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FC Santa Claus: o time inspirado no Papai Noel que quer trazer o espírito do Natal para crianças e adultos

Da “Coppa del Sole di Mezzanotte”, ou Midnattsolscupen em sueco, muitas coisas podem ser ditas. Dá para começar pelo básico e explicar o que é o “Sol da Meia-Noite”: um dos fenômenos mais fascinantes da natureza, visível apenas nas regiões polares, onde o sol não se põe por um período que pode variar de 24 horas a até seis meses, dependendo da localização geográfica. Ou então citar os times participantes: uma seleção de clubes das regiões mais ao norte da Finlândia, Noruega e Suécia, com a participação posterior também de equipes da Rússia. O olhar pode se voltar ainda ao histórico de títulos: várias equipes suecas, alguns clubes menores russos, um norueguês, o Grovfjord, e um finlandês, em 1994. O FC Santa Claus.

Que não é brincadeira, muito menos fruto da imaginação popular: o FC Santa Claus é algo sério. Não disputa as principais divisões, mas conta com uma estrutura invejável e, acima de tudo, com uma tradição respeitável. Não poderia ser diferente, considerando o seu símbolo: o Papai Noel com uma pena na mão, pronto para escrever uma lista no papel. A lista das crianças malcriadas? Das compras? O nome de um atacante ou de um meio-campista? A escolha, de qualquer forma, não é aleatória.

O clube fica em Rovaniemi, capital da Lapônia e, em termos “oficiais”, a cidade do Papai Noel. Sua história passa longe de ser amadora. Fundado em 1992 a partir da fusão entre Rovaniemen Reipas e Rovaniemen Lappi, terminou em terceiro lugar na terceira divisão finlandesa já em sua primeira participação. Na verdade, as campanhas na Kakkonen (a terceira divisão do país) foram marcantes: em 2010, o FC Santa Claus chegou muito perto do acesso à Ykkonen, a segunda divisão, ao vencer o campeonato, mas acabou derrotado nos playoffs pelo HIFK, de Helsinque. Nada mal.

Os últimos anos, porém, foram bastante turbulentos. Em 2012, o clube declarou falência por causa de sérios problemas financeiros, com dívidas em torno de 20 mil euros. A crise, vale dizer, não faz distinções: nem mesmo se você se chama Santa Claus. O recomeço veio nas divisões inferiores, com altos e baixos, até que na última temporada o time conquistou um acesso impressionante à terceira divisão.

Aliás, foi graças ao uso intenso das redes sociais que o FC Santa Claus se tornou mais conhecido na última década. No fim de 2016, por exemplo, em um dos momentos mais difíceis do ponto de vista esportivo, após fechar acordo com um patrocinador chinês (a Bewin Sports, representada por Marc Gao, que viria a se tornar vice-presidente do clube), a equipe viajou a Pequim para enfrentar uma seleção de celebridades reunidas no “China Doubi All-Stars”. A partida foi vencida justamente pelo time do Papai Noel, que entrou em campo usando o icônico gorro vermelho.

Um ano depois, em 2017, o Santa Claus voltou à China. Afinal, pensando bem, tudo gira em torno das crianças. Se naquela época vocês receberam menos presentes, agora sabem o motivo: o Papai Noel tinha outras tarefas. Dessa vez, esperando o time finlandês estavam Alessandro Del Piero e Michael Owen. E não, os nomes não estão trocados. O jogo foi disputado na véspera de Natal. O árbitro? Nem precisava dizer: o homem da barba branca farta e do traje vermelho.

Nos anos 1990, também houve dois amistosos contra o West Ham e o Crystal Palace de Attilio Lombardo, diante de cerca de 5 mil espectadores. Um recorde.

A novidade mais recente nas redes sociais envolveu a Itália, com o anúncio de uma colaboração com Lea Orifici, fundadora da Sportitalia e torcedora declarada do FC Santa Claus.

O “time do Papai Noel” conta com uma estrutura sólida e ampla: há o time principal, categorias de base, uma equipe feminina e uma de futsal. O ex-treinador Ralf Wunderlich, alemão nascido em 1977, foi por vários anos também o motor do time em campo, atuando no meio-campo, mas também no gol ou no ataque, conforme a necessidade. Um personagem curioso, que cuida com atenção de seu próprio site em três idiomas — finlandês, alemão e inglês — detalhando experiências e ideias. “O futebol não é uma teoria: o futebol é um jogo.” Massimiliano Allegri certamente aprovaria.

Ele cita a “justa medida” aristotélica como filosofia futebolística, mas não pode fazer nada contra a lenda que envolve o clube. Segundo a história, os ajudantes do Papai Noel seriam grandes fãs de futebol e organizariam partidas durante as pausas entre um presente e outro. Tudo normal.

Depois dele, o comando técnico passou para Mika Salmela, que seguirá à frente da equipe também nesta temporada da terceira divisão finlandesa.

Para alguns, o FC Santa Claus é apenas uma jogada de marketing bem-sucedida, especialmente alguns anos atrás. Para outros, é uma forma de homenagear um ícone de um dos períodos mais importantes do ano, além de servir como ponte para a divulgação e realização de diversas ações beneficentes.

Ah, quase esquecemos do lema. “Nunca deixe de acreditar.” No sentido esportivo, dando tudo em campo, e no sentido simbólico. Acreditar em um homem de barba branca espessa e roupa vermelha que distribui presentes pelo mundo. Papai Noel: “o presidente”, ou, se preferirem, “o primeiro torcedor” do FC Santa Claus.

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