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James fez sua estreia pelo novo clube quase duas semanas depois de ser oficializado como reforço. Já se sabia, à época, que o meia vinha sofrendo com o físico e demandaria de um tempo de adaptação e recuperação para reunir condições de voltar a campo, vindo de um período sabático após deixar o Olympiakos, da Grécia.Até por isso, não se imaginava que o colombiano pudesse exercer grande impacto na reta final da Copa do Brasil, que se tornara o Plano A do Tricolor para o restante da temporada, considerando a inconsistência apresentada no Brasileirão. O meia chegou praticamente junto ao ídolo Lucas Moura, em meio às semifinais da copa, contra o Corinthians.O primeiro jogo de James com a camisa do São Paulo aconteceu no Maracanã, no empate em 1 a 1 com o Flamengo, pela 19ª rodada do nacional. Ele saiu do banco de reservas, aos 21 minutos do 2° tempo, promovendo um primeiro contato bem positivo com a torcida."Fisicamente, estou bem. Lógico que o time fez um jogo muito bom. Merecia a vitória, mas acontece. Agora é cabeça alta, porque quarta tem um jogo muito importante", afirmou o colombiano, após o polêmico empate, no qual os são-paulinos ficaram na bronca com o pênalti marcado para o Flamengo, aos 50 minutos da etapa final - Pedro converteu e confirmou o empate no fim.Mas James estava redondamente certo - a partida seguinte era "muito importante". Discutivelmente, aliás, um dos jogos mais importantes da história do clube - a vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians, pela partida de volta da semifinal Copa do Brasil, seguindo uma derrota por 2 a 1 na Neo Química Arena. O tipo de partida à altura de um astro mundial de seu calibre. Ele, porém, só saiu do banco de reservas depois do apito final, para celebrar a classificação. O protagonista não fora ele - fora Lucas Moura.E talvez a chegada de Lucas praticamente ao mesmo tempo de James tenha sido ingrata com o colombiano. Afinal, estamos falando de dois jogadores de currículos comparáveis e idades semelhantes - James é menos de um ano mais velho que o camisa 7 -, mas que fisicamente vinham entregando produtos completamente diferentes. Enquanto Lucas chegou ganhando posto de titular e protagonizando o maior momento da história recente do Tricolor, as manchetes com o nome do camisa 19 ainda falavam em potencial - e não em concretude.E assim seguiu por mais algum tempo...

Primeiros passos

Com a classificação à final da Copa do Brasil, o São Paulo teria cerca de um mês para arrumar a casinha para a decisão contra o Flamengo - com 'arrumar a casinha', entenda 'otimizar a disposição física do elenco'.Entre a épica vitória sobre o Corinthians e o dia 17 de setembro, dia da vitória por 1 a 0 no primeiro jogo da decisão, no Maracanã, Dorival Júnior teria embates importantes para o seguimento da temporada - como as quartas de final da Sul-Americana, contra a LDU, de Luis Zubeldía -, mas, acima de tudo, tempo para construir um novo São Paulo, agora com Lucas e James."O James tem o lado técnico. Quando o jogador tem a técnica, ele talvez não precise do seu melhor, fisicamente falando. Estamos tendo um pouco mais de paciência. Daqui a pouco, o James vai estar numa condição ainda melhor", explicou o técnico tricolor, à época, respondendo o porquê da manutenção do colombiano no banco durante a vitória no Majestoso, no MorumBIS.O problema foi que o "daqui a pouco" de Dorival demorou a chegar - se é que chegou -, e a paciência foi se esgotando.

"Tendo um pouco mais de paciência"

