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São Paulo se perdeu após saída de Dorival Júnior ou críticas a Thiago Carpini são exageradas?

Apertem os cintos, o piloto sumiu. O que acontece quando um avião perde o seu comandante? A responsabilidade de prosseguir o caminho em segurança recai nos colos do copiloto, evidentemente. O alerta é ligado, inicia-se apenas internamente um protocolo de emergência, mas a chance de o voo pousar em segurança é grande na enorme maioria das vezes. No futebol dos grandes clubes não funciona assim, evidentemente.

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Dorival Júnior foi, em sua segunda passagem pelo São Paulo, o melhor comandante que o Tricolor teve desde Muricy Ramalho. E ganhou este status porque conquistou o título mais valorizado pelos são-paulinos desde o Tri-brasileiro em 2006-2007-2008. Ney Franco foi campeão da Sul-Americana em 2012, Crespo ajudou a tirar o clube do jejum de títulos com o estadual de 2021. Mas Dorival revitalizou uma equipe toda irregular e terminou a temporada de 2023 levantando a Copa do Brasil.

Começou 2024 e a expectativa era de prosseguimento do trabalho... mas Dorival deixou o São Paulo. Não tinha como negar o chamado da seleção brasileira. De forma inesperada, o Tricolor se viu sem o seu melhor treinador dos últimos tempos. O que fazer? Como estabilizar o voo em turbulência? A escolha são-paulina foi pelo jovem Thiago Carpini, que vinha de um ano de muito sucesso dentro do que se esperava de Água Santa e Juventude. Em três meses de trabalho, o novo técnico já foi da euforia à pressão para ser demitido – um puro suco de futebol brasileiro.

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  • Thiago CarpiniSão Paulo FC

    As críticas sobre Carpini

    Logo em seus primeiros cinco jogos, Carpini viu o seu São Paulo vencer os clássicos contra Corinthians, pelo Paulistão, e Palmeiras, pela Supercopa do Brasil. A vitória nos pênaltis sobre os alviverdes deu ao jovem técnico são-paulino a primeira taça de sua carreira em clubes profissionais. Onde começaram as críticas? Elas iniciaram mais pelo rendimento do time, que foi caindo, do que pelos resultados (foram apenas duas derrotas em 13 partidas).

    O São Paulo vem apresentando dificuldades na construção e criação de suas jogadas de ataque, mas a primeira grande turbulência de Thiago Carpini como comandante são-paulino veio após a vitória por 3 a 2 sobre o Ituano, com um gol salvador nos últimos minutos, de pênalti, evitando a eliminação de seu time na fase de grupos do Campeonato Paulista.

    Se desde que o Paulistão voltou a contar com fase de grupos prévia ao mata-mata, em 2007, o São Paulo era o único que sempre havia avançado, um insucesso aqui viria com um peso narrativo no mínimo chato. Mesmo levando em conta o fato de o Tricolor ter disputado em um dos grupos mais fortes da atual edição do estadual (o único deste Paulistão em que não há time fora da pirâmide das quatro divisões do Brasileirão).

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  • Thiago Carpini e Luciano, São Paulo, Supercopa do Brasil 2024Rubens Chiri / saopaulofc.net

    As bizarrices do início de temporada no Brasil

    O grande asterisco é que ainda estamos naquele início modorrento de temporada de futebol brasileiro, com os campeonatos estaduais. Vale criticar mais o São Paulo por ser menos criativo contra times tecnicamente bem inferiores, ou isso faz parte do desenvolvimento normal de uma equipe que deveria estar fazendo pré-temporada?

    Talvez não exista uma resposta satisfatória para a pergunta, daí a brecha para Thiago Carpini já se ver pressionado mesmo estando a três meses no clube e tendo apenas duas derrotas – e sempre escalando um time no máximo de suas capacidades, em que pese os desfalques, deixando de dar mais oportunidades a jovens valores em um momento que também é para ser de testes.

    O ponto positivo é que a diretoria descarta a possibilidade de demitir o treinador, segundo apurado pela GOAL. Bizarro seria se fosse levada pela emoção e cogitasse fazê-lo nesta altura da temporada.

  • Dorival Junior, Flamengo x São PauloGetty Images

    O São Paulo não era uma máquina com Dorival

    Até porque, vale lembrar que o time de Dorival Júnior estava longe de ser uma máquina de jogar bola. Ganhou a Copa do Brasil, com todos os méritos, e isso é ótimo. Mas ficou em 11º no Brasileirão, e exceção feita ao título conquistado o São Paulo de 2023 não foi, sob o comando de Dorival, uma equipe que fazia os olhos brilharem.

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  • Thiago Carpini, São Paulo Paulista 20124Rubens Chiri / saopaulofc.net

    No futebol, o destino não é certo

    Analisando o número de gols esperados com a bola em movimento (ou seja, desconsiderando jogadas de bola parada), a média atual do São Paulo de Carpini é praticamente a mesma do São Paulo de Dorival: 1,17 do atual comandante contra 1,12 de seu antecessor. É claro que vale o contexto de que a estatística de Dorival leva em conta adversários muito melhores – times de elite nacional – do que os do Paulistão.

    E é por isso que parte das críticas sobre o São Paulo atual são, sim, válidas. Mas daí a existir pressão por demissão de Carpini, já soa como exagero e necessidade de se criar grandes notícias para um período mais chato do futebol brasileiro.

    Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Carpini merece ter mais tempo de trabalho – o seu aproveitamento atual, de quase 59%, é o maior de um comandante são-paulino desde 2015. Mas conseguirá suportar à pressão louca que existe em um grande clube do futebol brasileiro, especialmente quando seu antecessor foi um dos grandes personagens de um grande título – além de ser o atual técnico da seleção brasileira? A sombra de Dorival ainda vai pairar sobre um comandante que ainda vai passar por outras turbulências.

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