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Aston Villa: o projeto que levou o time da segunda divisão a candidato ao título da Premier League

O futebol inglês já provou, mais de uma vez, que hierarquias não são imutáveis. Em uma liga marcada por poder financeiro e tradição centenária, projetos bem executados foram capazes de redefinir destinos. Para citar alguns, o Manchester City deixou de ser coadjuvante para se tornar referência global, enquanto o Leicester escreveu o conto de fadas definitivo ao desafiar a lógica e conquistar a Premier League em 2016. Histórias assim ajudam a explicar por que a Inglaterra segue sendo um terreno fértil para ascensões improváveis.

Nesse cenário, o Aston Villa surge como um novo caso de sucesso que começa a ganhar contornos ambiciosos. Fora do chamado Big Six e distante dos holofotes mais intensos, o clube de Birmingham construiu seu caminho com menos barulho e mais consistência. A reconstrução não foi imediata nem linear: passou por quedas, ajustes e escolhas estratégicas que, aos poucos, devolveram competitividade a um time que havia se tornado figurinha carimbada da segunda divisão.

São muitos os fatores que fizeram o Villa alcançar 11 vitórias consecutivas em todas as competições na atual temporada, o único time além do Bayern de Munique a conseguir tal feito nas cinco grandes ligas, além de estar na terceira colocação da Premier League e também da fase de liga da Europa League. 

Quais são os motivos desse sucesso e por que o Aston Villa corre por fora como candidato ao título do Campeonato Inglês? A GOAL destrincha logo abaixo.

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  • Dean Smith Aston Villa 2019-20Getty Images

    Reconstrução bem sucedida

    O Aston Villa ficou 24 anos na Premier League, de 1992 a 2016. Quando caiu, o clube passou três temporadas preso ao Championship tentando se reencontrar. Entre apostas erradas no comando técnico, troca de proprietários e desempenho irregular em campo, o Villa acumulou prejuízos financeiros relevantes: queda brusca nas receitas de TV, folha salarial inchada para o padrão da segunda divisão e dívidas que colocaram o time à beira da administration (quando o clube não tem capacidade de pagar suas dívidas). O alerta máximo veio em 2018, quando a venda se tornou necessária para evitar um colapso ainda maior.

    A virada começou com a chegada do consórcio NSWE, formado pelos empresários Nassef Sawiris e Wes Edens, e ganhou forma em campo sob o comando de Dean Smith. Ídolo local e conhecedor do ambiente, o treinador liderou uma arrancada histórica em 2018/19, coroada com o acesso à primeira divisão diante do Derby County. De volta à Premier League em 2019, o Villa iniciou uma reconstrução paciente: reformulou o elenco, estabilizou as finanças e, mesmo lutando contra o rebaixamento, conseguiu se firmar novamente na elite.

    O salto definitivo veio anos depois, com a contratação de Unai Emery, em outubro de 2022. Experiente e vencedor, com quatro títulos da Europa League em seu currículo, o espanhol transformou um time instável em uma equipe competitiva, organizada e ambiciosa. O resultado foi simbólico: quarto lugar na Premier League de 2023/24, assegurando uma vaga na Champions League e a consolidação do Aston Villa como uma das novas potências do futebol inglês — um contraste absoluto com o clube fragilizado que vagava pela segunda divisão poucos anos antes.

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  • Manchester United FC v Aston Villa FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    O esquema vitorioso

    Desde a chegada de Unai Emery, o espanhol impôs uma identidade clara a um time que até então vivia de lampejos. Organizado, intenso e estrategicamente disciplinado, o Villa passou a ser reconhecido pela capacidade de controlar jogos sem abrir mão da agressividade. 

    Na atual temporada, Emery estrutura a equipe a partir de um goleiro destemido (Dibu Martínez), uma zaga compacta (Konsa e Lindelöf), laterais ofensivos que quase jogam como alas (Cash e Maatsen), uma dupla de volantes fortes e especialistas na defesa (Kamara e Onana), um camisa 10 versátil que pode recuar e jogar como oito e seis (Tielemans), um meia ofensivo que pode jogar aberto ou centralizado (Rogers), um inteligente e veterano meia-direita (McGinn) e um atacante especialista no jogo de corpo e aéreo (Watkins).  

    Outro fator que justifica o sucesso recente do Aston Villa é a profundidade do seu elenco. É um time sem titulares e reservas definidos, com jogadores em todas as posições demonstrando qualidade suficiente para atuar no time principal. Como exemplo, o principal goleador da equipe na Europa League, Donyell Malen, é usado constantemente como reserva na Premier League. Outro jogador que nem sempre aparece no time titular na liga, mas já soma quatro gols e duas assistências em 16 jogos, é o habilidoso Emiliano Buendía, usado tanto como meia-atacante ou como meia-esquerda. 

