Marcelo Bielsa Leeds United Premier League trophyGetty/Goal composite

Leeds de Bielsa, o sonho do acesso à Premier League e o "desastre" do coronavírus

O Leeds está no caminho de retornar à Premier League na próxima temporada depois de 16 anos longe da principal divisão do futebol inglês. A sequência de cinco jogos com vitórias e sem sofrer gols ressucitou a campanha do clube que não estava indo bem antes do ano novo. Agora, são sete pontos de vantagem para o terceiro colocado, Fulham.

A primeira divisão inglesa é como uma terra prometida ao torcedores mas para a diretoria do clube isso é encarado como o possível fim de uma situação financeira complicada que é imposta quando se joga a Championship. Mas a paralisação do futebol inglês pode adiar estes sonhos.

"Infelizmente, é um desastre", descreveu Andrea Radrizzani, dono do Leeds, em entrevista ao jornalista italiano Gianluca Di Marzio. "Um clube como o nosso, para ser competitivo, perde entre 8 milhões e 10 milhões de libras (R$ 51 milhões e R$ 65 milhões) todos os anos e ninguém quer manter um negócio que perde dinheiro todos os anos".

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"Esta situação agrava o orçamento. Não ter cinco jogos em casa representa uma perda de cerca de 2,5 milhões de libras (R$ 16 milhões), que é a única fonte de renda já que o dinheiro da TV não entra nesta conta. Essa epidemia agrava a situação, que já é normalmente complicada", analisou.

Radrizzani enfrenta regularmente a falta de incentivos financeiros para os clubes da Championship, principalmente devido ao desinteresse na liga quando comparado a outras segundas divisões do mundo. O status de Leeds como ex-finalista da Liga dos Campeões e a força há décadas no futebol inglês atrai muita atenção de fãs e anunciantes.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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A disparidade dos acordos de TV dos clubes da Premier League e da Championship ilustra essa situação. Clubes que foram rebaixados em 2015 da primeira divisão, como Cardiff City e QPR, ainda ganharam mais de 20 milhões de libras (R$ 130 milhões). O Leeds, por outro lado, faturou apenas 7,7 milhões de libras (9,6 milhões de dólares), apesar de 19 dos 46 jogos da liga terem sido escolhidos para transmissão ao vivo pela Sky Sports no Reino Unido.

"Acho que o modelo da Championship deve ser reconsiderado, porque a rotatividade de proprietários muda constantemente a cada um, dois, três anos", disse Radrizzani, que ganhou milhões comprando e vendendo direitos de televisão para esportes ao vivo, disse em 2018. “Não é realmente um sistema saudável para os torcedores, para os clubes - é porque não é realmente sustentável permanecer na Championship".

Marcelo Bielsa Leeds United 2019-20Getty

O Leeds, é claro, não é o único clube que sente o aperto quando se trata da falta de dinheiro disponível na Championship. Sheffield Wednesday e Derby County gastaram muito nos últimos anos em uma tentativa de ganhar promoção e, tendo fracassado, agora estão tentando ser criativos para garantir que permaneçam à tona.

Com uma conta de salário em torno de 50 milhões de libras (R$ 324 milhões) por ano, o Leeds tem um dos elencos mais bem pagos da segunda divisão. E isso não inclui o dinheiro pago à Bielsa, que é, à distância, o treinador mais bem pago da divisão.

Esta temporada realmente é tudo ou nada para o Leeds United, e a pandemia mundial que provocou a paralisação do futebol em todo o mundo não poderia ter acontecido em um momento pior. Nem mesmo o tradicional dia de futebol, a Easter Monday, poderá acontecer. Ao contrário de alguns clubes abaixo deles, o clube conseguirá sobreviver a esse golpe temporário em suas finanças.

Caso não aconteça a promoção para a Premier League, no entanto, pode causar efeitos catastróficos para um clube que parecia estar tão otimista em questão de semanas.

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