Não é nenhuma injustiça qualificar os eventos do ano passado no Valencia como uma confusão absoluta.
Futebol ao vivo ou quando quiser? Clique aqui e teste o DAZN grátis por um mês!
Da decisão extremamente impopular de demitir o técnico vencedor da Copa del Rey, Marcelino, no início da temporada passada, a uma janela de transferências com várias estrelas vendidas a preço de banana. O proprietário do clube, Peter Lim, e o presidente, Anil Murthy, também não estão imunes às polêmica.
A atual crise de Los Che gerou ameaças de demissão do técnico Javi Gracia e jogadores furiosos nas redes sociais, que estão chateados com a saída de companheiros importantes ou desesperados para participar da debandada.
Apesar de tudo isso, ainda há alguma esperança em Mestalla. Como o clube não conseguiu contratar jogadores na janela, os buracos deixados pelas saídas precisam ser preenchidos. E Gracia recorreu à base do clube para isso.
Um dos jogadores que está crescendo depois de ter a oportunidade de impressionar em LaLiga é o meia Yunus Musah, jovem de 17 anos que já se tornou uma figura constante na equipe do Valencia.
Embora as circunstâncias não sejam as ideais, ganhar minutos como titular em uma idade tão jovem apenas justifica a decisão de Musah, de deixar o Arsenal há pouco mais de 12 meses para se mudar para a Espanha.
Com os Gunners desde os 10 anos de idade, Musah foi considerado uma das grandes promessas na academia de Hale End, defendendo a Inglaterra em várias categorias.
Mas quando surgiu a oportunidade de assinar por uma bolsa de estudos no norte de Londres, Musah decidiu não colocar a caneta no papel e partir na esperança de que oportunidades importantes surgissem muito mais cedo do que na Inglaterra. E os primeiros sinais sugerem que a escolha foi certa.
Nascido na cidade de Nova York, enquanto sua mãe estava de férias na Big Apple, Musah - que é descendente de ganeses - passou os primeiros nove anos de sua vida morando na cidade italiana de Castelfranco Veneto. Foi lá que ingressou em seu primeiro clube, o Giorgione Calcio 2000. E seu talento tornou-se evidente desde sua chegada.
"Contratamos Musah, como tantas crianças locais depois do acampamento na cidade, que fazemos todos os anos no final da temporada", explicou Antonello Orfeo, presidente do clube em Giorgione. “O menino já tinha algo especial”.
"Ouso dizer que ele era o clássico fenômeno. Os outros de sua idade não podiam competir com ele."
Musah jogava regularmente acima de sua categoria, até que circunstâncias familiares o obrigaram a partir para Londres. Mesmo assim, não demorou muito para o Arsenal descobrir seu talento e lhe dar uma oportunidade nas equipes juvenis.
Logo ficou claro que Musah tinha capacidade técnica e atributos físicos para ter sucesso no mais alto nível. Ele já havia feito sua estreia pelo sub-18 do clube logo após completar 16 anos, em novembro de 2018.
Ao longo dos 18 meses seguintes, ele jogou mais 16 jogos na categoria, contribuindo com cinco gols e três assistências. Mas com nomes como Emile Smith-Rowe e Joe Willock à sua frente na equipe, oportunidades para progredir ainda mais pareciam improváveis.
Com isso em mente, ele decidiu deixar o ninho - uma decisão que fez o então técnico Unai Emery sentir como se tivesse levado uma “facada”, conforme revelou o jornal Marca, da Espanha - e, apesar do interesse da Juventus, optou pelo Valencia.
Musah passou sua primeira temporada na Espanha jogando pelo time B do clube, o Valencia Mestalla, na terceira divisão do futebol espanhol, antes de sua promoção para se juntar ao time titular de Gracia na pré-temporada.
Até agora, ele foi titular em cinco dos sete jogos do clube em LaLiga, e já está causando dores de cabeça aos treinadores adversários, principalmente por sua velocidade e sua disposição para enfrentar os zagueiros.
Ao estrear frente ao Levante, na primeira rodada da competição, aos 17 anos e 289 dias, tornou-se o estrangeiro mais jovem na história do Valencia e também o primeiro inglês a jogar pelo clube.
Jogando como volante ou como número 10 em grande parte de sua carreira nas categorias de base, Musah foi colocado no lado direito do meio-campo desde sua chegada ao time titular. O próprio jogador, porém, deseja garantir que seja visto como uma ameaça completa, em vez de ficar preso a uma só posição.
"Quero marcar mais gols e ser mais consistente com meus passes", disse ele ao site do clube após sua estreia. “Às vezes, no jogo, consigo fazer muitos passes bons e um ruim. Quero corrigir isso”.
Getty/Goal"Consigo passar por muitos jogadores porque sou um pouco maior do que alguns deles. Sou muito bom nos passes e posso criar muitas oportunidades".
Elegível para jogar por Gana, Itália ou Estados Unidos, Musah continua representando a Inglaterra em nível internacional e deve fazer parte da seleção sub-20 na Copa do Mundo de 2021.
Na seleção, Musah espera seguir um caminho semelhante ao de Jadon Sancho, do Dortmund. Mas por enquanto, ele está apenas tentando ajudar o Valência a voltar para onde pertence. Em meio à tristeza em Mestalla, o surgimento de Musah oferece um lampejo de esperança à torcida.



