Ralf Corinthians 29 09 2029Getty Images

Corinthians de Tiago Nunes: passe e intensidade explicam saídas de Ralf e Jadson

“A opção por ele não permanecer é por características”, disse o técnico Tiago Nunes em sua apresentação oficial como treinador do Corinthians para 2020. O novo comandante se referia ao volante Ralf, um dos maiores ídolos da história do clube, que apesar de ter renovado o contrato até o fim deste ano não seguirá mais no Parque São Jorge.

Acompanhe o melhor do futebol ao vivo ou quando quiser: assine o DAZN e ganhe um mês grátis para experimentar

A notícia surpreendeu especialmente os torcedores, gratos pela participação do jogador ao longo de títulos históricos de Brasileirão, Libertadores e Mundial, e foi o primeiro grande sinal da intenção de Tiago Nunes em fazer o que Fabio Carille, seu antecessor, não conseguiu em 2019: mudar o estilo de jogo do time, saindo do foco mais defensivo, dependente dos contra-ataques, para um modelo de maior domínio para ter a bola.

Mais artigos abaixo

Questão física pesou para Jadson

Jadson - Corinthians x São Caetano - 20/01/2019(Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)

E não é apenas Ralf que irá se despedir. Boa parte das peças do meio-campo de 2019 não seguirá no Corinthians em 2020: Junior Urso foi negociado com o Orlando City (EUA), Sornoza foi emprestado para a LDU (Equador) e Clayson foi para o Bahia. Aos 36 anos, Jadson não tem mais o físico que, na opinião da nova comissão técnica, é necessário para o novo estilo de futebol.

A reposição dos meias mais criativos veio com a chegada de Luan junto ao Grêmio, aliado à responsabilidade maior sobre os ombros de Pedrinho para a campanha que terá início. Mas se o meio-campo é o setor chave para ditar o futebol de posse de bola aliado à intensidade, que é a forma com a qual Tiago Nunes gosta de aplicar suas ideias, a saída de Ralf é o fator mais emblemático na construção deste novo Corinthians.

Não basta ser apenas um “cão de guarda”

Ralf Esteban Paredes Corinthians Colo Colo Copa Libertadores 29082018(Foto: Getty Images)

Ralf foi o meio-campista mais recuado de um Corinthians que, nos últimos anos, tinha a solidez defensiva como grande força. Seus méritos para os títulos históricos conquistados estão além de qualquer suspeita, mas sua característica de jogo, assim como os 35 anos, decretaram a despedida.

Foco quase total em perseguir o adversário para roubar a bola, pouca participação no passe e chegadas raras ao campo de ataque. Este é um rápido resumo do estilo de jogo de Ralf. Um estilo que não se encaixa, especialmente por causa das ações com a bola nos pés, com o Corinthians de Tiago Nunes.

Cantillo e Camacho: as peças para o meio-campo em 2020

Para mostrar a diferença no jogo de Ralf para o que o torcedor corintiano pode esperar para 2020, levantamos alguns números junto à Opta Sports que traduzem esta questão de diferença no estilo de jogo.

Considerando Brasileirão, Copa do Brasil e Sul-Americana, Ralf trocou menos passes (36 por jogo) até mesmo do que os zagueiros Gil e Manoel (44,8 e 50,3 respectivamente) em 2019. Roubou mais bolas (50) e chegou menos vezes ao ataque em comparação à dupla de zaga.

GFX Ralf Camacho Cantillo 07 01 2020

Na comparação com Camacho, que volta ao Corinthians após duas temporadas emprestado justamente ao Athletico-PR treinado por Tiago Nunes, e ao colombiano Víctor Cantillo, é possível imaginar um meio-campo com jogadores que saibam equilibrar melhor as funções defensiva e ofensiva.

Considerando o Brasileirão 2019, apesar de ter disputados menos jogos do que Ralf, Camacho (29 anos) trocava mais passes por jogo (45 a 36), inclusive no campo de ataque (27,5 a 18,5) e ainda teve aproveitamento melhor nos desarmes (80% a 64%).

Víctor Cantillo também teve aproveitamento melhor nos desarmes (77,5%) no Torneo Finalización da Colômbia, vestindo a camisa do Júnior de Barranquilla, além de ter chegado mais ao ataque, como comprovam os três gols e uma assistência.

A necessidade pela intensidade decretou o fim da história de Jadson no Corinthians e também permeou a saída de Ralf, cuja despedida simboliza de vez a guinada do clube em busca de um novo padrão de jogo.

Publicidade