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Ousmane Dembele Ballon d'Or GFXGOAL

O substituto de Neymar fez o que o brasileiro não conseguiu: redenção de Ousmane Dembelé é a história da temporada e atacante do PSG merece a Bola de Ouro de 2025

O PSG é o rei indiscutível e inquestionável da Europa, após enfim conquistar a Champions League primeira vez na sua história na temporada passada - um feito significativo não apenas para um clube novo, fundado em 1970, mas também para o projeto da Qatari Sports Investment, que buscava a dominação continental desde sua aquisição em 2011. 

A equipe do técnico Luis Enrique será lembrada por anos pelo seu estilo "tiki taka-light", baseado em fluidez e futebol de posse ágil. E na vanguarda do seu sucesso está Dembelé. Com a premiação da Bola de Ouro de 2025 entregue ao atacante francês, listamos abaixo por que o camisa 10 do PSG mereceu ser o escolhido pela tradicional revista  France Football.

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    Caminho para a redenção

    A carreira de Dembelé tem sido uma história cheia de altos vertiginosos e baixos decepcionantes. Parecia destinado a acontecer dessa maneira desde o início. Afinal de contas, ele se tornou o segundo jogador mais caro de todos os tempos menos de dois anos após fazer sua estreia no time principal, e não é como se ele tivesse uma reputação de destaque durante seus dias nas categorias de base.

    Depois de impressionar na quinta divisão francesa, com a equipe B do Rennes, Dembelé foi promovido ao time principal para a temporada 2015/16, embora tivesse que esperar até novembro para fazer sua estreia. Ele terminou aquela campanha com 12 gols e cinco assistências em apenas 26 aparições na Ligue 1, com uma média de 0,8 contribuições por 90 minutos. Embora o tamanho da amostra fosse pequeno, foi o suficiente para convencer o Borussia Dortmund a gastar €35 milhões nele no verão de 2016, e após mais uma fantástica temporada no Signal-Iduna Park, o Barcelona desembolsou impressionantes €135 milhões para contratá-lo.

    Tal passo, indiscutivelmente, veio cedo demais para Dembelé, que era um diamante bruto que ainda precisava ser lapidado um pouco mais. Os ambientes de Rennes e Dortmund, bem conhecidos por seu desenvolvimento juvenil longe dos holofotes, eram mais adequados para isso. Mudar para um clube tão gigante como o Barça, ainda mais para substituir a lacuna deixada por Neymar, lhe entregava um cenário completamente oposto. 

    Dembelé não parecia pronto para amadurecer, mas o Barça precisava de impacto instantâneo. Estas eram duas linhas do tempo que não podiam coexistir, e ambas as partes sofreram por isso. O jogador vivia um estilo de vida que se assemelhava ao de um adolescente que não ganhava milhões - uma fonte contou à GOAL sobre sua dieta de fast-food e poucas horas de sono - e o clube exigia que o profissional estivesse à altura dos padrões investidos.

    Por sua parte, Dembelé admitiu ter 'desperdiçado' a maior parte de seu tempo no Camp Nou. E assumiu a responsabilidade por isso. Mesmo quando parecia que ele estava se encontrando, após Xavi ser nomeado treinador em 2021, ainda havia dúvidas sobre sua habilidade e disponibilidade. Foi após assinar um novo contrato em 2022, que ajudou a facilitar sua saída no ano seguinte, que o mundo começou a ver todo o seu potencial. Mas Dembelé escolheu entregar o auge de sua carreira com a camisa... do PSG.

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  • Paris Saint-Germain v FC Internazionale Milano - UEFA Champions League Final 2025Getty Images Sport

    História da temporada

    Mais uma vez, Dembelé trocou de clube como substituto de Neymar, embora desta vez com riscos consideravelmente menores. O PSG estava entrando em uma era mais baseada no trabalho de equipe do que em superestrelas, daí as saídas do brasileiro e de seu bom amigo, Lionel Messi. Houve também uma aceitação relutante de que Kylian Mbappé sairia em 2024.

    Como coadjuvante de Mbappé, Dembelé apresentou números não muito espetaculares enquanto o PSG conquistava uma dobradinha doméstica e chegava às semifinais da Champions League pela segunda vez em sua Era Qatar, caindo apenas, e de forma tão decepcionante quanto surpreendente, para o Borussia Dortmund.