O primeiro grande atrito entre James e São Paulo aconteceu 18 dias depois de sua estreia. O São Paulo fora derrotado pela LDU e Luis Zubeldía na partida que abriu o confronto das quartas de final, no Equador, e precisava triunfar por, no mínimo, um gol de diferença em São Paulo, a fim de levar a decisão para os pênaltis. Arboleda foi quem desafogou o MorumBIS, de cabeça, garantindo uma vitória suada por 1 a 0.Na decisão por pênaltis, os equatorianos esbanjaram qualidade nas cobranças, convertendo todos os pênaltis batidos. Críticas para o goleiro Rafael, que não defendeu nenhuma delas? Sim. Mas também para James, que perdeu o único pênalti no embate - o seu primeiro na carreira -, consagrando a eliminação precoce tricolor em casa.Mas, diferentemente do que acontece na maioria dos casos, James não foi crucificado. Bom, não por uma grande maioria. Na saída do estádio, ouvia-se muito que um jogador do seu calibre não poderia desperdiçar um pênalti daquela forma - com o perdão do coloquialismo, mandando a bola 'na lua'. Só que essas afirmações usualmente vinham prosseguidas de um 'mas'."MAS como Rafael não defende nenhum pênalti?"; "MAS ele está se adaptando"; "MAS ele nunca foi um grande cobrador de pênaltis"; "MAS por que o Luciano não cobrou?". Enfim, sobravam vírgulas para todo mundo.Fato, o colombiano entrou no segundo tempo da partida e mudou a cara do jogo - a assistência para o gol de cabeça de Arboleda partiu de seus pés, em escanteio, mas o critério do torcedor brasileiro dificilmente leva muitas variáveis em sua análise pós-jogo - ainda mais em casos de eliminação.Após o confronto, o meia se manifestou nas redes sociais, exprimindo certo remorso pela eliminação e profetizou: "Teremos muitos motivos para sorrir juntos".<blockquote class="twitter-tweet">Hoje me tocou perder um pênalti em uma decisão, algo que jamais havia acontecido em minha carreira. Assumo a responsabilidade pela eliminação. Gostaria de agradecer o torcedor são-paulino que mais uma vez encheu o Morumbi e apoiou o time. Estou muito triste, mas confiante de que… <a href="https://t.co/BljwcLNBvw">pic.twitter.com/BljwcLNBvw</a>— James Rodríguez (@jamesdrodriguez) <a href="https://twitter.com/jamesdrodriguez/status/1697427136536019174?ref_src=twsrc%5Etfw">September 1, 2023</a></blockquote><script async="" src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script>Ele estava certo em partes - a torcida sorriria. Mas não por sua causa.

Bola fora

Dá para argumentar se uma Data Fifa logo depois da eliminação era uma boa notícia para o colombiano. De um lado, era a chance de voltar a focar em um lado da carreira mais estável, considerando que sempre ostentou ótima relação com a torcida conterrânea; por outro lado, a decepção diante da LDU ficaria em banho-maria.Fato é, nesses dias seguintes, James completou uma sequência de cinco partidas seguidas indo a campo, coisa que não havia ainda acontecido desde que chegara ao Brasil. Três com o São Paulo e outras duas com a Colômbia, nos embates contra Venezuela e Chile.Assim, muitos não entenderam porque o colombiano, por opção técnica de Dorival, acabou não entrando em campo na primeira partida da final da Copa do Brasil, o triunfo por 1 a 0 sobre o Flamengo. Ele só voltaria a atuar no meio de semana seguinte, como titular em meio a um time alternativo, na derrota por 2 a 1 em casa nas mãos do Fortaleza - com Dorival pensando, claro, em poupar o elenco para a segunda perna da decisão. Nessa partida, o camisa 19 anotou seu primeiro gol e atuou 90 minutos completos pela primeira vez com a camisa do São Paulo. Mas uma derrota em casa, claro, não era exatamente o ambiente mais propício.Após o revés, Dorival afirmou o óbvio: apesar de ser um atleta "de muito bom nível", James ainda estava "readquirindo a melhor condição". Eram as primeiras pistas de que ele, novamente, não seria utilizado no jogo de volta da finalíssima.

Campeão sem entrar em campo

Primeiro, a bola bateu na trave. Depois, Bruno Henrique completou. Nos minutos seguintes, Rochet socou a bola para a entrada da área. Rodrigo Nestor, então, fez o gol da sua vida.São Paulo 'campeão de tudo'.Feito o flashback do dia 24 de setembro, os holofotes se voltam todos a Rafinha. Em uma entrevista ao SporTV, após a conquista do título da Copa do Brasil, o capitão revelou uma mágoa de James com Dorival por não tê-lo colocado em campo na final."Ficou [chateado], e muito. Coitado do Dorival. Você vai ali, tenta assoprar, mas é complicado. O cara quer jogar. O pessoal falava que ele era muito tranquilo. Eu dizia que ele é profissional. Ele respeita todo mundo, não solta ‘letrinha’. Se ele tem um problema com o treinador, ele fala. Uma final dessas, quem não quer fazer parte?”, afirmou.E Rafinha bem sabe da encruzilhada do técnico. Por um lado, um jogador com aparente vontade de contribuir, mas que penava fisicamente. A técnica do colombiano seria sempre bem-vinda, claro, mas, diante de um meio-campo em grande fase formado por Pablo Maia, Alisson e Rodrigo Nestor, difícil questionar a decisão de preteri-lo.De volta ao brasileiro, James foi envolvido nas três partidas seguintes - vitórias em casa por 2 a 1 sobre Coritiba e Corinthians e empate em 0 a 0 em São Januário, com o Vasco. No Rio de Janeiro, aliás, o São Paulo tem um pênalti a seu favor, e Dorival designa Wellington Rato para a cobrança, mesmo com James em campo. Rato acaba desperdiçando.

