+18 | Conteúdo Comercial | Aplicam-se termos e condições | Jogue com responsabilidade | Princípios editoriais
Gabigol Flamengo Fluminense Carioca 24 03 2019Alexandre Vidal / Flamengo

“Não quero ser artilheiro da Libertadores, quero ganhar”, diz Gabigol

O roteiro que tirou Gabigol de uma vida mais humilde, próxima da violência social que assola milhões de brasileiros, e o levou ao estrelato no futebol não chega a ser novidade em nosso país. Levado ao Santos por Zito, um dos maiores ídolos do clube, o atacante deixou sua história no Peixe e, também após um período na Europa, agora veste a camisa do Flamengo e a identificação foi rápida.

Na Copa Libertadores da América, por exemplo, foram dois gols marcados em dois jogos. Mas durante entrevista exclusiva concedida ao site oficial do torneio, Gabriel garantiu que não pensa em artilharia. “Quero mesmo é ganhar”, afirmou durante a conversa na qual também relembrou os primeiros momentos no futebol, o seu rápido encanto com a torcida rubro-negra e o papel que teve para ajudar na contratação de Bruno Henrique, com quem vem fazendo uma dupla excelente até o presente momento.

Sonhos de títulos, amizade com os companheiros de Flamengo e até mesmo opinião sobre a passagem histórica de Romário pela Gávea. Gabigol não fugiu de nenhuma pergunta, antes de entrar em campo contra o Peñarol, do Uruguai, nesta quarta-feira (03). Confira abaixo!   

Os primeiros passos no futebol

Eu sou de São Bernardo, jogava bola na rua como todas as crianças. Sempre gostei muito de futebol, meu pai sempre gostou e me apoiou bastante. Fui para as escolinhas. Tive um período no São Paulo, joguei um pouquinho. Aí teve um jogo contra o Santos e o pessoal do Santos gostou do meu futebol, e eu acabei indo para o Santos. Até porque eles me deram apartamento, uma moradia, e para eu ir até São Paulo era bem longe, tinha de pegar três ônibus e estava difícil para mim conciliar isso com o futebol, e acabei indo para o Santos.

Quantos gols você fez nesse jogo contra o Santos?

Eita, não lembro! Fiz alguns, fiz alguns (risos). Estava lá o seu Zito, né? Ele me convidou para ir para o Santos e aceitei na hora (...) Ele que conversou com meus pais, que fez tudo com o Santos. E aí foi onde praticamente tudo começou, então devo muito a ele.

O que lembra da sua infância? Foi difícil?

Jogando bola sempre, com a molecada, na frente da casa da minha madrinha, que eu sempre ia para lá. Era isso, jogar bola e ir para a casa da minha madrinha. Uma coisa bem simples. Foi (difícil). Obviamente nunca faltou nada, mas morava num lugar perigoso. Acontecia algumas coisas que eram difíceis. Mas aos 8 anos pude ir para o Santos, e as coisas começaram a melhorar.

Aconteceu alguma coisa com seus amigos, essas coisas?

Com meus amigos até que não, mas tinha tiroteio direto, essas coisas. Lugar um pouco perigoso. Comigo não aconteceu nada, mas a gente sabe que ocorria, ouvia. Mas saí de lá bem cedo, e por mais que fosse de São Bernardo, saí cedo e me sinto mais de Santos, onde passei minha infância.

Isso te assustava?

Ah, acho que assustava mais meus pais. Eu era bem pequeno, mas eu ficava tranquilo, não tinha muito o que fazer. A gente corria para debaixo do sofá, da mesa (risos), como se isso fosse ajudar em alguma coisa. Mas foi bem tranquilo.

O papel do futebol nisso

Sempre joguei bola na rua com a molecada, tinha um campinho perto de casa, onde meu pai me treinava. Eram essas coisas eu fazia quando era mais novo, como uma criança normal. Aí teve o Santos e a coisa foi ficando mais séria.

Eu só lembro que jogava bola com a molecada, só valia gol de fora da área e eu não tinha força para chutar no gol (risos). E aí meu pai ficava me zoando e tal, mas era um campinho de terra, só tinha um gol também. A gente ia lá jogar bola, foi onde tudo começou.

Seu pai pegava no seu pé?

Ele me treinava, fingia que me treinava. Eu era muito pequeno, não tinha como chutar a bola. Mas ele me dava toques, e até hoje fala comigo.

Libertadores da América

Quando fui embora do Santos, para a Inter de Milão, não tive oportunidade de jogar a Libertadores, aí joguei a minha primeira ano passado. Foi um campeonato difícil, aconteceu a punição do Santos, prejudicaram minha primeira Libertadores. Mas o que vem à cabeça mesmo foi o Santos campeão com o Neymar, que eu estava no Pacaembu para ver a final. E também minha estreia no Maracanã lotado contra a LDU, foi bem especial para mim.

Início com o Flamego na Libertadores

Eu sempre falo e não é da boca pra fora,  quero mesmo é ganhar. sou muito fominha nessa questão de ganhar, sair do Maracanã feliz, deixar aquele povo feliz também. E não pensar nisso de ser artilheiro, não sou muito assim de querer ser artilheiro, de fazer gols. Obviamente se sai gol direto é melhor, mas quero sair de campo vencedor e sair feliz.

Sintonia com torcida

Acho que é algo natural. Eu sempre que vinha jogar aqui olhava para a torcida e falava que era diferenciada. Sempre falei, deixei claro que um dia tinha vontade de jogar no Flamengo até por causa deles, que é uma torcida imensa, todos os jogos são cheios e querendo ou não te faz querer mais, deixar essas pessoas felizes, que te apoiam. Fico muito feliz pelo carinho deles e espero que continue assim.

