Quando Caio Ribeiro, ex-jogador e atual comentarista do Grupo Globo, disse que Mano Menezes seria o próximo treinador da seleção brasileira, herdando o lugar que Tite já afirmou que não será seu após a Copa do Mundo no Qatar, o torcedor gelou e entrou em ebulição. Dentre as reações em redes sociais, conversas pela rua ou por aplicativos de celular, o tom foi de críticas e insatisfação com a escolha. Escolha que o presidente da CBF, Ednaldo Pereira, negou ter sido tomada. Segundo apurado pela GOAL, a sucessão de Tite é tema proibido dentro da CBF neste momento.
Troque o nome de Mano Menezes pelo de outros ventilados, como Fernando Diniz e até Dorival Júnior, e a reação geral dos torcedores será mais ou menos parecida: haverá críticas e temor por todos os lados, inclusive por parte dos torcedores dos clubes comandados por estes treinadores – que não desejam a saída dos mesmos, uma vez que fazem bom trabalho. Em meio à dúvida sobre quem será o novo técnico do Brasil após a Copa do Mundo de 2022, a certeza é uma só: o escolhido dificilmente vai ter vida fácil após a passagem de Tite.
Não há, hoje, um treinador que seja tão unanimidade para o cargo quanto Tite foi em sua chegada no ano de 2016. O Brasil vinha de mais uma eliminação em Copa América, na edição centenária do torneio, e praticamente tudo o que envolvia o trabalho feito até então por Dunga, em sua segunda passagem no comando da seleção, não agradava. Entre 2011 e 2015, Tite havia acumulado quase todos os títulos possíveis com o Corinthians – levantou de estadual a Brasileirão, de Libertadores a Mundial de Clubes. Passou a ser considerado o maior treinador da história de um clube cuja história é repleta de grandes treinadores.
CBFPela seleção brasileira, o saldo do seu trabalho até a chegada da equipe canarinho ao Qatar também é bastante positiva: 57 vitórias e apenas cinco derrotas em 76 jogos, retrospecto que fica ainda melhor quando tiramos da conta os amistosos para incluirmos apenas compromissos oficiais (36 triunfos em 47 enfrentamentos, com apenas as doloridas derrotas para a Bélgica, nas quartas de final do Mundial de 2018, e para a Argentina na decisão da Copa América de 2021). A equipe de Tite foi praticamente imbatível nas Eliminatórias para Copas do Mundo e conquistou a Copa América de 2019.
Os números de Tite na seleção brasileira falam por si, mas não são apenas eles que depõem a favor do técnico. Você pode ter reservas em relação ao treinador, afinal de contas uma das paixões nacionais é criticar as escolhas que envolvem a equipe canarinho, mas sob o comando do ex-corinthiano o Brasil passou a jogar o seu melhor futebol em muito tempo. Chega para o Qatar tendo empolgado o torcedor e tido como um dos grandes favoritos ao título.
CBFSe voltar com o Hexa, a tarefa do sucessor de Tite na seleção brasileira será extremamente difícil pela comparação estabelecida. Se não voltar com o título em mãos, esta comparação ainda vai existir para alimentar eventuais críticas que irão aparecer. Afinal de contas, nenhum dos candidatos a técnico da seleção brasileira chegaria tão como unanimidade quanto Tite chegou em 2016. O único caso em que nada disso aconteceria seria perante o trágico cenário de uma participação vexatória na Copa do Mundo de 2022, mas além de ser bem difícil, convenhamos que nem mesmo o eventual sucessor de Tite gostaria de tal cenário.
