Neste começo de tarde, quando Ajax e Chelsea foram a campo pela quarta rodada da Liga dos Campeões, as expectativas já eram altas. Afinal, era um duelo entre as duas equipes líderes do Grupo G, ambas recheadas de grandes talentos e um futebol envolvente.
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No papel, parecia um encontro de presente e futuro. O Ajax vem de um ano maravilhoso na competição, quando foi semi-finalista com uma equipe repleta de garotos e jogadores fora da mídia internacional. Hoje, talentos como Dusan Tadic, Hakim Ziyech, Frenkie de Jong (hoje no Barça), Matthijs de Ligt (hoje na Juve), entre outros, já viraram grandes nomes do futebol mundial. Mesmo com perdas, o Ajax não é mais o time do amanhã, ele é o hoje.
Enquanto isso, o Chelsea parece pensar no futuro. Proibido de contratar, o clube londrino voltou à sua base para montar um elenco que dá sinais de que pode ser especial em um futuro próximo, com jovens talentos procurando sua afirmação. Jogadores como Tammy Abraham, Fikayo Tomori, Callum Hudson-Odoi, Christian Pulisic, entre outros, parecem ser pivôs de uma reformulação no estilo da equipe. Um confronto entre duas grandes "escolas" desta temporada era promessa de um jogo especial.
Mas, ninguém poderia adivinhar quão especial seria esse confronto. Confira numa linha do tempo:
O COMEÇO ARRASADOR
Getty ImagesO jogo já dava indícios de que ia ser um jogão em seus primeiros minutos. Logo aos dois minutos, a dupla Azpilicueta - Abraham "entregou" um gol ao Ajax. Promes cobrou uma falta boba do capitão do Chelsea para a área, e o jovem centroavante do clube londrino empurrou para a meta. A meta errada, no caso. 1 a 0 Ajax;
No primeiro ataque do Chelsea, aos quatro minutos de jogo, foi a vez de Veltman cometer uma infração que deu um gol ao time adversário. Neste caso, a falta foi dentro da área. O zagueiro holandês derrubou Pulisic: penalidade máxima para os ingleses. O ítalo-brasileiro Jorginho cobrou, bola pra um lado, goleiro do outro. Sem chances para Onana. 1 a 1;
As equipes trocavam ataques inadvertidamente. Com marcação alta, os dois gigantes europeus buscavam o gol a todo momento. Em uma boa jogada da equipe inglesa, Kovacic entrou dentro da área e finalizou bem. Com os dois times apresentados, era a hora de outro personagem entrar na partida: o VAR. O croata estava impedido. Gol anulado do Chelsea.
Com o jogo aberto, parecia a hora de um dos craques em campo chamar a responsabilidade para si...
O SHOW DE ZIYECH
A equipe neerlandesa estava melhor em campo, pressionando o Chelsea. Por mais que isso tenha acarretado em cartões amarelos para ambos os zagueiros da equipe, Veltman e Blind, o Ajax tinha mais volume de jogo e parecia mais perto de marcar do que os ingleses. Só precisava daquele jogador que decidisse a partida.
E quando o Ajax precisa de um cara para decidir, normalmente esse jogador é Hakim Ziyech. Com o jogo empatado, o marroquino acerta um passe açucarado para Promes desempatar o placar e marcar o segundo dos holandeses. 2 a 1 Ajax;
Mas, seria leviano acreditar que Ziyech pararia aí.
Mike Hewitt / EquipeEm falta despretensiosa, na lateral do campo, Ziyech acertou um chute antológico na trave. No rebote, Kepa acabou marcando contra sua própria meta, e o Ajax abriu dois gols de vantagem sobre os ingleses. Impressionados com a rara beleza do tiro do marroquino, internautas já começavam até a falar que este seria um gol digno de uma indicação para o Prêmio Puskas. Veja:
O problema é que o belo chute de Ziyech não parece ter impressionado Ovidiu Hategan, juiz da partida. O romeno assinalou o tento como gol contra de Kepa, ao invés de dar os méritos para o marroquino. Ao mesmo tempo que o marroquino estava saindo como um dos heróis da partida até então, o goleiro espanhol do Chelsea saía como um dos vilões. 3 a 1 Ajax;
No intervalo, a equipe holandesa parecia estar em uma "partida dos sonhos", onde tudo estava correndo como o planejado. Quando começou a segunda etapa, então, o Ajax ainda ampliou a vantagem no marcador, em mais uma assistência de Ziyech, desta vez para Donny van de Beek. 4 a 1 Ajax;
Com grandes partidas de seus principais jogadores como Hakim Ziyech, Quincy Promes, Donny van de Beek e até mesmo David Neres, o Ajax parecia estar nos céus...