Estou acostumando ainda (risos). É diferente, né, na Vila Belmiro a gente tinha um espaço bem mais curto para comemorar. Eu sempre tento estar perto deles, também dos meus familiares que estão ali. Tem sido bem legal e espero que saia muitos gols para a gente comemorar juntos.

Gols pelo Flamengo

Fazer gol é uma coisa inexplicável, vem um mar de pessoas comemorando com você, e saber que o time está feliz com você. Então a gente tenta comemorar entre nós, e comemorar com uma comemoração diferente, cantar com eles, uma risada, é uma coisa natural, não sei falar.

A torcida rubro-negra

Tem sido diferente um pouquinho dos outros (risos). Mas não consigo enxergar dentro de campo, porque a euforia faz você comemorar. Mas tem sido muito legal essas comemorações, não só minha, como dos meus companheiros. A gente sempre se abraça.

Como avalia o grupo do Flamengo?

Grupo complicado, a gente começou num lugar não tão propício para se jogar. Depois veio a LDU, talvez nosso melhor jogo no ano, agora temos mais dois jogos em casa. A gente espera que a torcida compareça. E a gente possa sair vitorioso porque são muito importante para a gente.

Os rivais do Fla na Libertadores

Acho que todos. Libertadores não tem jogo fácil. São jogos diferentes, a arbitragem é diferente, jogar fora de casa com pressão. Não tem um ou dois, são todos pelas circunstâncias, como altitude, torcida adversária.

Parceria com Bruno Henrique

A gente é muito amigo, nos aproximamos muito no ano passado pelo Santos. E não só dentro de campo, mas também fora. Ele passou um momento bem difícil e eu sempre estive ao lado dele. Até porque era um jogador que eu sempre quis jogar junto porque quando eu tava fora ele foi praticamente o melhor do Brasil. Sempre via os jogos, acompanhava. Não conhecia ele, nem a família dele. E como ele fala, a gente é praticamente irmão, porque está sempre em casa, na casa dele. Como eu sempre falo, espero que a gente continue sendo feliz assim.

Eu fui uma das pessoas que mais queria ele aqui, confesso. Eu sempre pertubava ele, porque eu vim primeiro, né? E eu sempre falei para ele que seriamos felizes aqui, eu sempre posto "seremos felizes", porque acho que é algo que motiva os outros jogadores, a torcida jogar com o estádio lotado, no Maracanã. E sempre brinco com ele que vamos ser muito felizes aqui e espero que aconteça.

Arrascaeta

A gente chegou junto, morou no hotel um tempinho junto, estamos sempre juntos, moramos do lado. Às vezes ele pega carona comigo, eu pego carona com ele.

Acho que o momento dele tem sido muito bom. Tem dois gols, passes maravilhosos. Não se converteram em gols, mas são ótimos passes. É o camisa 10 da seleção do Uruguai. Se isso não for momento bom, não sei o que é (risos). Ele está muito feliz, muito tranquilo, tem a confiança do elenco inteiro. Todos sabem da qualidade que ele tem e vai dar para o Flamengo.

Idolatria por Diego

É, eu sempre falei que dá até um frio na barriga quando vejo ele assim. Agora está se aproximando mais, ele é exemplo para todo mundo. Sempre vi ele no estádio, sempre comentei com ele. Tem sido muito emocionante jogar com ele, com o Everton Ribeiro.

Comentei com ele esses dias, que eu morava em São Bernardo. Eles estavam em um hotel em Santo André e meu pai me colocou nas costas para eu ver eles mais de perto. Vi ele, o Robinho, também comentei com o Elano. O Elano me deu uma fotinha dele com autógrafo, joguei com ele também. Sempre acompanhei o Diego e sou muito fá dele.

Proximidade do 100º gol como profissional

Confesso que não estou ansioso. Tem muitos jogos para sair esse gol. Estou muito feliz, claro que é uma marca expressiva, tenho só 22 anos. Espero que possa acontecer logo para comemorar.

Sequência de gols consecutivos

Sempre falei, trabalho para isso, meus companheiros também me ajudam. Tem hora que a bola vai entrar, tem hora que a bola não vai entrar. Acredito que não tenha algo especial. Estou sempre me dedicando com meus companheiros para ajudá-los de alguma forma, não só com gols. Gosto de ser aquele jogador que não depende só de gols, gosto de marcar e dar passes também. Espero que continue assim.

O último que fez isso no Flamengo foi o Romário, com sete gols em sete jogos.

Não, mas são sete gols como Romário! É diferente (risos).

Por quê?

Porque dentro da área ele fala mesmo que ele foi o melhor. O conheci aqui no Rio, é uma pessoa que sempre que a gente se vê, é muito bacana. Como sempre falo, independentemente de quem faça o gol, quero sempre que o Flamengo vença. A gente conversou, brincou bastante sobre isso, ele sempre me apoia bastante e quando a gente se encontra é muito legal.

Para o Romário faltou um título importante. Você tem pelo menos um ano. Tem essa ansiedade por título?

Não estou ansioso. Aqui é um clube muito diferente de todos. Cada jogo é uma final, uma emoção diferente, então penso jogo a jogo para ver no fim o que dá.

Como vai ser se o título se vier?

Não sei também. Algo inesquecível para mim, como estou sentindo em todos os jogos, que comento com meus companheiros e com outros jogadores de outros times que tem de passar por aqui, para sentir um pouquinho isso, porque é realmente algo especial.

Publicidade

ENJOYED THIS STORY?

Add GOAL.com as a preferred source on Google to see more of our reporting

0