O quarto episódio da série "Arremesso Final" (The Last Dance, em inglês), que conta a vitoriosa trajetória de Michael Jordan no Chicago Bulls, foca em um problema específico da franquia. O Bulls não conseguia avançar às finais da Conferência Leste, principalmente ao enfrentar o Detroit Pistons e as "Regras de Jordan".
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Jordan era quem mais tinha a bola no time do Bulls e acabava sendo presa fácil para o forte time do Pistons, que não deixava o ala-armador subir para a cesta e a expressão "Regras de Jordan", as constantes faltas e marcações pesadas contra o camisa 23, ganhou fama.
Tudo mudou quando Phil Jackson foi oficializado como treinador do Bulls em 1991 e a bola começou a rodar mais entre os jogadores. Jordan continuava a quebrar recordes e o Bulls finalmente começou a ganhar e a construir sua dinastia. Não só Jordan e Jackson foram para o Hall da Fama do basquete, mas também Scottie Pippen.
Avançando até 2020, Leo Messi se encontra na mesma situação de Jordan antes dos títulos. O argentino não consegue dar um passo com a bola sem que dois ou até três marcadores estejam ao seu redor, tornando seu trabalho ainda mais difícil - mas longe do impossível para um dos maiores da história.
Mas diferentemente de Jordan, o craque do Barcelona não tem jogadores ao seu lado para dividir as responsabilidades de carregar o time. O empate por 2 a 2 contra o Atlético de Madrid é um bom exemplo disso. Messi liderou o time em finalizações, dribles e passes para finalizações, mas esteve longe de seu melhor futebol.
Nos duelos individuais contra Renan Lodi, Messi parecia sempre em vantagem, mas Saul e Thomas Partey sempre estavam perto do brasileiro para impedir o avanço do argentino. Mesmo com o gol 700 em sua carreira, o camisa 10 não conseguiu impedir que o empate persistisse e colocasse o Barça longe do título espanhol.
A mudança de técnico em janeiro apenas aumentou a crise: do pragmatismo pouco inspirador, mas eficaz, de Ernesto Valverde, o Barça atua no estilo incoerente e inconseqüente de Quique Setien. Isso sem jogadores que dividam a responsabilidade com Leo, que parece estar cansado deste fardo.
"[Jackson] disse: 'Eu não estou preocupado com você, mas nós precisamos encontrar um jeito de todos os outros melhorarem. Precisamos criar outras ameaças'", relembrou Jordan, inspiração para craques do futebol, em uma fala ao "Arremesso Final", série que motivou Arjen Robben a voltar aos gramados.
Pippen então se tornou uma figura importante para Jordan e os Bulls, que ainda adicionou o polêmico Dennis Rodman para fazer o "trabalho sujo". Outros jogadores foram decisivos em jogos importantes como John Paxson e Steve Kerr. Mas o camisa 23 ainda era a principal estrela e a mais genial.
Era assim com Messi há algumas temporadas. O argentino viveu seus melhores anos ao lado de meio-campistas dominantes como Xavi e Andrés Iniesta. Dani Alves quebrava as linhas com assistências, enquanto David Villa se sacrificava pelo time. E no ataque, Luis Suárez e Neymar dividiam o protagonismo na frente do gol.
Tudo isso se tornou quase que inexistente no Camp Nou. Suárez é o único que ainda está na Catalunha, mas nesta temporada não esteve nem perto de mostrar sua melhor forma e quase nunca foi uma real ameaça para os adversários. Não há um novo Iniesta ou Xavi e todos os substitutos de Neymar não convenceram.
Messi continua encantando seus fãs mas não consegue mais carregar o Barcelona sozinho. O Barça, por sua vez, não consegue dar ao camisa 10 um time que divida a responsabilidade com ele. Aos 33 anos, o "arremesso final" do argentino pode não ser tão feliz quanto o de Jordan.