DO CÉU AO INFERNO
O quarto gol do Ajax veio como um banho de água fria para os ingleses. O Chelsea tinha começado melhor o segundo tempo, e viu seu centroavante Tammy Abraham perder duas chances claras. Sem nada a perder, a equipe londrina foi com tudo para o ataque.
Foi numa dessas investidas em que o Chelsea diminiui o marcador. O capitão Azpilicueta aparece dentro da área para empurrar a bola para gol, numa jogada típica de centroavante. Mesmo após o gol, com o placar de 4 a 2, sonhar com a vitória ainda parecia irreal para os ingleses. 4 a 2 Ajax;
Aos 68 minutos, a maré do jogo mudou.
ADRIAN DENNIS / ColaboradorCom quatro gols, o torcedor do Ajax já devia ter até esquecido que sua dupla de zaga estava amarelada. Bom, quem esqueceu teve uma surpresa muito, muito rápida. Em jogada individual de Abraham, Blind parou o atacante com falta violenta. No entanto, o romeno seguiu a lei da vantagem, já que a bola sobrava para Hudson-Odoi ter uma chance de chutar ao gol. O jovem, mas o Ajax defendeu o tiro.
No entanto, não foi Onana que fez a defesa, e sim, Veltman. Hategan imediamente assinalou pênalti para o Chelsea. Cartões amarelos para tanto Blind quanto Veltman, na mesma jogada. De supetão, o Ajax se via sem sua dupla de zaga. Na bola, Jorginho. Sem chances para Onana, de novo. 4 a 3 Ajax;
Para recompor a defesa, Ziyech e Neres foram sacrificados, em prol de Perr Schuurs e Edson Álvarez. Por quanto tempo o Ajax conseguiria suportar as investidas britânicas?
Não por muito tempo. Aos 74, em escanteio, Abraham acertou o travessão. No rebote, outro jovem resolver decidir: Reece James. Ele tinha substituído Mason Mount, machucado, e conseguiu marcar o gol que dava o empate ao clube londrino. Mas, isso parecia muito pouco para o Chelsea. Afinal, parecia questão de tempo até os ingleses conseguirem virar. 4 a 4;
A VIRADA...
E o Chelsea conseguiu virar! A pressão era enorme, e o quinto gol da equipe saiu no maior estilo Libertadores: um bate-rebate dentro da área. No final, a bola sobrou para Azpilicueta, de novo, fazer o gol da vitória e sair como herói. Era a redenção do espanhol, após fazer a falta que deu o primeiro gol ao Ajax. 5 a 4 Chelsea.
...ESQUECERAM DO VAR?
Falamos do VAR no começo, e com tanta coisa, ele pareceu um coadjuvante nessa história. Mas, num grande "plot twist", ele reapareceu. Antes de Azpilicueta empurrar para o gol, a bola havia desviado no braço de Tammy Abraham. Em um jogo tão cheio de reviravoltas, só um fator foi constante: a péssima partida do excelente atacante do Chelsea. 4 a 4.
MOMENTOS FINAIS
Não podemos esquecer da campanha do Ajax na temporada passada. Contra todos os prognósticos, os holandeses chegaram a uma semi-final, dando show. E quase que a redenção saiu dos pés de Tadic, muito apagado no jogo. Em jogada individual, o holandês abriu pra Álvarez se consagrar, e marcar o gol da vitória do Ajax.
KEPA!
Era a hora da redenção do goleiro do Chelsea. O espanhol conseguiu fazer uma defesa grandiosa e manteve o jogo em quatro a quatro. Com um jogador de sua qualidade, era blasfêmia esperar que o arqueiro não tivesse sua hora de brilhar.
E o Chelsea parecia determinado a vencer a partida. No primeiro jogo entre as equipes, em Amsterdan, quem decidiu foi Batshuayi, num gol no estourar dos cronômetros. Aos 90 minutos, o belga recebeu uma chance de ouro, girou em cima da zaga e chutou no canto do goleiro. Caixa?
ONANA!
O arqueiro camaronês conseguiu salvar o Ajax, numa defesa monumental. Em um jogo de oito gols, no final, os goleiros decidiram.
E apita o juiz! Nada mais do que justo. Em um jogo desses, ninguém merecia perder. Todos nós que tivemos a chance de assistir fomos vencedores. Palmas para Ziyech, Kepa, Abraham, Azpilicueta, Onana, Promes, e até para o VAR, os protagonistas de mais um capítulo grandioso na história do futebol.




