E tivemos mais cenas lamentáveis no futebol brasileiro: no intervalo da partida entre Vitória x Ceará, pela Copa do Brasil, o presidente do clube baiano, Paulo Carneiro, partiu pra cima do jogador Vinícius, do Vozão, que dava entrevista ao lado do gramado, proferindo xingamentos e chamando o meia para brigar. A confusão foi para a súmula e o dirigente pode ser punido.
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O Rubro-Negro vencia a partida por 2 a 1, mas já havia tido dois jogadores expulsos, o segundo deles, Vico, por reclamação - enquanto só Charles foi expulso pelo lado dos cearenses. A indignação dos baianos começou quando o árbitro da partida, Paulo Roberto Alves Júnior, marcou dois pênaltis para o time visitante. Rafael Sóbis parou em Ronaldo na primeira cobrança, mas Vina não desperdiçou a oportunidade.
Assim, na parada para o intervalo, muito exaltado, Paulo Carneiro foi em direção ao árbitro, o ofendeu e teve que ser retirado do local pelo lateral Léo, do Vitória. Saindo de campo, percebeu que Vina dava entrevista e começou a proferir xingamentos ao meio-campista, atitude passível de punição segundo o Código Brasileiro de Justiça Desportivo.
"Aqui 'cê' apanha, seu vagabundo, aqui você sabe que apanha, comigo a história é outra, fica caladinho aí." gritou durante a entrevista de Vinícius, antes de terminar o chamando para brigar. "Seu vagabundo, te dou porrada." Ao perceber as provocações, o jogador do Ceará falou para o presidente do Vitória "partir para cima".
A confusão foi capturada, ao vivo, pela câmera do SporTV/Premiere, que fazia a transmissão da partida. Depois do final do duelo, que terminou em triunfo do Ceará por 4 a 3, com classificação do Vozão, o árbitro registrou as ofensas na súmula. O dirigente ainda estava sem máscara de proteção e não poderia assistir à partida ao lado do gramado.
Pela confusão que armou na partida, o STJD pode denunciar Paulo Carneiro em até quatro artigos, o que poderia lhe render uma dura punição de 480 dias, bem como uma multa de R$ 480 mil - o dirigente não poderia ter entrado em campo sem máscara (art. 191), ter invadido o campo de jogo (art. 258-B), ter ofendido o árbitro da partida e Vinícius (art. 243-F), bem como ter chamado o jogador do Ceará para brigar (art. 243-C).
O mandato de Paulo Carneiro como presidente do Vitória vai até 2022 e o dirigente já foi punido com 15 dias de suspensão em julho deste ano, por ofender o árbitro da partida entre Vitória 2 x 2 Juazeirense.
Confusão entre Vina e Vitória já é antiga
EC Bahia/DivulgaçãoA indignação de Paulo Carneiro com Vinícius tem suas raízes em um dos episódios mais tristes do futebol brasileiro nos últimos tempos: o "Ba-Vi da Paz", que terminou em pancadaria, nove expulsos e com triunfo do Bahia por W.O.
Antes da partida, que aconteceu em fevereiro de 2018, Vina, ainda no Bahia, havia postado em seu Instagram uma foto chamando o estádio do Vitória de "Barralixo" e falando que os jogadores iriam partir para cima das irmãs e mães dos jogadores do Rubro-Negro. Depois de marcar de pênalti, comemorou com sua celebração tradicional, a "dança do joelho", que termina com um "créu".
Ainda que o jogador já tivesse utilizado tal comemoração no passado, o time do Vitória se indignou com Vina e partiu para cima do meia, em confusão que terminou com sete expulsos - com direito a Kanu, então zagueiro do Rubro-Negro, dando um soco na cara do atual meia do Ceará.
Na ocasião, Paulo Carneiro ainda não era o presidente do clube. Assim, em meio a confusão desta quarta-feira, o dirigente afirmou para o jogador que "com ele, a história seria diferente". Pela Copa do Nordeste, neste último mês de julho, Vina também marcou de pênalti e repetiu a "Dança do Joelho" ao fazer o gol da eliminação do Vitória.
Desta maneira, o jogador já estava marcado pela sua história de "carrasco" do Rubro-Negro. Ao marcar, não comemorou com a dança, mas sua entrevista foi suficiente para que Paulo Carneiro, exaltado, perdesse a cabeça e ofendesse o meia.
