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De Botafogo e Red Bull Bragantino a Cruzeiro e Vasco: SAF's vivem céu e inferno no Brasileirão 2023

Dinheiro traz felicidade? Bom, depende do que você considera ser felicidade. Para torcedores de futebol, é um conceito fácil de se definir. Títulos. E quase tudo o que for contrário é motivo de frustração, mas é como diz o ditado: nada é tão ruim que não possa piorar. O que seria pior, então, do que não levantar troféus? Um rebaixamento no campeonato nacional, com certeza.

Quando falamos sobre dinheiro no futebol brasileiro, nos últimos dois anos é difícil não falar sobre as SAF’s (Sociedade Anônima do Futebol), os famosos “clubes-empresa”. A depender de para quem você torce, capaz de ter comemorado a transformação do seu clube em uma SAF. Afinal de contas, a promessa de injeção de dinheiro traz consigo aquela sensação de que tudo vai melhorar. E aí a pergunta que abre este texto volta a galope, e sem uma resposta definitiva.

A tabela do Brasileirão 2023 ilustra muito bem tudo o que há de bom e de ruim nas SAF’s. Na realidade, elas, assim como os clubes associativos, estão sujeitas a sucessos e insucessos. A glórias e perdas. Vale a máxima de que a certeza é que não há certeza. Os clubes-empresa podem trazer mais estabilidade do que o comum dentro do mercado brasileiro, disso não há muita dúvida. Mas (para manter a onda de clichês) no final das contas, quase tudo acaba sendo decidido no 11 contra 11.

  • Eduardo e Tiquinho, Botafogo 2023Vitor Silva/Botafogo

    Botafogo e uma experiência intensa

    Se você sair perguntando na rua “qual é a melhor SAF do Brasil”, hoje dificilmente a resposta não será Botafogo. O Glorioso lidera o Brasileirão desde a terceira rodada, faz a melhor campanha de sua história nos pontos corridos, quebrou uma série de tabus e se colocou como favorito ao título – que não é celebrado pelos alvinegros desde 1995.

    Nem sempre foi assim. Comprada pelo norte-americano John Textor, e agora parte da Eagle Holding, a SAF botafoguense começou com o roteiro óbvio da comemoração. Afinal de contas, era a única forma de os torcedores verem o Glorioso voltando a honrar sua alcunha no mais alto nível do esporte. Mas o trabalho teve altos e baixos sob o comando de Luís Castro, em 2022, e um grande período de baixa no início deste 2023 chegou até a pôr em risco o emprego do português.

    Mas o período de alta, ainda sob o comando de Castro, catapultou o Botafogo: de azarão ao título a postulante, de postulante a candidato. Luís Castro saiu no meio do caminho, por escolha própria ao aceitar o chamado do Al Nassr de Cristiano Ronaldo, mas os alvinegros seguem no topo da tabela. Hoje, são favoritos ao título. Quando a bola entra, fica sempre mais fácil de se elogiar, mas este Botafogo conta com grandes jogadores (incluindo Tiquinho Soares, craque da competição até aqui) e conseguiu ir fortalecendo toda sua estrutura de futebol.

    O trabalho do scout é elogiável. O goleiro Lucas Perri e o zagueiro Adryelson chegaram sem grandes taxas de transferência, e recentemente foram até convocados para a seleção brasileira. E se não deixaram o Estádio Nilton Santos durante a janela de transferências, muito se deve à nova vida do Botafogo como SAF. Sai a realidade do desespero, do vender o almoço para comprar a janta, entra todo um projeto de sustentação. A torcida botafoguense enfim voltou a sonhar, e pode voltar a viver uma realidade gloriosa.

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  • Eduardo Sasha, Bragantino 2023Getty Images

    Red Bull Bragantino em voo pleno

    Já o Red Bull Bragantino é o clube-empresa que já apresentou os melhores resultados. Ao menos até outubro de 2023, claro. Contando com toda a experiência da empresa de bebidas energéticas, que já possuía clubes de sucesso mundo afora, o time de Bragança Paulista voltou para a elite em 2020. Um ano depois, já tinha chegado na final da Copa Sul-Americana (perdendo na final para o Athletico-PR).