    Foi apenas após a saída de Mbappé que Luis Enrique conseguiu, finalmente, construir uma equipe na acepção da palavra. Com o Barcelona, qualquer visão que ele tivesse era ditada por Messi e o "Trio MSN". No período em que comandou a seleção espanhola, o limite era a nacionalidade de suas peças. No PSG, havia chegado o momento de construir do zero, mas antes do sucesso geralmente vêm as dificuldades.

    É facilmente esquecido que o PSG quase foi eliminado da Champions ainda na fase de liga, com a vitória por 4 a 2, de virada, contra o Manchester City, na penúltima rodada, sendo saudada como um ponto de virada. Até então, Dembelé havia jogado principalmente na ponta direita. Estava a meio caminho de uma contagem de temporada de 35 gols e 16 assistências, mas foi somente quando ele fez a transição para jogar centralizado no comando de ataque, quase como um Falso Nove, que ele aumentou ainda mais seu nível.

    O PSG já tinha outros extremos dinâmicos em Desiré Doué e Bradley Barcola, enquanto a adição em janeiro de Khvicha Kvaratskhelia adicionou ainda mais talento e poder de fogo ao ataque. Luis Enrique montou uma linha de frente com dribladores ambidestros, todos igualmente excêntricos e altruístas, que podiam marcar e assistir.

    E Dembelé foi o destaque deste sistema ofensivo. Dezesseis de seus 21 gols no Campeonato Francês vieram entre dezembro e março, fazendo o PSG encaminhar mais um título nacional com antecedência, e dando tranquilidade para focar quase todas as energias na Champions League. O único jogo de mata-mata em que Ousmane não marcou ou assistiu foi na derrota por 1 a 0 para o Liverpool, no jogo de ida das oitavas de final. Além dos números, ele parecia se comportar de uma maneira completamente diferente, abandonando sua pele anterior, de frustração e lesões e confusão, para se vestir  com mais ousadia e confiança. 

    Até mesmo defensivamente, ele estava liderando a pressão pós-perda de bola como um maníaco faminto por maratona. Pouco depois de ser eliminado na semifinal do Mundial de Clubes, com goleada de 4 a 0 nas costas, o goleiro Thibaut Courtois, do Real Madrid, não escondeu sua admiração: "Eu disse a ele após o jogo que ele estava pressionando muito, e ele me disse que era isso que tinha que fazer. Em um despejo, tenho meio segundo para pensar sobre onde vou chutar, porque eles estão te pressionando."

    Finalmente, Dembelé percebeu seu potencial e muito mais. Mesmo os mais fervorosos de seus apoiadores poderiam ser perdoados por desistirem dele anos atrás. Vencedor da Bola de Ouro de 2025, ele será lembrado como o rosto do PSG 2024/25 quando estivermos velhos e grisalhos. Isso faz certa diferença.

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    Ultrapassando Mbappé

    As histórias de Dembelé e Mbappé também têm estado entrelaçadas por quase uma década. Ambos se destacaram no cenário europeu durante a temporada 2016/17, com o Monaco de Mbappé derrotando o Dortmund de Dembélé nas quartas de final da Champions League. A partir daí, Mbappé parecia ser o mais promissor dos dois, e foi realmente o que acabou acontecendo. Em nenhum momento entre 2017 e 2024 alguém considerou Dembelé um jogador superior, ou mais realizado, do que o jovem herói do título mundial da França na Copa de 2018.

    Pela primeira vez, os dois ficaram emparelhados a nível de clube quando Dembelé foi para o PSG, embora os amigos próximos tenham jogado juntos apenas por uma única temporada, antes da aguardada transferência de Mbappé para o Real Madrid. Suas fortunas desde então só ajudaram as credenciais de Dembelé para a Bola de Ouro, com o PSG tornando-se um time cerebral e letal que finalmente conquistou a Champions, enquanto o Madrid, até então detentor do título europeu, perdeu seu brilho com Mbappé na equipe, mesmo apesar dos sucessos individuais dele.

    Mbappé tem sido consistentemente apontado como um futuro vencedor da Bola de Ouro, o Rei a ocupar o trono após o duopólio de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. Portanto, não deixa de ser irônico vermos Dembelé recebendo o famoso prêmio individual da revista francesa.

  • FBL-WC-CLUB-2025-MATCH62-PSG-REAL MADRIDAFP

    Recomendações entusiasmadas

    Mbappé não parece amargurado com o desmantelamento de uma pseudo-rivalidade. Está feliz pelo progresso enorme que seu amigo fez, revelando o seguinte em junho: "Minha escolha [para a Bola de Ouro] é clara: eu voto em Dembelé." Ele não está sozinho em compartilhar essa opinião, obviamente.

