Por Bruno Guedes - @brguedes
Quando Jorge Jesus chegou ao Brasil, em julho deste ano, sofreu não só com a adaptação, como também com o preconceito. De parte da imprensa e principalmente dos superados "professores" brasileiros. À beira da xenofobia em alguns momentos, o português preferiu se calar e responder em campo. E o fez. Atropelou todos os ditos - não por este que escreve - melhores técnicos do país. Agora restou apenas o silêncio para eles.
Em suas primeiras partidas, Jesus logo mostrou um futebol diferenciado e com apreço pela parte plástica aliada ao resultado esportivo. Logo a ciumeira e a gritaria apareceram. Alguns comentaristas se portando como assessores de imprensa, sem saber se eram humoristas ou jornalistas, diziam que os treinadores daqui faziam igual. Alienação total. Já na ala dos próprios treineiros, a cada coletiva uma ofensa nova, uma indireta, uma crítica velada ou não...
Até o presidente do Corinthians, Andres Sánchez, chegou a declarar que "queria ver daqui a quatro ou cinco meses com as eliminações" o que iria acontecer. E não parou por aí. Renato Gaúcho, Felipão, Mano Menezes, Alberto Valentim e até Argel dispararam sua inveja através das palavras. E o Mister continuava a mostrar em campo o que estes eram incapazes de fazer. Discursava através dos gols, vitórias e títulos.
Chegamos a dezembro. Os tais cinco meses passaram. Jesus não precisou de coletiva para dar resposta a cada um deles. Os que não foram demitidos após sofrerem humilhações nas quatro linhas, precisavam voltar aos microfones e achar desculpas por suas incapacidades. Pareciam esportes diferentes. O futebol da equipe carioca contra um 'suposto' futebol nos demais.
O que o português fez no Brasil em 2019 será lembrado por muitos anos. Faltando ainda duas partidas para o fim da temporada brasileira, parece que o Flamengo compete contra equipes amadoras. Enquanto a preocupação de alguns na imprensa e nos bancos de reservas é atacar quem veio mostrar um trabalho muito mais avançado e moderno do que praticado por aqui, o do Mister foi montar um Rubro-Negro histórico.
A torcida do Flamengo e os amantes do bom futebol guardarão as excitantes exibições do time. Os que falaram muito e apresentaram pouco em campo enquanto a inveja transbordava pela boca, as humilhações. Cada um tem o que merece. Jamais esquecerão as lições do verdadeiro professor.
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Bruno Guedes é músico, apaixonado por futebol e beisebol. Brasiliense por certidão e carioca de coração, acredita no futebol brasileiro e tem Romário como o maior jogador que viu dentro das quatro linhas. |

