champions league trophy logo.jpgGetty Images

O que é o sistema suíço, que pode pintar na Liga dos Campeões?

E devemos ter grandes mudanças na Liga dos Campeões da Uefa à partir de 2024: segundo o portal The Athletic, a entidade deve se reunir nesta próxima semana para aprovar uma mudança no formato da competição, que abandonaria a fase de grupos e adotaria o "sistema suíço", considerado mais atrativo para as transmissões de TV.

Mas afinal, o que é o tal sistema suíço, que nunca foi utilizado em uma competição de futebol de renome e é visto com mais frequência em torneios de esports, xadrez e até Yu-Gi-Oh!?

Futebol ao vivo ou quando quiser? Clique aqui e teste o DAZN grátis por um mês!

Trata-se de fórmula de disputa criada na Suíça, obviamente, estruturada para fazer com que times de campanhas similares se enfrentem em todas as rodadas, de forma com que as maiores equipes do mundo - ou as que estiverem com melhor campanha - consigam se enfrentar com maior frequência, enquanto os participantes de piores campanhas jogam entre si para tentar se reencontrarem na competição.

O principal atrativo para a Uefa seria um maior número de confrontos entre grandes equipes, ao mesmo tempo que possibilitaria um aumento do número de participantes da fase principal da Champions sem que muitos times sejam eliminados rapidamente.

O que pode mudar na Champions com o "sistema suíço"?

Sistema Suíço Swiss SystemDivulgação / ELeague
Simplificação do sistema suíço, adotado nos eSports / Foto: Divulgação/ELeague

Ainda de acordo com o The Athletic, caso a Uefa adote o formato suíço, a entidade deve também aumentar o número de participantes na fase principal da Liga dos Campeões para 36 e encerrar a divisão dos times por grupos, criando uma liga de todos contra todos, mas com apenas dez confrontos para cada clube.

Funcionaria da seguinte forma: os 36 times participantes começariam a campanha com 0 pontos. Assim, seriam sorteadas 18 partidas entre cada uma das equipes. Vamos supor, então, que ao final da primeira rodada, 12 partidas terminem com vitória de um dos times, e seis terminem em empate. Teríamos o seguinte cenário antes da segunda rodada:

  • 12 times com três pontos (que venceram na primeira rodada)
  • 12 times com um ponto (que empataram na primeira rodada)
  • 12 times com zero pontos (que perderam na primeira rodada)

Assim, seria realizado um novo sorteio: as equipes com três pontos enfrentariam equipes com três pontos, as equipes com um pontos enfrentariam equipes com um ponto e as equipes zeradas enfrentariam zeradas. Mantendo a mesma proporção de vitórias e empates, esse seria o cenário na terceira rodada:

  • 4 times com seis pontos (que venceram nas duas rodadas)
  • 8 times com quatro pontos (que venceram em uma rodada e empataram na outra)
  • 8 times com três pontos (que venceram em uma rodada e perderam na outra)
  • 4 times com dois pontos (que empataram nas duas rodadas)
  • 8 times com um ponto (que empataram uma rodada e perderam na outra)
  • 4 times com zero pontos (que perderam nas duas rodadas)

Seguindo esse modelo, os confrontos seriam sorteados novamente para que os times com campanhas iguais ou extremamente parecidas (se não for possível que clubes de campanhas iguais se enfrentem) duelem na terceira rodada, e assim em diante. Simplicando ainda mais o modelo, para exemplificar. Imagine que na primeira rodada esses sejam os confrontos sorteados, em um torneio imaginário de oito gigantes do futebol europeu:

  • Barcelona 1 x 0 Liverpool
  • Real Madrid 1 x 0 Juventus
  • Bayern de Munique 1 x 0 Manchester City
  • Borussia Dortmund 1 x 0 Milan
Cristiano Ronaldo Real madrid Juventus 03042018Getty

Na segunda rodada, teríamos sorteados esses confrontos - com os times que ganharam na primeira rodada em verde e os que perderam em vermelho:

  • Barcelona 1 x 0 Bayern de Munique
  • Real Madrid 1 x 0 Borussia Dortmund
  • Liverpool 1 x 0 Juventus
  • Manchester City 1 x 0 Milan

Na terceira rodada, então, teríamos sorteados os seguintes confrontos - com os times que ganharam nas duas rodadas em verde, os que ganharam uma só em azul e os que perderam as duas em vermelho:

  • Barcelona x Real Madrid
  • Liverpool x Manchester City
  • Bayern de Munique x Borussia Dortmund
  • Juventus x Milan

E assim em diante, de forma em que times sempre atuem contra times de campanha similar. No plano da Uefa, está previsto que cada clube faça cinco jogos em casa e cinco fora. Ao final dos dez jogos da primeira fase, os oito primeiros colocados utilizando esse método se classificariam direto para as oitavas de final, enquanto do nono ao 24º colocado disputaram um mata-mata valendo mais oito vagas nas oitavas.

Número de vagas para cada federação também pode mudar

Outra parte do projeto da Uefa que ainda será votado trata do número de vagas para cada federação: a ideia da entidade é colocar mais quatro times na fase principal da Liga dos Campeões.

Essa quatro vagas seriam direcionadas, então, aos seguintes classificados:

  • 4º colocado da 5ª melhor liga da Uefa: hoje, a França é a 5ª colocada no coeficiente da Uefa, e tem três vagas para a Liga dos Campeões. Com a mudança, teria quatro.
  • Três melhores clubes ranqueados pelo coeficiente da Uefa que não conseguiram a classificação pelas ligas nacionais: para a temporada 2020-21, por exemplo, Arsenal (11º no ranking da Uefa e 8º na Premier League 2019-20); Tottenham (14º no ranking da Uefa e 6º na Premier League 2019-20) e Roma (16ª no ranking da Uefa e 5ª na Serie A 2019-20) seriam os beneficiados.

Pontos negativos do novo sistema

Scott Brown Celtic Rangers 2021Getty

Por mais que a reportagem do The Athletic garanta que o novo formato da Liga dos Campeões será aprovado pela Uefa, a European Leagues, organização que representa os interesses das principais ligas de 30 países da Europa (incluindo o 'Big Five', composto pela Bundesliga alemã, a La Liga espanhola, a Ligue 1 francesa, a Premier League inglesa e a Serie A italiana) já expressou preocupação com a possível nova estrutura da Champions.

Segundo a entidade, a Liga dos Campeões precisaria ter, com o novo formato, um número muito grande de datas, o que prejudicaria diversas ligas nacionais ao redor da Europa. Da mesma forma, faria com que clubes menores ou de centros alternativos perdessem receitas garantidas de televisão - a tendência é que os clubes menores que se classificarem para o torneio façam campanhas piores e sejam forçados a se enfrentarem, no novo formato, já que os grandes tendem a realizar campanhas melhores.

Outra preocupação na distribuição de vagas: ao invés de fazer com que campeões nacionais de ligas menores, que hoje não tem vagas garantidas na fase de grupos, como Áustria, Dinamarca e Escócia, por exemplo, entrem direto na fase principal, elas seriam destinadas aos clubes que não conseguissem pelas ligas nacionais, concentrando o poder na mão dos maiores clubes do mundo.

Publicidade