Quando Mary Fowler, a destaque australiana do Montpellier, era mais nova, ela tinha "um sonho" - estar nas Olimpíadas.
Aquele sonho, que ela realizou sendo convocada para fazer parte do elenco das 'Matildas', como a seleção feminina da Austrália é chamada, em Tóquio 2020, começou a ser desenhado em uma praia em Queensland, onde os pais da atacante a levariam com seus quatro irmãos para competir em seus próprios Jogos.
"Nós cozinhamos e levavamos a comida para a praia. As crianças faziam as lições de casa na praia", disse o pai da jogadora, Kevin, ao Sydney Morning Herald . "Nós tínhamos nossa própria Olimpíada na praia com medalhas e tudo mais, era demais".
Quando veio a notícia de que ela estaria no avião para o Japão, com apenas 18 anos de idade, Fowler ficou surpresa.
"Eu não esperava chegar ao topo e ficar tão emocionada", disse ao site das Maltidas. "Mas quando me disseram e eu segurei o papel com meu nome escrito que eu ia [para as Olimpíadas], tudo se ligou e eu fiquei tipo 'uau, isso está realmente acontecendo', então eu comecei a chorar".
No dia 21, ela fez sua estreia contra a rival da Austrália, a vizinha Nova Zelândia, na vitória de seu time por 2 a 1. Uma conquista e tanto após três anos maluco na vida de Fowler, que fez sua estreia profissional na seleção em 2018.
Aos 15 anos e 162 dias, é a quinta mais jovem a representar as Matildas.
Mais tarde naquele ano, voou para a Inglaterra para fazer um teste no Chelsea, no Manchester City e no West Ham, antes de ser incluída no elenco australiano na Copa do Mundo de 2019.
Toda aquela confiança levou a australiana para o foco das atenções ainda muito jovem, e ela foi nomeada nas listas do NXGN da Goal tanto em 2020 quanto em 2021 .
Mas Leah Blayney, que treinou muitas jovens estrelas do futebol australiano, disse que a mentalidade de Fowler sempre a ajudou.
"Ela é uma das crianças mais motivadas com quem já trabalhei em termos de saber o que ela quer e onde ela quer estar ”, disse Blayney à Goal . “Ela sempre se dá bem com as coisas".
"Ela sempre está com a bola aos seus pés. Se voce tiver essa mesma mentalidade por muitos anos, todo o resto será bloqueado como um barulho externo. Acho que isso é um benefício massivo para Mary".
"Se eu comparar esta mentalidade com outras atletas com quem eu já trabalhei, eu diria que é muito similar a Ellie Carpenter, muito motivada e sabendo o que ela quer. Eu respeito isso em jovens jogadoras".
Como Carpenter, lateral de 21 anos que atua no Lyon, sete vezes campeão da Europa, Fowler está na França, defendendo o Montpellier desde a Copa do Mundo.
Fowler, que tem como ídolos Pelé e Cristiano Ronaldo, não atuou naquele torneio, mas ela aprendeu muito ao fazer parte do grupo e marcou três gols em seus primeiros sete jogos na W-League antes de retornar para a Europa.
"Eu acho que ela está maturando como jogadora", Blayney disse, perguntada quais atributos Fowler melhorou desde a mudança para o exterior.
"Vimos nos últimos minutos dos jogos [em junho], ela e Kyra [Cooney-Cross, meia de 19 anos da Matildas] estavam tentando pegar a bola e fazer as coisas acontecerem".
"Mary foi recompensada com um gol - Kyra conseguiu uma boa arrancada que deixou algumas defensoras para trás, entrando na área e criando espaços para Mary".
"Isso é o que mais agrada nessas jovens jogadoras. Estamos vendo-as serem corajosas no cenário internacional e tentando levar um pouco os jogos pela garganta, o que vocês não sabem como será com uma jovem jogadora, se elas ficarão muito nervosas ou sei lá o quê".
"Mais essas garotas estão sendo corajosas lá e foram recompensadas com a convocação olímpica. É fantástico".
Tecnicamente excelente, com um excelente primeiro toque e força física para se dar bem no jogo profissional, a recente exposição de Fowler ao futebol internacional veio no meio-campo, não como centroavante ou ala.
As duas últimas posições são mais associadas a ela, mas ela também pode brilhar em uma posição um pouco mais atrás.
"Ela gosta de ter a bola no pé, então é óbvio que ela vai para cima mesmo com pouco espaço entre as linhas", completa Blayney. "Acho que isso é um benefício para ela enquanto jogadora, que ela pode ser utilizada com a bola em seus pés ou ela também é muito boa dentro e ao redor da área com seus alcances de ataque".
A adolescente já sabe que pertence ao principal palco do futebol mundial, com o bilhete para as Olimpíadas sendo apenas uma lembrança disso.
Mas enquanto Fowler ainda está percebendo que seu sonho de criança está se realizando aos 18 anos, há muito para ela conquistar em um futuro que se mostra brilhante.


