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GFX Marco Rose Borussia DortmundGetty Images

Dortmund repete a “estratégia Bayern” e revolta o outro Borussia na Alemanha

A hierarquia dentro do futebol alemão raramente foi tão clara quanto nos últimos dias. Enquanto o Bayern, pouco após a conquista do Mundial de Clubes nesta sua temporada de recordes históricos , contratou o zagueiro Dayot Upamecano, do RB Leipzig , trazendo de volta uma imagem que muitos veem de um clube que tira de quem está abaixo na “cadeira alimentar” da Bundesliga seus melhores valores, o Borussia Dortmund mostrou que não são apenas os Bávaros que seguem esta linha – ainda que nos últimos anos o time de Munique tenha diminuído bastante esta alegada perseguição aos outros grandes talentos do país que não vestem suas cores.

Na última segunda-feira (19), o Borussia Mönchengladbach deu a notícia que nenhum de seus torcedores gostaria de saber: Marco Rose, o treinador que assumiu o clube em 2019, recolocou os Potros na Champions League pela primeira vez desde 2016 e que era esperança de guiar o histórico clube da Floresta Negra a um caminho que o trouxesse de volta a algum tipo de protagonismo na Alemanha, decidiu aceitar uma proposta para ser o treinador do Borussia Dortmund a partir da próxima temporada. O clube aurinegro pagou a cláusula de € 5 milhões e mostrou que a narrativa de vítima perante uma potência maior, no contexto do futebol moderno, muda de acordo com o seu lugar na pirâmide do jogo.

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Vale lembrar: logo após viver o seu último auge, conquistando títulos na Alemanha e brigando até por título em Champions League, na época em que ainda era treinado por Jurgen Klopp, o Dortmund viu o Bayern de Munique aparecer como grande vilão para lhe tirar seus dois grandes jogadores de então: a contratação de Mario Gotze, em 2013, foi anunciada pouco antes da final de Champions League entre Dortmund e Bayern – que seria vencida pelos Bávaros. Robert Lewandowski seguiu o mesmo caminho um ano depois.

Se o Bayern foi atrás de três dos grandes destaques que o Dortmund teve em seus últimos melhores momentos (Lewandowski segue fazendo história em Munique, enquanto Gotze e o zagueiro Mats Hummels ainda voltaram para o lado aurinegro, sendo que o defensor segue no atual time de Dortmund), Marco Rose é o quarto nome que estava valorizado no xará da Floresta Negra e toma o rumo de Dortmund.

Thorgan Hazard Borussia Monchengladbach 2018-19Getty Images Thorgan Hazard, hoje no Dortmund, foi destaque no Gladbach (Foto: Getty Images)

Marco Reus era o grande destaque do Monchengladbach antes de, em 2012, decidir retornar para o Dortmund – clube de seu coração e onde havia feito boa parte das categorias de base. O meio-campista Mahmoud Dahoud fez o mesmo caminho em 2017 antes de, em 2019, a transferência de Thorgan Hazard para o Borussia aurinegro voltar a representar grande frustração para o clube-xará de nome mais complicado. O baque pela saída de Marco Rose, contudo, parece ser consideravelmente maior para o Gladbach.

Desde sua chegada, em 2019, o treinador fez um time de história gigante mas realidade modesta voltar a sonhar. O grupo, composto por jogadores bastante jovens e que começam a ficar conhecidos mais agora, após apresentarem valor em campo, vinha escrevendo um belo roteiro: pela primeira vez neste século venceram duas vezes seguidas o Bayern em duelos realizados em sua casa; bateram também o Dortmund e impressionaram nesta campanha atual de Champions League. Avançaram para as oitavas de final mesmo em um grupo que continha Real Madrid e Inter de Milão. No próximo 24 de fevereiro, enfrentarão o Manchester City pelas oitavas de final do certame europeu.

Marco Rose disse ter aceitado a proposta do Dortmund por causa do desafio. E caso os aurinegros realmente não consigam uma vaga para a próxima edição da Champions, o que pode acontecer, o impacto financeiro tende a obrigar o Dortmund a vender ativos importantes, como Jadon Sancho e/ou Erling Haaland. No Gladbach, uma – também muito possível – não classificação para a próxima edição da Champions não teria efeito tão devastador nas finanças.

Enquanto isso, Rose promete foco total nestes seus últimos dias de Borussia Monchengladbach. Além do mata-mata da Champions, o clube briga, via Bundesliga, por uma vaga nas competições europeias e pelo título da Copa da Alemanha. Nestes últimos dois casos, terá exatamente o Dortmund como concorrente – inclusive com duelo de quartas de final contra os aurinegros pela Copa da Alemanha.

“Apesar da minha transferência, 100% da minha energia de trabalho está aqui. A pressão vinha aumentando, então tive que tomar esta decisão, absurdamente difícil, e aceitar o desafio que me espera no Dortmund”, disse Rose pela primeira vez depois do anúncio de seu novo destino. “Eu estou muito feliz aqui e quero seguir forte até o final da temporada. Sair daqui não foi uma decisão fácil, mas eu tive que tomar para aliviar a situação”.

A promessa que se seguiu foi a de não levar jogadores do Borussia Monchengladbach para o Dortmund e a ciência de que será inevitável não lidar com o descontentamento de uma torcida que tanto vinha lhe abraçando. Uma decepção bem resumida nas palavras de uma carta escrita pelo principal grupo de torcedores do Gladbach.

“Marco, nós mandaríamos construir uma estátua sua no final de seu período conosco”, disse o recado. Ao optar pelo Dortmund em detrimento ao Gladbach, a homenagem dificilmente vai acontecer. Um descontentamento que traduz bastante os efeitos da divisão de forças no futebol moderno.

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