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Com Zagallo e Beckenbauer, os grandes Deuses do Futebol se reencontram no Olimpo da bola

As portas do Olimpo se abriram, neste início de 2024, para receber talvez os seus últimos dois membros cujos corpos mortais ainda viviam em nossa terra. Maior vencedor da história das Copas do Mundo e do futebol brasileiro, Zagallo foi num dia e Beckenbauer não tardou em tomar o mesmo caminho. Em meio a tantas homenagens, o fato de que os maiores gigantes de toda uma Era já não estão materialmente entre nós. Uma óbvia sensação de perda e, portanto, luto.

Nos últimos anos também tivemos que nos despedir de Pelé, Maradona, Cruyff e muitos outros. Se o futebol nos permite fazer grandes paralelos com a vida, a sua história também anda lado a lado com toda a nossa existência. Quando o ser-humano lascou intencionalmente a primeira pedra, um de seus primeiros deuses era uma bola. Uma bola de fogo, distante, que provia calor e ajudava em colheitas.

As primeiras figuras divinas eram ligadas à natureza e simbolizavam fertilidade. Quando o homem se desenvolveu, passou a adorar outros ídolos. A Mesopotâmia tinha suas figuras, o Egito também... mas a cultura ocidental como conhecemos hoje começou, mitologicamente, quando Zeus e seus irmãos fizeram a passagem do que se considerava como “ordem antiga”, que simbolizava os primeiros passos do ser-humano, para um período marcado pelo salto de desenvolvimento das capacidades humanas. O grande símbolo mitológico disso era o Monte Olimpo, a morada destas divindades.

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  • Uruguai 1924 01082016

    Os primeiros deuses do futebol

    As primeiras décadas de estabelecimento mundial do Esporte Bretão servem como paralelo à época daquelas primeiras divindades da nossa história humana. Os primórdios. Uma Era tida como mais pura e menos personalista, o momento do esporte como colheita -- e não o seu auge como expansão e de símbolos próprios. A bola, e não tanto quem fazia o quê com ela, era a divindade máxima, ainda que, claro, tenhamos inúmeros nomes a serem exaltados.

    A Copa do Mundo FIFA talvez sirva como grande ponto histórico de divisão entre este mundo antigo e novo para o futebol. Depois de alguns testes bem-sucedidos nas Olimpíadas de 1924 e 1928, a entidade que regulava o esporte viu que já era possível fazer uma competição global e exclusivamente sua. Dali para a frente, o futebol cresceu, se expandiu e conquistou territórios como em nenhum outro momento. E os heróis que ajudaram isso a ser possível podem ser considerados, nesta jocosa comparação, como uma espécie de fundadores do Olimpo futebolístico.

    Pegue os jornais, livros e relatos mais antigos (como se fosse uma espécie de Lara Croft ou Indiana Jones) e as palavras sobre Deuses do Futebol são ditas de forma generalista. Sem muito personalismo. Avance um pouco no tempo, e você poderá ler relatos indicando como os feitos históricos de Pelé e tantos outros garantiram a eles um lugar em um Olimpo da bola. Este roteiro aconteceu até mais recentemente, com Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Ou seja: seus feitos lhe garantiram imortalidade.

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  • Pelé 1970 BrasilReprodução

    Futebol e seu único Olimpo

    No Olimpo da mitologia greco-romana são 12 os grandes deuses olímpicos (embora outras deidades se candidatem a uma vaga) e a sua cronologia é clara: Zeus, o todo poderoso, puxou o bonde desde o início. No futebol, a divindade maior é Pelé, mas já existia um uruguaio Obdulio Varella antes – o capitão/craque do Uruguai no Maracanazo de 1950, que mesmo saindo de campo com a camisa celeste ensanguentada se misturou aos brasileiros, naquela mesma noite, para ser exaltado e consolar o povo ferido com a derrota enquanto bebia drinks e cerveja nos arredores da Praça São Salvador.

    Yashin, o “Aranha Negra”, o primeiro maior goleiro de todos os tempos. Ferenc Puskas, que hoje é símbolo de gols bonitos. Bobby Charlton, o grande craque da história do futebol inglês. Alfredo Di Stéfano, que praticamente fundou o Real Madrid como conhecemos hoje e até sua rivalidade com o Barcelona. Garrincha e Maradona, os deuses da bola mais humanos e encantadores.

    Zagallo está longe de ser uma Hera ou Afrodite, mas seu casamento eterno com a seleção brasileira não foi apenas uma formalidade: sua paixão pela amarelinha foi tão ardorosa e eterna quanto vitoriosa. Debaixo do nível do mar com a Holanda, Johan Cruyff surgiu como se fosse um Poseidon: presente em quase todo o terreno, fazendo valer sua força mas sobretudo o seu cérebro. Franz Beckenbauer, como um Hades, morou nas profundezas do gramado e cuidava de tudo aquilo como ninguém, sem deixar de querer se aventurar para outros lugares em busca de um respiro de felicidade que só um gol pode nos trazer. Dá até para citar um Paolo Rossi, só porque toda história – até mesmo as mitológicas – precisa de um vilão.

  • Beckenbauer ZagalloGetty Images

    Histórias continuarão a serem contadas

    Desta turma toda de heróis citados, todos pararam de jogar muitas e muitas décadas atrás. As suas histórias, contudo, seguiram a ser contadas da forma como tinha que ser: com os merecidos contornos épicos. Estamos, afinal de contas, falando de pontos de inflexão que ajudam a explicar toda uma época, e pavimentam o caminho que mostra como chegamos até aqui.

    A maior parte dos que, mais recentemente, homenageou Zagallo e Beckenbauer sequer os viu jogar. As vitoriosas carreiras como técnicos são as lembranças mais recentes -- e ainda assim bem antigas. Talvez fossem os últimos convidados a reencontrarem, agora espiritualmente, os outros deuses deste Olimpo do futebol.

    É por isso que entre nós, reles mortais, fica uma espécie de sensação de vazio: eles, de Pelé a Zagallo e Beckenbauer, já não podem mais serem alcançados fisicamente... mas engana-se quem acha que não estão entre nós. Novos deuses da bola, religiões e seitas virão. Novas histórias já estão sendo escritas e esta é a beleza da coisa toda, mas que não nos esqueçamos de gente como Zagallo, Beckenbauer e todos estes olimpianos de grandes feitos e nenhum xG registrado.

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