Data Fifa virou símbolo de desespero no Brasil: seja por clubismo, tédio ou raiva da seleção

Serão jogos no mínimo interessantes, mas a experiência de ver a seleção brasileira em campo foi terrível durante todo o ano passado. Em 2023 o Brasil iniciou o seu novo ciclo de Copa do Mundo sem treinador, e sem treinador seguiu até dezembro. Ramón Menezes foi o primeiro interino, enquanto Fernando Diniz assumiu outro período de interinidade com a CBF fazendo um collab com o Fluminense.

A promessa era a de trazer o italiano Carlo Ancelotti, do Real Madrid, o que já parecia jogar Diniz para escanteio. No final das contas não veio Ancelotti, e Diniz também não continuou. Não que houvesse alguma pressão popular pela sua permanência.

Ao contrário do que aconteceu com o Fluminense, campeão carioca e da Libertadores em 2023, os resultados do Brasil Dinizista foram péssimos: duas vitórias, um empate e três derrotas. O técnico teve o terceiro pior aproveitamento (38,8%) de um comandante após cinco partidas pelo Brasil – ficando atrás apenas dos 37% de Emerson Leão em 2001 e dos 33,3% de Chico Neto em 1923.

Ou seja, na sequência de mais uma eliminação em quartas de final de Copa do Mundo, a seleção brasileira seguiu dando mais motivos de irritação do que de felicidade.

Em 2023 o Brasil fez sua pior campanha de Eliminatórias após seis rodadas (ocupa apenas a sexta posição), perdeu uma invencibilidade de 37 partidas na competição e, pela primeira vez na história, foi derrotada em casa (1 a 0 contra a Argentina) no certame classificatório. Ruim demais. Cabe agora a Dorival Júnior, técnico pra valer do selecionado, mudar este cenário.

Apesar de contar com uma série de jogos emocionantes, e de grande importância, também é verdade que a Data Fifa traz consigo a saudade de ver os grandes clubes em ação pelos maiores campeonatos. É basicamente uma semana sem duelos televisionados da Premier League inglesa, ou de partidas envolvendo um Real Madrid aqui ou Barcelona ali.

Não é que não tenhamos jogos sem importância. As eliminatórias para Eurocopa de 2024 são legais, mas todas as grandes seleções já estão com vaga garantida. E com o Mundial de 2026 garantido para 46 países, as Eliminatórias Sul-Americanas perderam qualquer senso de urgência mesmo com o Brasil em sua pior fase: mais da metade das seleções da Conmebol podem jogar a Copa do Mundo.

Embora amistoso seja legal... é só um amistoso. Fica aquela saudade de ver uma partida de primeiro nível valendo três pontos importantes, com alguma coisa real em jogo. As seleções jogam muitas vezes, mas quais são os jogos que realmente animam e geram expectativa?

De qualquer forma, ainda causa estranheza ver os principais clubes brasileiros sem compromissos oficiais em uma Data Fifa (exceção feita à Copa do Nordeste). É que, assim como no ano passado, em 2024 o futebol brasileiro de clubes não terá jogos nos dias de jogos das Eliminatórias ou de amistosos.

O problema é que isso só funciona na letra fria da súmula, pois na prática o destaque do seu time que for convocado terá, muito provavelmente, que pegar algum voo fretado para, com o sono atrasado e o músculo desgastado, chegar em cima da hora de alguma partida importante de Campeonato Brasileiro.

É por isso que as convocações do Brasil nos últimos anos trazem consigo um fator de bipolaridade sentimental: o orgulho de ter um jogador do seu clube na lista vira, rapidamente, preocupação e até raiva pela possibilidade de desfalque ou pela certeza de que ele não estará em 100% de suas condições normais.

Ah, e em 2024 as pausas de Datas Fifa para Eliminatórias e amistosos está longe de ser o grande vilão para clubes brasileiros. Os campeonatos seguirão em atividade durante todo o mês de Copa América. O futebol de seleções realmente desperta grandes sentimentos de paixão...