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Lionel-Messi(C)Getty Images

Punição 'relâmpago' de Lionel Messi mostra que jogadores ainda são quem mandam no PSG

Apenas um vídeo de desculpas foi o bastante. Lionel Messi aparece olhando para a câmera, em frente a uma parede sem cor, vestindo um terno elegante. No vídeo de 38 segundos, ele se desculpou com seus companheiros de equipe, mas também defendeu a viagem à Arábia Saudita que desencadeou sua suspensão de duas semanas.

E, para o PSG, isso aparentemente foi suficiente. Na segunda-feira (08), ele treinou sozinho nas instalações do clube. No dia seguinte, terça-feira, ele pareceu estar treinando com a equipe. Ou seja, menos de uma semana depois de ignorar propositalmente uma determinação do clube, Messi está de volta.

Seu retorno antecipado é mais uma questão de destaque em uma temporada caótica para os parisienses. Trata-se de uma medida totalmente previsível, mas ao mesmo tempo decepcionante, que mostra, mais uma vez, o quanto o clube perdeu o controle de seus jogadores e da "marca" como um todo. Essa suspensão deveria mostrar que o PSG é capaz de se impor. Em vez disso, a situação com o argentino apenas ampliou a impotência da equipe.

  • Mbappe MessiGetty

    O que foi prometido

    Talvez tudo isso seja um pouco injusto com o PSG. Em lugar nenhum seria fácil suspender Messi. De fato, colocá-lo no banco é quase impossível. Messi é maior do que o clube. Ele leva torcedores ao Parc des Princes e novos seguidores nas mídias sociais.

    Isso também não é exatamente um conceito novo para o PSG. Kylian Mbappé provou que ele também tem imensa influência ao liderar uma campanha de renovação de ingressos para a temporada - antes de garantir que a propaganda fosse retirada graças a um pequeno texto em seu story do Instagram, onde dizia: "não sou Kylian Saint-Germain".

    Só que com Messi é mais difícil de controlar. É provável que Mbappé permaneça no time por pelo menos mais um ano. Ele é um produto local, um dos capitães do clube, além de possuir um contrato que não vai expirar neste verão. Ele conta com o apoio dos torcedores do PSG - independentemente do que faça ou tenha feito.

    Messi não se adaptou a Paris da mesma forma. Há um sentimento predominante de que ele é um mercenário que nunca quis deixar seu primeiro amor, o Barcelona - e provavelmente voltará ao clube se isso for de fato possível. Messi é, antes de tudo, um vencedor da Copa do Mundo e sete vezes da Bola de Ouro. Jogar no PSG é quase uma atividade secundária.

    E o PSG não pode simplesmente aceitar isso. Os clubes devem tentar fingir algum tipo de controle sobre suas superestrelas. Os parisienses, ao contratar Messi, anunciá-lo e vender milhões de camisas dele, assumem essa responsabilidade. Eles possuem Messi como jogador, mercadoria e ferramenta de marketing.

    Mas esse apelo em massa, os cliques e os uniformes vendidos que sua mudança para Paris trouxe, talvez estivessem sempre em desacordo com suas ações em campo. Nesta semana, o PSG, apesar de prometer o contrário, sucumbiu ao apelo do marketing.

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  • Lionel Messi Paris Saint-Germain 2022-23Getty

    O que foi feito

    Não há nenhuma razão real para trazer Messi de volta antes do final da suspensão. O PSG tem a Ligue 1 garantida há algumas semanas - é verdade, com Messi fazendo sua parte para garantir o título. Este deve ser o momento de apresentar algumas atuações sólidas quando o campeonato estiver chegando ao fim. Em um mundo ideal, o técnico Christophe Galtier estaria dando minutos aos jovens Warre Zaire-Emery e El-Chadaille Bitshiabu.

    Há alguns jogadores que estão em busca de novos contratos - Sergio Ramos, por exemplo - que gostariam de estar em campo. Mas, a essa altura, o PSG deveria ter tomado suas decisões com base em um conjunto de trabalhos.

    Isso fica ainda mais claro quando se observa a lista de jogos do PSG. Os parisienses têm compromissos contra Ajaccio, Auxerre, Strasbourg e Clermont Foot para encerrar a campanha. Todos os quatro times estão na metade inferior da tabela. Por mérito esportivo, então, era melhor para o PSG, e talvez para o próprio Messi, que o clube mantenha o argentino fora de cena.