"Coitado do Dorival"

Após os três compromissos em sequência, mais uma Data Fifa. Naturalmente, James é convocado pela seleção da Colômbia. E aí inicia um novo capítulo de farpas na relação com o torcedor tricolor.Enquanto o colombiano tinha minutagem relativamente reduzida no Brasileirão, na seleção da Colômbia a situação era diferente. O meia não só atuava, mas atuava por mais tempo e sendo protagonista.A discrepância foi ficando cada vez mais evidente ao longo do tempo. Na humilhante derrota do São Paulo diante do Palmeiras, no Allianz Parque, por 5 a 0, novamente pelo nacional, James é titular e utilizado como falso nove, em uma tentativa clara de Dorival, que não podia contar com o lesionado Calleri, em simular as condições do meia na seleção colombiana. No final das contas, uma tragédia - o São Paulo foi para o intervalo perdendo por 3 a 0, e James não voltou ao gramado para a etapa final, substituído.Duas partidas depois - novamente com participações restritas -, o meia primeiro sofreu um problema gástrico, que o tirou da vitória por 1 a 0 diante do RB Bragantino, depois sentiu um desconforto no adutor esquerdo, ficando de fora do San-São, que terminou em 0 a 0. Apenas quatro dias adiante, o colombiano atuaria por 90 minutos pela Colômbia, justamente contra o Brasil. Somando os 74 minutos da partida seguinte, contra o Paraguai, foram 164 dos 180 minutos possíveis em campo. Uma sequência surpreendente, dados os minutos restritos até então, pelo Tricolor.O retorno aconteceu no dia 26 de novembro, contra o Cuiabá, no MorumBIS, atuando por 70 minutos. Aquela, porém, seria sua última partida na temporada - dois dias depois, em treino, uma nova lesão: um estiramento na panturrilha direita, que o tirou de campo pelo restante do ano.

Dividido entre clube e seleção

2024 prometia ser um novo capítulo. Afinal, são poucos os problemas físicos que persistem mesmo depois de uma intertemporada e uma pré-temporada bem feitas. Mas, mais uma vez, James mostrou estar um passo ainda atrás. Ou mais.Tudo bem que a saída de Dorival Júnior para a seleção brasileira e sua consequente substituição por Thiago Carpini não ajudaram muito na progressão de trabalho, mas também não há motivos para crer que tenha sido um problema. E, mesmo com um novo treinador, a avaliação seguia a mesma: James precisava evoluir fisicamente para voltar a campo.Talvez esse tenha sido o ponto de mudança de concepção da maior parte da torcida são-paulina, que via um camisa 10 na seleção colombiana jogando como protagonista e um camisa 55 - deixou a 19 de lado para 'recomeçar' no clube - com problemas de lesão em demasia e que, mesmo com um novo técnico, seguia sendo preterido. Só que Carpini foi um passo além de Dorival - James não apenas não jogava, mas sequer era relacionado. Na verdade, sequer estava inscrito no Paulistão.A situação atingiu seu ponto de maior atrito às vésperas da Supercopa do Brasil, quando James foi o único, dentre todos os atletas do elenco, mesmo os não relacionados - incluindo lesionados e aqueles que não vinham tendo espaço -, a optar por não viajar para Belo Horizonte para acompanhar a delegação que iria para o Mineirão.Novamente, mas agora sem tê-lo sequer no banco de reservas, o São Paulo ergue uma taça sem contar com James Rodríguez.Emerge, então, a vontade do meia de deixar o clube, algo confirmado por Carpini, em entrevista coletiva após a partida seguinte, uma goleada por 4 a 0 sobre o Água Santa, no dia 7 de fevereiro."O nosso período de convívio foi curto, então não tenho o que falar do atleta e do ser humano", iniciou. "Agora não consigo falar mais nada, porque não compete a mim. Não foi uma decisão técnica e nem do clube, foi uma decisão do atleta [deixar o clube]”.Sem propostas que cativassem o colombiano, ele, porém, é convencido a permanecer no Tricolor. Inscrito no Paulista, James acaba estreando em 2024 três semanas depois, no dia 28, na vitória por 3 a 0 sobre a Inter de Limeira, com um gol, inclusive, em sua conta, saindo do banco.Seu retorno épico, porém, tinha data de validade.

