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Bielsa dentro, Jorge Jesus fora? Fifa deveria reconhecer trabalho de técnicos fora da Europa

Talvez você nunca tenha ouvido falar de Pitso Mosimane, especialmente se você não acompanhar de perto o futebol africano. Você provavelmente já ouviu falar de Jorge Jesus, mas aparentemente ninguém da FIFA conhece muito sobre os seus trabalhos.

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A lista do The Best com os candidatos a melhor treinador de futebol masculino pareceu um tanto incompleta sem a presença dos profissionais. Jurgen Klopp, do Liverpool, foi eleito o melhor da temporada.

Mosimane e Jesus sequer foram nomeados para a premiação, que contava com nomes como Marcelo Bielsa (Leeds United) e Hansi Flick, treinador do Bayern de Munique que merecia ter vencido, após a brilhante tríplice coroa pelo time alemão.

As ausências dos treinadores em um evento que considerou os nomes de Zinedine Zidane e Julen Lopetegui é um lembrete de que existe vida (e futebol) fora da Europa e de suas grandes ligas.

O foco das premiações no futebol europeu causa desconforto na América Latina e na África. Não há dúvidas de que a Europa é há tempos o centro comercial do futebol, onde estão os melhores jogadores e treinadores, mas nem só de dinheiro e atenção definem os trabalhos mais competentes.

A FIFA faz um trabalho ruim e desatento quando deixa de destacar os trabalhos de treinadores incríveis, que obtiveram sucesso em ligas ou continentes mais distantes de sua sede em Zurique, na Suíça.

A instituição costumava usar o slogan “For the game. For the world” (algo como “Para o jogo. Para o mundo” em tradução livre), palavras que não poderiam ter sido mais contrariadas com a omissão de Mosimane e Jesus na premiação.

Com os Mamelodi Sundowns, Mosimane venceu seu quinto título do Campeonato da África do Sul, o décimo da equipe. Os Kaizer Chiefs lideraram a competição por 22 rodadas consecutivas, mas os Sundowns (apelidados de “Os Brasileiros”) lutaram até o final, conquistando o título na situação mais emocionante imaginável.

Além do troféu nacional, o time também venceu a Nedbank Cup, a versão sul-africana da Copa do Brasil, e também o Telkom Knockout, torneio que inclui os 16 times mais fortes do país.

Após a temporada vitoriosa, “Jingles”, considerado um dos maiores treinadores da história da África do Sul, deixou os Sundowns para assumir o Al-Ahly do Egito, que logo sagrou-se campeão da Liga dos Campeões da CAF (equivalente à Copa Libertadores da África), vencendo o Zamalek, time que Mosimane já havia derrotado na mesma competição em 2016.

Pitso Mosimane celebrates Champions LeagueBackpagepix

Se existe um lugar no mundo onde os treinadores são demitidos o tempo todo, este lugar é o Brasil. Esse foi o ambiente que Jorge Jesus encontrou ao aceitar o desafio de dirigir o Flamengo em 2019, que não poderia ter dado mais certo.

Ao fim de sua passagem meteórica pelo Mengão , Jesus havia ganhado cinco dos seis campeonatos disputados com o clube, assumindo a honrosa posição de segundo treinador mais vencedor da história de 125 anos do time carioca.

O Flamengo de Jesus foi o primeiro time desde o Santos de Pelé (1962) a vencer o Campeonato Brasileiro, Copa Libertadores e o campeonato estadual na mesma temporada. O único troféu perdido foi o do Mundial de Clubes, contra o poderoso Liverpool de Van Dijk, Salah e Mané, em um confronto bastante equilibrado.

Jesus foi o primeiro treinador estrangeiro a vencer um título internacional com um clube brasileiro, o segundo europeu a vencer uma Copa Libertadores como treinador e o primeiro treinador de fora da América Latina a vencer o Brasileirão, tudo isso em uma só temporada.

Gabigol Jorge Jesus Flamengo 04 12 2019Getty Images

Com todos esses feitos, o Al-Ahly e os Sundowns não contam para a FIFA? O Flamengo não é bom o bastante? Quais foram os critérios usados para excluir Mosimane e Jesus da premiação?

Se a tríplice coroa do Bayern foi levada em consideração, por que a do Flamengo não foi considerada? Se a primeira conquista da Premier League do Liverpool em 30 anos pesou na decisão por Klopp, o que podemos dizer sobre a enorme conquista da Libertadores do Flamengo, que levou 38 anos?

O troféu de melhor treinador do mundo tem que levar em consideração todas as ligas do planeta, não só times de ligas ricas da Europa.

A FIFA perdeu a chance de valorizar duas das histórias mais incríveis do futebol, justo em um ano turbulento para o futebol. Trata-se de um erro que provavelmente nunca terão a chance de corrigir.

Hansi Flick, Pitso Mosimane e Jorge Jesus. Estes foram os melhores treinadores do mundo na última temporada, em qualquer ordem que você preferir escolher.


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