    Na atual temporada, ocupa a segunda posição, atrás do Botafogo e se permite sonhar com o título. Se os feitos do Massa Bruta talvez não repercutem tanto quanto os resultados, é provavelmente pelo fato de não ser um clube com milhões de torcedores espalhados pelo país. De qualquer forma, o BragaBull tem sido um exemplo constante de sucesso.

  • Deyverson, Cuiabá 2023Divulgação/Cuiabá

    A situação específica do Cuiabá

    Clube-empresa desde sua fundação, em 2001, o Cuiabá é outro antigo exemplo de sucesso. Com vinte anos de idade, estreou na Série A e segue firme na elite desde então. A campanha de 2023 teve altos e baixos, mas a tendência é que siga na primeira divisão em 2024.

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  • Goiás 4 x 6 Bahia, Brasileirão 2023Felipe Oliveira/Bahia

    Bahia City corre riscos

    Evidente que deve ser mais tranquilo fazer um trabalho encaixar quando não há tanta pressão de torcida, como nos casos de Red Bull Bragantino ou Cuiabá. A pressão em um grande clube muda cenários para o bem e para o mal. O Bahia, que faz sua primeira temporada como um clube do poderoso Grupo City (dono do Manchester City), começa a ditar o exemplo das SAF’s cuja maior briga na temporada é evitar o rebaixamento para a Série B. Segundo estatísticas da UFMG, as chances de o Tricolor cair para a segunda divisão estão em 21,2%.

  • Ronaldo Nazário, CruzeiroGustavo Aleixo/Cruzeiro

    Acabou o amor entre o cruzeirense e Ronaldo

    Depois de enfim retornar à elite, com uma campanha histórica na Série B de 2022, o Cruzeiro começou a dar motivos para seus torcedores temerem uma nova queda. A derrota por 2 a 0 sofrida contra o Flamengo, em pleno Mineirão, pela 27ª rodada, colocou de vez a Raposa no radar dos possíveis rebaixados. Dono da SAF celeste, o eterno craque Ronaldo foi hostilizado com xingamentos pela péssima fase de sua equipe, um cenário muito diferente de quando o Fenômeno comprou o futebol do clube mineiro, em 2022.

  • Pablo Vegetti, Vasco da Gama 2023Leandro Amorim/Vasco

    Vasco, das ilusões a uma dura realidade

    Quem também viu a expectativa de sonhos virar pesadelo foi o Vasco. Depois de ser um dos clubes que mais gastou no início de 2023, a SAF da 777 Partners fez a sua pior primeira metade de Brasileirão. E quando isso acontece em um clube desta dimensão, os protestos da torcida são a consequência mais leve. A insatisfação era óbvia com a dona do futebol cruz-maltino.

    O rebaixamento já começava a parecer uma certeza quando houve uma dura correção de rota. Saiu o técnico Maurício Barbieri, chegou o argentino Ramón Díaz, mas ainda mais importante foram os reforços contratados na segunda janela de transferências: de Medel ao artilheiro Pablo Vegetti, passando até pelo francês Dimitri Payet. Depois de passar mais da metade da competição na zona de rebaixamento, o Vasco deu mostras de que pode alcançar a salvação. Mas a disputa será dura até o final, e não há garantias de nada.

  • Jesé no CoritibaGetty Images

    Coritiba, realidade velha e nova

    Para o Coritiba, campeão brasileiro em 1985, a novidade neste ano foi ter se juntado à turma das SAF’s. O acordo com a Treecorp Investimentos, contudo, foi sacramentado durante uma temporada que se encaminha para terminar de um jeito que o torcedor coxa-branca infelizmente conhece bem: o rebaixamento. Hoje, as chances de queda ultrapassam os 95%. O aceno a dias melhores ficou pelas contratações de nomes internacionais, como o atacante Slimani e o espanhol Jesé Rodríguez... mas parece ter sido tarde demais.

    No futebol e na vida, dinheiro pode trazer felicidade. Mas existem outros muitos fatores a serem levados em conta.

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