  • Messi GaltierGetty

    Apenas um teatro

    Eles tentaram. O PSG estava em uma posição em que precisava fazer de alguém um exemplo. Os líderes da Ligue 1 passaram por um 2023 complicada, ficando de fora da Liga dos Campeões e da Copa da França, além de tropeçarem no caminho para a conquista do título da primeira divisão.

    A equipe não teve força e agressividade. Quer fosse Messi ou qualquer outro membro da equipe que tivesse saído de avião quando deveria estar treinando, os parisienses eram obrigados a punir tais ações de maneira séria.

    Tudo isso foi levado, de fato, muito a sério. Messi foi banido sem cerimônia pelo clube, sem mais comentários. Christophe Galtier não deu nenhuma explicação quando perguntado sobre o assunto em uma coletiva de imprensa na última quinta-feira. O mundo inteiro foi informado de que Messi não teria permissão para jogar, treinar ou mesmo pisar na propriedade do clube. Fomos levados a acreditar que Messi estava, na verdade, sentado em seu sofá, lamentando a oportunidade perdida.

    Então, na segunda-feira, apareceu uma foto dele no treino, vestido com o uniforme completo do PSG. O próprio clube não comentou, mas está claro que Messi está de volta. Todos os sinais apontam para que ele jogue no domingo.

    E talvez ele fosse jogar de qualquer maneira. Se suas atitudes tivessem acontecido antes de um confronto da Liga dos Campeões ou da decisão de um título, sua viagem para receber centenas de milhões talvez fosse recebida com um olhar de desaprovação, ou talvez até com uma multa. No entanto, momentaneamente, o PSG deu a entender que finalmente havia feito algo concreto. Então, muito subitamente, admitiram que sua ação contra Messi tinha acabado.

  • PSG FANSGetty Images

    Fazer as pazes com a torcida

    Os torcedores também tiveram seu papel nisso. A viagem de Messi provocou uma onda de protestos dos ultras do PSG. Um grupo se reuniu em frente à sede do clube em Paris para protestar. Eles pediram a saída de Messi usando uma linguagem "bastante tranquila", incentivaram "educadamente" o brasileiro Neymar a deixar o clube e também atacaram o presidente Nasser Al-Khelaifi.

    As tensões vêm se manifestando há algum tempo no Parc des Princes. Os torcedores tem vaiado e ridicularizado Messi desde fevereiro e Neymar, alvo de críticas. A fonte da maioria de seus protestos se deve à falta de integridade do clube e à sua incapacidade de conter as queixas dos craques frustrados.

    Aparentemente, apaziguar a situação com Messi não torna as coisas mais fáceis. Na verdade, isso só vai irritar ainda mais uma base de torcedores desiludidos. O PSG tomou uma medida surpreendente ao cancelar metade dos ingressos de seus ultras para o confronto entre Paris e Troyes no último fim de semana. Esse grupo já irritado não precisa de mais motivos para ficar com raiva do clube.

    Há, de fato, algo a ser dito para limitar o impacto dos protestos supostamente condenatórios antes que eles realmente aconteçam. Mas dar ao grupo irritado seis dias para ajustar a forma como reage a essa última decisão provavelmente será pouco para acalmar suas reclamações.

  • Lionel Messi PSG Lyon 2022-23Getty Images

    Atitude tão, tão previsível...

    Essa está longe de ser a primeira vez que o PSG tem problemas com astros globais. A natureza de sua decisão de contratar os grandes nomes faz com que eles se exponham a essas situações.

    Mas Messi deveria ser diferente. É uma espécie de mito o fato de ele ter sido um menino de ouro no Barcelona, mas ele não fez necessariamente nada absurdo - não nessa escala. Suas atitudes, no entanto, deram aos parisienses a chance de reprimir, punir, mostrar que podem administrar o drama que muitas vezes acompanha os jogadores mais famosos do mundo.

    No entanto, eles voltaram a um padrão familiar. Messi foi perdoado, com menos de um minuto de um meio pedido de desculpas pouco convincente, o que foi suficiente para reintegrá-lo a um time no qual ele nunca deveria ter sido autorizado a jogar novamente. O PSG manteve a calma por cinco dias. Depois, voltou a ser o mesmo e previsível clube.

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