    O fato de que as peças no banco tem tanta qualidade quanto os titulares cria uma versatilidade nas formações, sendo esta mais uma razão pelo sucesso recente da equipe. Emery costuma jogar com 4-2-3-1 ou 4-4-2 a depender do encaixe de sua equipe com os adversários, e sabe como retirar o melhor dos talentos jovens que tem à disposição. 

  • FBL-ENG-PR-ASTON VILLA-MAN UTDAFP

    O craque do time

    O início de temporada começou com uma certa pressão para Morgan Rogers. Eleito o melhor jogador jovem da Premier League de 2024/25, o Villa botou o preço de € 100 milhões para quem quisesse comprá-lo, com Chelsea e Tottenham sendo as equipes mais interessadas. Mas as altas cifras assustaram e ninguém fez ofertas pelo jovem inglês.

    De fato, ele marcou 14 gols e deu 13 assistências em 54 jogos na temporada passada, ajudando o Aston Villa a terminar a Premier League na quinta posição, empatado com o Newcastle United, que avançou para a Champions League apenas pela diferença no saldo de gols, enquanto o time de Birmingham se classificou para a Europa League. Foi uma ótima temporada, mas tendo em vista que foi a primeira de destaque de Rogers na carreira e que ele despontou aos 23 anos, € 100 milhões pareceu muito.

    Talvez pela pressão sentida, Rogers ficou sete jogos sem contribuições à gols no início da campanha. A impaciência da torcida com suas atuações abaixo do esperado ficou clara contra o Bologna, pela Europa League, quanto ele foi vaiado pela Holte End, a torcida organizada do Villa Park. Mesmo assim, Unai Emery o deixou até o fim do jogo e depois declarou à imprensa: "Ele não jogou bem, mas trabalhou para o time. Eu queria ver como ele reagiria à frustração da torcida. Ele precisava passar por isso e crescer."

    E ele cresceu. Desde a partida contra o Bologna, anotou sete gols e cinco assistências em 18 jogos, contando com todas as competições, e se tornou o maior artilheiro e assistente do time na temporada. Uma virada de chave total para ele, individualmente, e para o Aston Villa, coletivamente, que venceu 17 jogos neste meio tempo, sendo 11 vitórias consecutivas.

    Morgan Rogers pode jogar como meia-atacante centralizado ou meia-esquerda, possuindo o chute de longa distância como sua melhor arma — como atestou o Manchester United, que sofreu uma derrota por 2 a 0 contra o Villa com dois belos gols do camisa 27. Ele é rápido, habilidoso e agressivo, fatores que muito bem impressionaram Thomas Tuchel, técnico da seleção inglesa, que o convocou para oito partidas dos Three Lions em 2025, colocando-o como titular em cinco delas.

    Isso o tornou o maior concorrente de Jude Bellingham para a posição de meia-atacante na Inglaterra, e caso o Aston Villa continue vencendo jogos e Rogers sendo decisivo, não seria surpresa nenhuma ele ficar com a vaga de titular e deixar a estrela do Real Madrid no banco durante a Copa do Mundo de 2026.

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  • Aston Villa v Newcastle United - Premier LeagueGetty Images Sport

    Candidatos ao título?

    Indo para a 19ª rodada da Premier League, o Aston Villa é o terceiro colocado na tabela, com 39 pontos, dois atrás do vice-líder, Manchester City, e três atrás do líder, Arsenal. Os Gunners são o próximo adversário dos Villans, com a partida sendo jogada na próxima terça-feira (30 de dezembro) e valendo, possivelmente, a liderança da tabela.

    Na última partida, o Villa jogou fora de casa contra o Chelsea e fez uma virada por 2 a 1. Unai Emery, na coletiva após a partida, manteve o pé no chão sobre a chance de ganhar a liga: "Há dois anos, terminamos a primeira metade da época com 39 pontos. Agora, temos 39 pontos e me fazem a mesma pergunta. Há dois anos, também me perguntaram o mesmo. Tínhamos 39 pontos na 19ª rodada e acabamos em quarto lugar, com acesso à Champions League. Claro que foi fantástico, mas falar do título, para mim, não faz sentido. Agora, em dezembro, não faz sentido."

    Mesmo não conseguindo se classificar para a Champions League na temporada passada, a equipe está muito bem posicionada na tabela da Europa League, com chances estratosféricas de se classificar para o mata-mata, e o fator Unai Emery, que ganhou três títulos consecutivos com o Sevilla e um com o Villarreal, pode pesar muito nas horas mais importantes da competição. 

    A verdade é que o Aston Villa teve uma bela reconstrução desde o acesso à Premier League em 2019, onde não mais caiu para a segunda divisão e, conforme as coisas andam, a luta da equipe daqui pra frente vai ser ficar no topo. O trabalho de Unai Emery e da diretoria do clube devem ser justamente reverenciados, sendo este mais um caso de ascensão bem sucedida de times ingleses. 

    Se isto resultará em novos troféus na prateleira, só o futuro dirá...

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