Técnicos que já treinaram seleção brasileira e clube ao mesmo tempo

Segundo pesquisa histórica do jornal O Globo, engana-se quem acha que Fernando Diniz a acumular as funções de técnico na seleção e no Fluminense. A lista, aliás, é e está listada no decorrer do texto. O primeiro, contudo, foi Luís Vinhaes. Entre 1931 e 1933 ele foi, ao mesmo tempo, comandante do Flu e do Brasil.

Em 1952, Zezé Moreira foi o treinador da seleção brasileira em cinco jogos ao mesmo tempo em que era técnico do Fluminense.

Sylvio Pirillo treinou o Fluminense entre 1956 e 1958, mas em 1957 foi o treinador do Brasil em quatro partidas.

Embora em contextos e épocas diferentes, ver um técnico de clube interinamente na seleção brasileira é mais comum do que se pode imaginar. Ainda que o histórico nos leve a décadas e décadas atrás, em situações bem específicas. Em 1960, por exemplo, Oswaldo Rolla, o “Foguinho”, era técnico do Grêmio e comandou uma seleção brasileira composta apenas por jogadores de equipes gaúchas no Pan-Americano daquele ano.

Um dos casos mais conhecidos, Filpo foi também um dos únicos estrangeiros a comandar a seleção brasileira. O argentino treinava o Palmeiras em 1965, quando o clube alviverde se vestiu com as cores do selecionado nacional em um amistoso contra o Uruguai, que marcou a inauguração do Mineirão.

Técnico do Corinthians em 1965, Oswaldo Brandão comandou a seleção brasileira (composta inteiramente por jogadores da equipe alvinegra) em amistoso não-oficial contra o Arsenal.

Técnico campeão mundial com o Brasil em 1962, Aymoré Moreira estava na Portuguesa quando, naquele movimentado 1965, chamou uma seleção paulista para representar o Brasil em amistoso contra a Hungria.

Antoninho, técnico do Santos, convocou uma seleção paulista para representar o Brasil em duelos contra o Paraguai, em 1968.

O histórico Dorival Knipel, que também ficou conhecido no Brasil como Yustrich, comandava o Atlético-MG quando jogadores do Galo representaram o Brasil em amistoso contra a Iugoslávia, em 1968.

Mario Jorge Lobo Zagallo já havia colocado seu nome na história, como jogador bicampeão do mundo. Depois de pendurar as chuteiras, a carreira como treinador arrancou com sucesso no Botafogo. E foi naquele período que Zagallo, enquanto comandante do Glorioso, esteve interinamente na área técnica do Brasil em amistosos contra Chile (1967) e Argentina (1968). Zagallo convocou jogadores dos clubes do Rio de Janeiro, especialmente do Alvinegro da Estrela Solitária.

Segundo o jornalista Paulo Vinícius Coelho, em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo, o Velho Lobo ainda era oficialmente técnico do Botafogo quando conduziu o Brasil ao título mundial de 1970. Zagallo se licenciou do Glorioso por um mês, e retornou com a Jules Rimet em mãos. No ano seguinte, também chegou a conciliar a função quando estava no Fluminense.

Histórico técnico do Flamengo, Coutinho conciliou o cargo no Rubro-Negro e na seleção brasileira em outubro de 1979.

Quando falamos de Brasil, o grande exemplo é o de Vanderlei Luxemburgo. Em 1998, Luxa aceitou o convite da CBF com a condição de também seguir com o Corinthians até o final daquele ano. Apenas a partir de 1999 ele estaria unicamente dedicado à seleção.

Vanderlei estreou no comando do selecionado nacional em setembro de 1998, durante empate contra a Iugoslávia, e em dezembro sagrou-se campeão brasileiro com o Corinthians. O exemplo de Luxemburgo é o mais forte porque ele não foi interino nem pela seleção, tampouco no período em que acumulou a função no Corinthians.

Apesar de ter sido Campeão Pernambucano em 2000, com o Sport, a passagem de Leão pela seleção brasileira no mesmo ano acabou sendo rápida e sem muita expressão.

Deixando jogadores em alta na época de fora da convocação para a Copa das Confederações 2001, como Romário e Rogério Ceni, a equipe foi derrotada nas semifinais para a França e na disputa de terceiro lugar para a Austrália.

A estadia de Leão na seleção acabou conhecida como "Era Leomar", jogador do Sport que treinava na ocasião, mas que não era tão conhecido publicamente.

O exemplo de Fernando Diniz, como ficou comprovado acima, não é incomum na história da seleção brasileira. A diferença é que, além de todo o contexto do futebol profissional ter mudado, Fernando Diniz desponta para ser o recordista em número de jogos como alguém que, ao mesmo tempo, comanda seleção brasileira e seu clube.