    Entre as vozes mais tendenciosas, o presidente do PSG, Nasser Al-Khelaifi, afirmou: "A temporada de Ousmane é magnífica. Não há dúvida de que ele ganhará a Bola de Ouro. Se ele não ganhar, há um problema com a Bola de Ouro. Ele fez tudo." Luis Enrique, por sua vez, disse, após a vitória por 5 a 0 na final da Champions League, sobre a Inter de Milão que "daria a Bola de Ouro ao Sr. Ousmane Dembelé", mesmo com o camisa 10 não marcando gols na maior goleada da história das finais de Champions. "A forma como ele defendeu esta noite... Só isso pode valer a Bola de Ouro. É assim que se lidera uma equipe. Gols, títulos, liderança, defesa, como ele pressionou. Ousmane é a minha Bola de Ouro. Sem dúvidas", completou o técnico.

    Didier Deschamps, treinador da seleção francesa, concorda: "Claro que apoio Dembelé. Claro, se você perguntar a um espanhol, eles não dirão a mesma coisa. Está claro que Dembelé é quem merece [a Bola de Ouro]." Ibrahima Konaté, que também atua pela França, concordou: "Falamos sobre Lamine Yamal, Kylian Mbappé... Mas ninguém fala sobre Ousmane Dembelé. Ele entregou uma temporada excepcional. Honestamente, não tenho outras palavras para descrevê-la. Ninguém esperava por isso. Sou o homem mais feliz por ele. Honestamente, o vencedor mais merecedor da Bola de Ouro é Ousmane Dembelé."

    Paul Pogba, agora no Monaco, comentou: "Para mim, Dembelé sempre estará à frente de Yamal! Eu apoio Dembelé 100 por cento. Ele ganhou a Champions League, ele foi muito importante nesta temporada. Se ele não ganhar este ano, nunca conseguirá. [Achraf] Hakimi e Vitinha também foram muito bons. Mas Dembelé é o favorito para a Bola de Ouro."

    Alguém sem tanta afinidade é Gareth Bale, que também credita a ascensão do PSG aos esforços progressistas de Ousmane. Quando perguntado se o francês era o favorito para a Bola de Ouro, disse o seguinte: "Sim, eu acho que sim. Acho que você também tem que olhar para o que as equipes ganharam. Acho que todos obviamente falam sobre indivíduos, mas acho que se você está ganhando esses troféus também, vencendo a Champions League, obviamente eles ganharam seu triplo doméstico... É difícil ver qualquer outro depois da temporada que ele teve. Ele os transformou em troféus além da temporada que teve. Isso o torna o favorito de longe, na minha opinião."

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    Yamal tem que esperar

    Havia um clamor compreensível para coroar Lamine Yamal, com uma Bola de Ouro sacramentando este momento. O jovem do Barcelona está em um estágio semelhante ao que, anos atrás, vimos em Mbappé, mas da mesma forma deve esperar pela sua coroação.

    O que Yamal está fazendo em sua idade - ele só completou 18 anos em julho - é obsceno e sem precedentes. Enquanto ele permanecer focado e saudável, terá mais dias ao sol para brilhar e buscar a sua Bola de Ouro. Mas o melhor jogador da temporada 2024/25 e merecido vencedor da Bola de Ouro é Dembelé, independentemente disso.

    A última esperança que os apoiadores de Yamal tinham nesta corrida se resumiu a uma semifinal da Nations League que, sejamos honestos, poucos lembram. As apostas não eram nem de perto altas o suficiente para justificar rotulá-la como um duelo pela Bola de Ouro. Agora, se o Barcelona tivesse cumprido sua parte do acordo e realmente vencido a Internazionale naquela semifinal de Champions, talvez a história tivesse sido diferente. Não foi.

    No final das contas, Yamal não foi nem mesmo o melhor atacante do seu próprio time. Robert Lewandowski (42), Raphinha (34) e Ferran Torres (19) todos superaram seu total de gols de 18, enquanto Raphinha também igualou seu impressionante total de 25 assistências.

  • Final feliz

    O sonho de Dembelé foi realizado. Ele é o vencedor legítimo, o melhor jogador do mundo na última temporada, com as honras individuais e de equipe e estatísticas para acompanhar os intangíveis. Percorremos um longo caminho desde o garoto no Barcelona que jogava Fortnite demais.