A Inglaterra foi o último dos grandes centros do futebol europeu a contar com jogadores brasileiros. Mirandinha, em 1987, entrou para a história ao ser o primeiro tupiniquim a atuar na Terra da Rainha. Foram duas temporadas pelo Newcastle, o suficiente para se tornar ídolo dos Magpies. Os anos e décadas seguintes mostraram que não era tarefa fácil para os brasileiros terem sucesso na recém-criada Premier League. Sabe-se lá por qual motivo.
Juninho Paulista foi o primeiro a atingir um nível grande de idolatria, com o Middlesbrough, mas decepções como Kléberson no Manchester United reforçavam o ponto de que pudesse haver algum tipo de incompatibilidade envolvendo jogadores brasileiros e a Premier League. A última década, porém, acabou com qualquer possibilidade desta teoria rasa ser verdade. E a imagem que melhor representa isso é a de Fernandinho levantando a taça da Premier League 2020-21 pelo Manchester City: o meio-campista é o primeiro brasileiro a ser capitão de um time campeão inglês.
Futebol ao vivo ou quando quiser? Clique aqui e teste o DAZN grátis por um mês!
O triunfo do conjunto treinado por Guardiola fez com que Fernandinho se igualasse a Anderson (ex-United) como brasileiro com mais títulos da Premier League, com quatro conquistas. Esta, de 2020-21, porém, possui todo um simbolismo especial para o brasileiro. Fernandinho, afinal de contas, não foi importante apenas dentro de campo. Também foi decisivo fora dele. Os relatos vindos da Inglaterra mostram que o brasileiro, que herdou o posto de capitão com a saída de David Silva, conseguiu preencher um vazio de liderança que perdurava desde a despedida do zagueiro Vincent Kompany, em 2019.
“Tudo que vou dizer é que estou mais impressionado do que surpreso com a postura dele como capitão. Está liderando o time de uma maneira excepcional, nos bons e especialmente nos maus momentos. É um exemplo para nós. Quando o time tem um exemplo assim, fica mais forte”, disse Guardiola no curso da atual campanha.
Getty Images(Foto: Getty Images)
Se o início dos Citizens na temporada ficou marcado por derrotas e irregularidade (inclusive sofrendo cinco gols do Leicester na segunda rodada), a insatisfação e cobrança interna feita pelo brasileiro tiveram a medida certa para ajudar os atletas a mostrarem que podiam mais. E o título selado com duas rodadas de antecedência, somados ao título da Copa da Liga e a vaga na final desta edição da Champions League, comprova que as cobranças foram justificadas.
O Manchester City mostrou ser um dos poucos times a terem conseguido adaptar sua intensidade em meio ao futebol disputado dentro da pandemia, com um calendário apertado que atrapalha no preparo físico dos atletas e pode aumentar o número de lesões. Pep Guardiola merece crédito enorme pelo seu trabalho.
O zagueiro Ruben Dias recentemente foi eleito o melhor jogador da competição pela associação de jornalistas da Inglaterra, e a última rodada ainda reservou emoção e recordes com a despedida de Sergio Aguero na Premier League. Mas a importância de Fernandinho também é notória, a ponto de fazer o clube pensar em estender o vínculo com o atleta de 36 anos – que termina no final desta temporada. Na goleada sobre o Everton, na última rodada, foi dele os dois passes para os últimos dois gols de Aguero pelos Citizens nos campos ingleses.
Enquanto no Brasil muitos o criticam por sua participação nas últimas Copas do Mundo com a seleção, na Inglaterra Fernandinho tem status de maior brasileiro da história da Premier League. E é difícil discordar disso. Tanto o número de conquistas, quando sua participação dentro e fora de campo pelo Manchester City, são um atestado de sua importância. E a imagem dele, com a braçadeira de capitão, levantando o troféu da competição é a maior ilustração do seu peso histórico no futebol.


