Giorgian De Arrascaeta quer ser mais valorizado no Flamengo sob o ponto de vista contratual. E tem razões para isso, além do histórico de atuações decisivas: apenas o uruguaio não teve seus vencimentos aumentados, dentre os heróis que vem conquistando praticamente tudo desde 2019 até hoje. Gerson era o outro que ainda precisava ter seu vínculo revisto, mas acabou vendido para o Olympique de Marseille.
As negociações entre o staff do jogador e o clube seguem. O consenso até agora é de que Arrascaeta deseja seguir no Flamengo e o Flamengo deseja contar com Arrascaeta. Mas ainda que concorde que o uruguaio mereça valorização, assim como já aconteceu com Gabigol e Bruno Henrique, por tudo o que vem fazendo de maneira constante, o clube carioca tem a seu favor um contrato bem amarrado que só expira em 2023. E negocia com paciência a questão com o ídolo uruguaio.
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A esperança do meia e de seu staff era pela chegada de uma oferta para servir como argumento de peso nesta negociação. Segundo o jornal O Globo, o Rubro-Negro, detentor de 75% dos direitos de Arrascaeta, só o negociaria caso uma oferta de pelo menos 25 milhões de euros fosse oferecida – e ainda de acordo com o jornal, uma proposta que era esperada do oriente médio ainda não apareceu. E levando em conta tudo o que o uruguaio vem jogando com a camisa 14 do Flamengo, é impossível não se perguntar: e por que nenhum clube de destaque da Europa apareceu interessado em sua contratação?
A indagação causa calafrios naturais à torcida do Flamengo. Mas se Arrascaeta é considerado um dos melhores jogadores em ação no Brasil e na América do Sul, e ainda não chegou na faixa dos 30 anos, é normal imaginar se ele teria espaço em algum dos clubes mais importantes da Europa – sejam eles potências esportivas do presente ou até mesmo aquelas camisas tradicionais, cujas ambições hoje passam mais pela disputa de vagas em torneios continentais em meio à esperança de beliscar um título aqui ou ali. Para alívio dos rubro-negros, o perfil das contratações feitas por estes clubes europeus parece deixar Arrascaeta como carta fora deste baralho.
Flamengo/DivulgaçãoArrascaeta é líder de assistência no Fla de 2019 até aqui (Foto: Marcelo Cortes/Flamengo)
É difícil entender, de primeira, como um craque como Arrascaeta não atraiu olhares dos principais times do Velho Continente. Mas a resposta é, de forma bem resumida, simples: justamente a sua situação contratual, com multa rescisória, aliado à idade. Ainda que o uruguaio, aos 27 anos, viva o que convencionalmente considera-se a “idade do auge esportivo”.
Para ajudar neste exemplo, vale citar alguns clubes que poderiam mexer com a vontade de Arrascaeta (e de qualquer outro jogador profissional) em deixar o Flamengo, maior potência econômica da América do Sul, para se aventurar do outro lado do oceano. Barcelona, Real Madrid e Atlético de Madrid na Espanha; clubes do chamado “Top-6” da Premier League inglesa; Lyon, Marseille ou PSG na França; os três gigantes da Itália além das equipes de Roma e eventualmente até uma Fiorentina; os três gigantes de Portugal e, por que não, um Bayern ou um Borussia Dortmund na Alemanha.
Nenhum dos últimos reforços que saíram da América do Sul contratados por estes clubes nos últimos anos tem o perfil “multa de transferência + idade acima dos 25 anos”, caso de Arrascaeta. A última exceção a esta regra, levando em conta os clubes citados parágrafos acima, foi a contratação de Hernanes pela Lazio. Onze anos atrás. Em 2010 a equipe celeste da capital italiana pagou cerca de 13,5 milhões de euros pelo meio-campista do São Paulo (hoje no Sport Recife), que então tinha 25 anos. O zagueiro Miranda chegou ao Atlético de Madrid, em 2011, com 27 anos, mas seu contrato com o São Paulo havia expirado e não houve taxa de rescisão a ser paga. Em relação a Benfica, Sporting e Porto, hoje o Flamengo é um clube que consegue se proteger mais em relação a eventuais tentativas.
GettyEm 2010, a Lazio gastou quase € 14 milhões em um Hernanes de 25 anos (Foto: Getty Images)
Qual o perfil buscado por estas equipes europeias? Jogadores jovens. Cada vez mais jovens. E ainda que não seja uma regra escrita, o exemplo de Hernanes mostra que cada vez menos podemos ver atletas com mais de 25 anos saindo da América do Sul para estes grandes clubes europeus. A não ser que saiam “de graça”, o que está longe de ser o caso de Arrascaeta. A solução, aí, é esperar por alguma oferta de clubes do chamado mundo árabe – para onde os jogadores vão mais pelos valores financeiros do que pelos desafios esportivos.
Gerson, que deixou recentemente o Flamengo para defender o Olympique de Marseille, tem 24 anos. E Pablo Marí, que deixou o Flamengo pelo Arsenal em 2020? A situação que envolveu o zagueiro espanhol é uma exceção. Mas vale lembrar que Marí foi lapidado como jogador europeu, é europeu, o que é importante para tais clubes além-mar, e chegou a estar no radar do próprio Manchester City.
Quando o Cruzeiro foi campeão da Copa do Brasil em 2018, último ano de Arrascaeta em Belo Horizonte, o uruguaio tinha 24 anos – o que pode ser visto atualmente como uma espécie de “idade limite” para atrair olhares dos principais clubes europeus. O acerto com o Flamengo veio no ano seguinte e a parceria tem dado certo para os dois lados: o Rubro-Negro tem um craque que decide jogos com regularidade impressionante.
Giorgian De Arrascaeta só não marcou mais gols do que a dupla Gabigol e Bruno Henrique (foram 39 tentos do uruguaio) e é líder de assistências (44 até aqui) desde 2019 até aqui. E desfruta do status de já ser um dos maiores da história do Flamengo... por quem ainda tem motivos para acreditar que pode escrever novos capítulos gloriosos para aumentar sua idolatria – o que, convenhamos, é muita coisa.


