E foi essa libertação do Tchê mais pra frente, e o Patrick no passe, mais recuado, que fez (o Botafogo conseguir a vitória)”, comentou Luís Castro em sua entrevista coletiva após o jogo.
Gabriel Pires, Tchê Tchê e até Patrick de Paula. Três meio-campistas, setor conhecidamente visto como primordial por Luís Castro (e que perdeu até o fim da temporada um lesionado Eduardo), decidiram para o time voltar a vencer em casa. Um ganho de confiança que pode se mostrar necessário na difícil briga para conseguir uma vaga para a próxima Libertadores.