Campeão sem entrar em campo (de novo)

Com o trágico fim da 'era Carpini' e o início da caminhada com Luis Zubeldía, James perde novamente espaço. Até aqui, foram apenas seis minutos sob o comando do novo técnico, que utilizou o camisa 55 apenas no empate em 1 a 1 contra o Palmeiras - um total de seis minutos.Questionado sobre a ausência do colombiano no triunfo por 3 a 1 sobre o Vitória, pelo Brasileiro, Zubeldía afirmou: “Eu tomo decisões em relação ao que vejo e para isso estou aqui, para tomar decisões. Se não está o James, é porque considero que tem que estar outros companheiros”.E todos os caminhos nos trazem ao atual momento - James Rodríguez está infeliz, sem oportunidades; o São Paulo está feliz, celebrando cinco vitórias nas seis primeiras partidas sob o comando do novo técnico argentino.E esta parece ser a constante dos dez meses do jogador no MorumBIS. O Tricolor passou esse tempo oferecendo todo o suporte possível a James, pensando nos voos que poderia alçar com a ajuda de seu astro - mas sem perceber que já voava a alturas inéditas. Um clube que se apoiava no que poderia ser com James, ao invés de entender que já vinha sendo mais sem ele.Em favor do meia colombiano, joga sua primazia técnica - uma das melhores, se não a melhor, do futebol brasileiro -; contra ele, porém, jogam sua infelicidade pela falta de oportunidades, sua aparente indiferença pelo clube - sendo o único a não fazer questão de viajar junto à delegação a BH para a Supercopa -, seu alto custo e dois títulos históricos conquistados efetivamente sem qualquer contribuição sua. Fica até imoral fazer uma comparação entre os dois lados da balança.A cereja do bolo veio nesta semana. O meia comentou em uma publicação de uma página de torcedores do Everton - ela trazia o print de uma postagem no X do jornalista Rudy Galetti, informando seu atual descontentamento no São Paulo - que pedia para que ele 'voltasse para casa', em alusão à sua passagem pela Inglaterra, entre 2020 e 2021. James curtiu e a respondeu: "Última dança?".<blockquote class="instagram-media" data-instgrm-permalink="https://www.instagram.com/p/C68Dzl6IBvS/?utm_source=ig_embed&amp;utm_campaign=loading" data-instgrm-version="14" style="background: #FFF;border: 0;border-radius: 3px;box-shadow: 0 0 1px 0 rgba(0,0,0,0.5),0 1px 10px 0 rgba(0,0,0,0.15);margin: 1px;max-width: 540px;min-width: 326px;padding: 0;width: calc(100% - 2px);"><div style="padding: 16px;"><p style="color: #c9c8cd;font-family: Arial,sans-serif;font-size: 14px;line-height: 17px;margin-bottom: 0;margin-top: 8px;overflow: hidden;padding: 8px 0 7px;text-align: center;text-overflow: ellipsis;white-space: nowrap;"><a href="https://www.instagram.com/p/C68Dzl6IBvS/?utm_source=ig_embed&amp;utm_campaign=loading" style="color: #c9c8cd;font-family: Arial,sans-serif;font-size: 14px;font-style: normal;font-weight: normal;line-height: 17px;text-decoration: none;" target="_blank">Uma publicação compartilhada por E V E R T O N. (@evertonhub)</a></div></blockquote><script async="" src="//www.instagram.com/embed.js"></script>Antes do empate em 0 a 0 com o Barcelona-EQU, pela Libertadores, o presidente do São Paulo, Julio Casares, também confirmou o óbvio, em entrevista à ESPN: "É um jogador com contrato no São Paulo, e está cada vez mais claro que ele não está nos planos do técnico. Agora vai ter a Copa América, ele vai ser convocado, e a janela vai determinar o futuro do James. Não temos nenhuma proposta. A partida [para outro clube] tem que ser boa para o atleta e principalmente pra a instituição".Tudo isso reacendeu o que já ficava claro há um tempo: o São Paulo contratou um jogador que vem sendo protagonista em vários âmbitos - menos dentro de campo. O meia foi trazido para liderar o clube a conquistas, mas grandes conquistas já vieram sem sua ajuda. Restam, então, os problemas físicos, o alto salário e todas as polêmicas extracampo, que nos remetem a uma versão do colombiano muito aquém daquela imaginada em meio à sua chegada, em julho.Coisas incríveis de fato acontecem no São Paulo - James Rodríguez, porém, certamente não é uma delas.

"Se não está James, outros têm que estar"

Campeão sem entrar em campo e protagonista de polêmicas: como James Rodríguez se tornou uma das piores contratações da história do São Paulo | Goal.com Brasil

O clube passou dez meses se apoiando no que poderia ser com o colombiano, sem perceber que já voava mais alto sem ele