Dentre todos os gigantes do futebol brasileiro, o Palmeiras talvez fosse, até 2022, aquele cujas categorias de base mais atraíam certo interesse dos fãs de futebol no geral -- além, é claro, do olhar atento de seu próprio torcedor. Aquela musiquinha provocativa, que dizia que o clube nunca havia conquistado uma edição da Copinha, seria a grande motivação para tal: os rivais caçoavam, enquanto os alviverdes queriam conquistar logo uma Copa São Paulo de Futebol Júnior para riscar este trecho da canção. Conseguiram no ano passado e repetiram o feito, agora em 2023, com a vitória sobre o América-MG. Atualmente, não há clube que seja mais símbolo de sucesso em sua base como o Palmeiras.
Se o grande objetivo das categorias de base é servir a equipe principal e render lucros financeiros, o Palmeiras vem colhendo bem os frutos. Tanto em campo quanto fora dele: a venda de Danilo ao Nottingham Forest, por cerca de 20 milhões de euros, é o mais recente símbolo de sucesso. Embora esteja agora no mercado buscando um substituto para o meio-campista, uma missão difícil, os alviverdes ganharam dinheiro e títulos históricos com o jovem. Endrick, já negociado com o Real Madrid apesar de continuar vestindo a camisa palmeirense, rendeu cerca de 72 milhões de euros (quase R$ 400 milhões na conversão) e ainda tem uma pequena fatia de tempo para dar boas lembranças aos seus torcedores. Para a atual temporada, um terço do elenco profissional é composto por nomes revelados pelo próprio clube.
O sucesso da base palmeirense também está escancarado através de títulos. Antes de levantar a taça da Copinha de 2023, o Palmeiras conquistou quase todos os torneios de base sob a chancela da CBF em 2022. Faltou apenas o Paulistão sub-20. Os garotos da Academia de Futebol levantaram troféus da Copinha, Copa do Brasil (sub-20, sub-17), Brasileirão (sub-20, sub-17), Paulistão (sub-17, sub-15) e Libertadores (sub-14). Isso para ficarmos apenas nos torneios mais tradicionais e conhecidos, claro.
Mas nem sempre foi assim, como a musiquinha do “não tem Copinha” nos lembrava até as primeiras semanas de janeiro de 2022. Se hoje tem uma das melhores categorias de base do Brasil (se não a melhor), o Palmeiras colhe os frutos de um investimento que começou a ser feito lá atrás, a partir de 2013. Desde a gestão de Paulo Nobre, passando pela de Maurício Galiotte e agora com Leila Pereira, os investimentos na base são altos e já superaram tranquilamente os R$ 100 milhões.
Os resultados de lá para cá deixam qualquer torcedor satisfeito: desde os grandes jogadores que ganharam espaço nos profissionais, até os valores recebidos pelo clube através de vendas. A trajetória foi longa, mas o plantio gerou frutos nítidos. Se até 2022 o Palmeiras motivava piadas por nunca ter tido um título de Copinha até então, agora os alviverdes somam dois... mas comemoram ainda mais o sucesso do que importa de verdade: os ganhos técnicos e financeiros.