Dirk Kuyt, Feyenoord - Heracles, Eredivisie, 14052017PRO SHOTS

Futebolista total, Dirk Kuyt enfim pode descansar após ter feito história pelo Feyenoord


Por Tauan Ambrosio 

Dirk Kuyt nunca foi craque. Não era jogador de encantar a torcida com lances plásticos ou extrema habilidade. Entretanto, poucos jogadores foram tão dedicados quanto o atleta de 36 anos. Dono de uma raça – muito mais ligada ao empenho que a força bruta – aparentemente interminável, o holandês virou uma espécie de ídolo underground do futebol europeu.

Além de não ter sido um grande craque, Kuyt também não conquistou os famigerados títulos que parecem banalizados pelas superpotências Real Madrid e Barcelona [que classificam uma temporada como fracasso ou sucesso baseado no desempenho na principal competição europeia]. Chegou a disputar finais de Champions League e Copa do Mundo, embora não tenha saído de campo com a vitória.

Mas Kuyt sempre deixou os gramados tendo a certeza de que tinha deixado tudo o que podia por ali. Após aparecer com destaque no Utrecht, foi contratado pelo Feyenoord, time de seu coração, em 2003. No gigante de Roterdã, que vivia um presente em nada condizente com o seu passado de glórias, Kuyt teve destaque como goleador: os 83 tentos em três temporadas chamaram a atenção do Liverpool.

Durante seis temporadas em Anfield, Kuyt conquistou a exigente torcida ao mostrar um fôlego incrível. Quando deixou o clube para jogar no Fenerbahce, havia conquistado apenas a Copa da Liga. A escolha pelo futebol turco magoou parte dos torcedores do Feyenoord, que tinham certeza do retorno do ídolo. Após três temporadas e três troféus pelo Fener [campeonato nacional, copa e supercopa] ele fez as pazes ao anunciar o retorno à equipe de Roterdã. A alegria de seus filhos com a notícia, em 2015, deixa claro o tamanho da identificação com o clube.

A reação da família Kuyt ao saber do acerto com o Feyenoord, em 2015

Apesar do tamanho, relevância e história, o Feyenoord não disputava os títulos da Eredivisie [Campeonato Holandês] havia um bom tempo. Kuyt chegou para mudar isso. Em sua primeira temporada, ajudou na conquista de uma Copa da Holanda, mas faltava o principal. “Quando eu voltei, há dois anos, sabia que poderíamos conquistar o título [holandês] e todo mundo riu de mim”, afirmou após fazer história no último fim de semana. Momentos antes, ele havia marcado três gols sobre o Heracles Almelo e garantiu o tão sonhado troféu após 18 anos de jejum.

Feyenoord-spelers, Kampioenschap 2016/17PRO SHOTSAos 36 anos, Kuyt comemorou o maior título de sua carreira (Foto: Getty Images) Kuyt Holanda Mexico 2014 Brasil 17 05 2017No calor de Fortaleza, o Mr.Duracell foi, aos 33 anos, lateral esquerdo, direito e atacante (Foto: Getty Images) 

Kuyt foi o grande personagem do título holandês de 2016-17. E após tanto comemorar, anunciou nesta quarta-feira (17) a sua aposentadoria do futebol. A principal missão havia sido alcançada, afinal de contas. Depois de tanto correr, de ter jogado como lateral-esquerdo, direito e atacante no calor escaldante de Fortaleza durante uma partida de Copa do Mundo contra o Mèxico; de ter atuado como volante, meia e atacante no dia da glória maior de sua carreira, no último domingo (17), chegava de pendurar as chuteiras.

Kuyt vai seguir no Feyenoord, trabalhando no clube que tanto ama. Apesar de nunca ter sido craque ou ter encantado pela habilidade, o jogador apelidado como Mr. Duracell pelo técnico Rafa Benítez, foi um futebolista total no país que apresentou ao mundo o Futebol Total. 


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