Felipe Ximenes já trabalhou nos bastidores de diversos clubes do futebol brasileiro. Passou por Fluminense e Flamengo, dentre outros, mas a chegada ao Santos de certa forma soou quase como um “chamado à casa”. Afinal de contas estamos falando de alguém nascido em Três Corações, cidade mineira que se orgulha de ser o berço de Pelé. Os desafios, entretanto, foram gigantes especialmente pela grande crise institucional vivida pelo Peixe.
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Em entrevista exclusiva à Goal Brasil, o dirigente revela o que viu quando chegou, quais foram as dificuldades e o que precisou fazer para ajudar o departamento de futebol a ficar o mais blindado possível da situação política do clube. Hoje, podemos dizer que o trabalho vem dando muito certo.
Com um excelente trabalho feito pelo técnico Cuca, além de desempenhos impressionantes de jogadores como Marinho e outros jovens, o Alvinegro Praiano é semifinalista na Libertadores da América e sonha em voltar a disputar uma final continental no Maracanã – palco de alguns dos momentos mais icônicos do Santos de Pelé. Confira abaixo como foi a nossa conversa com Felipe Ximenes.
Qual foi a situação que você encontrou quando chegou, apontado pelo Orlando Rollo (presidente interino do Santos após o Impeachment de José Carlos Peres)?
“Um momento extremamente conturbado politicamente, e de uma forma até paradoxal a equipe, em campo, já estava começando a ser ajeitada pelo Cuca, que tinha chegado pouco mais de 20 dias antes de mim, mas toda a estrutura política do Santos acaba fazendo com que o departamento de futebol estivesse muito permeável”.
“Então, desde a minha chegada, a gente procurou blindar essa estrutura dentro do CT. O próprio presidente Rollo procurou dar para a gente dar essa tranquilidade dentro do CT, eu procurei fazer isso. O presidente comentava muito isso, que era uma crise por hora que a gente tinha que gerir. Então eu me preocupei muito em dar tranquilidade para o Cuca, para que ele pudesse manter o nível de trabalho que ele vinha desenvolvendo, procurei manter isso de uma forma bastante incisiva, para que o time tivesse tranquilidade interna”.
“Comecei a lidar com as pessoas do muro pra fora do CT, para que internamente houvesse tranquilidade para trabalhar. E conseguimos fazer isso (...) E o grande marco deste trabalho é ter chegado numa semifinal de Libertadores”.
Qual foi a maior dificuldade para fazer isso?
“Foi vencer a desconfiança de que eu não seria só mais um exercendo a função, para ter o tempo de implantar as coisas aqui no Santos. Eu tenho tido este desafio até agora: conquistar a confiança das pessoas. Tive uma sorte muito grande, que o Cuca e sua comissão técnica me receberam muito bem. E isso ajudou muito”.
Como está a situação agora? O que mais teve de melhor e o que ainda precisa melhorar?
Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC(Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)
“De melhor, o ambiente que eu encontrei ali no CT. Um grupo muito comprometido, os jovens atletas muitos cientes da importância de vestir a camisa do Santos é uma das melhores coisas. Foi o que eu encontrei de melhor. Acho que o Santos realmente precisa se pacificar politicamente, a vitória do Andrés Rueda, acho, pode dar esta tranquilidade que o clube precisa. Pode ser um sinal positivo. Acho que a maior dificuldade é que o Santos rompa essa turbulência política, que foi o que mais me chamou a atenção nestes três meses em que estou aqui”.
Quais são os planos para tentar escapar da proibição imposta pela FIFA, em relação a efetuar transferências, para fazer contratações futuramente?
“Isso a gente já vem fazendo. Assim que eu cheguei no Santos, com oito dias, nós conseguimos tirar a primeira transfer ban, que era do Hamburgo, o que nos possibilitou fazer alguns registros que, de alguma forma, nos deu um pouco mais tranquilidade para seguirmos um caminho. Ainda temos duas transfer bans (uma referente ao Huachipato e outra do Atlético Nacional). Estamos trabalhando em cima delas, ainda, e acho que até o final do ano podemos ter boas notícias. Mas acho que o Santos está em um bom caminho para resolver isso num período de, no máximo, 30 dias. Acredito que o Santos vai resolver este problema rapidamente”.
“Está bem encaminhada, estamos em negociações bem avançadas tanto com o Atlético Nacional quanto com o Huachipato”.
O clube já pensa em reposições para atletas que devem sair?
“Esta está sendo uma temporada muito atípica por causa da Covid, ainda temos muitas rodadas de Campeonato Brasileiro para disputar. A partir de 2 de janeiro temos a chegada de uma nova diretoria, então tem muitas coisas no caminho para pensarmos numa próxima temporada. Acho que o mais importante é conversar com a nova diretoria, que vai assumir o clube, para aí sim pensarmos de alguma forma em como vai ser o futebol do Santos para 2021”.
O Cuca fica para a próxima temporada? Você também? Já há planos para isso?
“A resposta pode parecer clichê, mas de clichê ela não tem nada. A gente tem uma semifinal de Libertadores em janeiro... não tem a menos condição de a gente pensar nisso. Estão todos focados em terminar este ano e começar o ano que vem totalmente focado no jogo contra Racing ou Boca. E ainda tem uma nova diretoria que está vindo e ainda nem tomou posse, acho que não tem sentido pensarmos nisso agora”.
Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC(Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)
Você tem uma larga experiência no futebol, passou por vários clubes, inclusive o Flamengo na gestão do Bandeira de Mello. O Santos tem alguma coisa de diferente em relação aos outros grandes, para conseguir bons resultados mesmo em meio a um caos institucional?
“Todos os clubes têm as suas características particulares. Eu tenho a honra de estar trabalhando no 14º clube da minha vida. Uma coisa que é fato, que não podemos negar, é que o Santos realmente tem uma abertura para o lançamento de jovens valores, que talvez seja diferente em relação aos outros clubes”.
“Porém, quero aproveitar isso que estou falando, talvez até para dar uma dica para o Santos Futebol Clube: o Santos não pode se fiar, se apoiar, nessa situação. Penso que o Santos tem muito a melhorar em termos de estrutura, até mesmo em termos de processos de formação de suas categorias de base. Acho que o Santos foi muito agraciado ao longo desses anos, mas acho que o Santos não pode brincar não”.
Hoje quais são os objetivos esportivos do Santos?
“Com certeza, chegar a uma final de Libertadores da América. Estamos a dois jogos de uma final histórica no Maracanã. O objetivo principal é este, e fazer uma campanha equilibrada no Brasileirão”.
