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Raheem Sterling Joe Gomez Manchester City Liverpool 2019-20Getty Images

Inglaterra revive trauma na briga “clubística” de Sterling e Gomez

O Liverpool já havia garantido a vitória por 3 a 1 sobre o Manchester City, no último domingo (10), quando Raheem Sterling se desentendeu com Joe Gomez.

A discussão entre o ponta-esquerda do City e o lateral-direito do Liverpool aconteceu pouco antes do apito final, mas não “ficaria no campo” - como acontece em muitos bate-bocas do esporte. O resultado deixou os Reds com nove pontos de vantagem em relação aos Citizens na ponta da tabela do Campeonato Inglês.

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No dia seguinte Sterling e Gomez voltariam a se encontrar. O defensor acabava de chegar ao CT da seleção inglesa, o St.George Park, e cumprimentava os companheiros de time chamados por Gareth Southgate para enfrentar Montenegro e Kosovo, em duelos válidos pelas Eliminatórias para a Euro 2020.

Como foi a briga

Quando, em pé, Gomez estendeu a mão para cumprimentar Sterling, o atacante disse algo que poderia ser traduzido da seguinte forma: “então você acha que é o f*dão?”. Segundos antes de se levantar, na tentativa de aplicar um mata-leão no lateral, as pessoas presentes na cantina até acharam que o atacante fazia uma brincadeira.

O relato da confusão foi dado pelo site The Athletic, e a briga acabou rendendo a Sterling a sua retirada do grupo que enfrenta os montenegrinos nesta quinta-feira (14). Poderia ter sido pior, uma vez que a primeira reação de Gareth Southgate era a de mandar Sterling de volta para a casa. O treinador mudou de ideia após ser convencido pelos jogadores.

Sterling punido

A situação, contudo, foi tornada pública e a FA (federação inglesa) emitiu um comunicado confirmando a briga e a punição a um de seus principais jogadores.

Houve quem criticasse a postura tanto de Southgate quanto da FA de não terem lavado a roupa suja internamente. A maior crítica veio de Rio Ferdinand, ex-jogador da seleção e ídolo do Manchester United que atualmente trabalha como comentarista na TV britânica.

“Gareth tem lidado com a função de treinador da Inglaterra de forma brilhante - até agora. Contudo, acho que poderiam ter lidado melhor em relação a este incidente. Mantenha entre as quatro paredes e lide com isso internamente, não?”, escreveu em suas redes sociais.

Pois é justamente Rio Ferdinand quem ajuda a explicar um pouco sobre a forma como a FA decidiu agir. No ano passado, em entrevista para a revista Times, o ex-zagueiro relatou o quanto rivalidades clubísticas “mataram” qualquer chance de título para uma das melhores gerações de jogadores ingleses.

“Eu realmente não queria ter contato com eles”

“Em um ano nós estávamos lutando contra o Liverpool para ganhar o campeonato, e no ano seguinte seria o Chelsea. Então eu nunca entrava no vestiário da seleção inglesa para falar com Frank Lampard, Ashley Cole, John Terry ou Joe Cole, do Chelsea, ou Steven Gerrard ou Jamie Carragher, que eram do Liverpool”, revelou Rio.

Ferdinand Ashley Cole Inglaterra 12 11 2019Ferdinand (de costas) discute com Ashley Cole após jogo da Inglaterra (Foto: Getty Images)

“Eu não me abria porque tinha medo de que eles pudessem levar algo de volta para seus clubes para usarem contra nós, para torná-los melhores do que nós. Eu realmente não queria ter contato com eles (...) Aquilo ofuscou as coisas e matou aquela geração da seleção inglesa”.

A Inglaterra em que Ferdinand jogou contava com um grande número de jogadores de renome e qualidade. Além dos citados pelo zagueiro, podemos lembrar ainda de Wayne Rooney, Michael Owen e Carrick, Gary Neville e David Beckham.

O melhor resultado para muitos daquela geração foi a eliminação para o Brasil, nas quartas de final da Copa do Mundo de 2002. O pior momento para todos foi quando o time não conseguiu se classificar para a Euro 2008 - perdeu a vaga nas Eliminatórias após derrota impensável para a Croácia.

Uma nova esperança

England Colombia World Cup 2018(Foto: Getty Images)

Contando com um grupo de jogadores jovens, Gareth Southgate revitalizou a seleção inglesa e, no Mundial de 2018, levou a esquadra dos Três Leões à semifinal. Foi a melhor campanha da Inglaterra desde 1990, que por sua vez havia sido a melhor desde o título de 1966 – o único até hoje do país. Ou seja: um feito raro.

A equipe de Southgate trouxe de volta a esperança de que, nos próximos anos, a Inglaterra enfim será vitoriosa com sua seleção. O time é bom no papel, jovem, e também mostra brio na hora de lutar por questões que ultrapassam as quatro linhas – como no caso do racismo, ocasião em que Sterling acabou se tornando uma referência no mundo do esporte.

Esta obsessão por voltar a ganhar títulos ajuda a entender por que Southgate e a FA decidiram lidar de forma tão dura com a briga de Sterling com Gomez. A Inglaterra olhou para trás em um passado não tão longínquo e decidiu que não quer pensar mais em aceitar a mesma realidade.

"Um dos grandes desafios e também uma das nossas forças é que conseguimos separar as rivalidades dos clubes quando chegamos na seleção. Infelizmente, as emoções do jogo de ontem ainda estavam em alta", disse Southgate em sua entrevista coletiva.

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